Capítulo 27 - A Bala

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Andrew abriu seus olhos e sentiu um arrepio lhe percorrer pelas costas, sua visão ficou turva e seu corpo cambaleou para o lado. Era essa a sensação de sentir a sua morte? Ele apenas encarava aquele homem ainda emergido no escuro, camuflado como um fantasma que agora havia o acertado com um tiro. Foram dois segundos muitos mais rápidos do que o normal, seu corpo sentiu o impacto, seu ombros se moveu poucos milímetros para o lado e quando abaixou a cabeça para olhar a si mesmo a mancha de sangue já era evidente.  

Andrew finalmente caiu no chão de barriga para cima, mesmo que seu coração não tivesse sido o alvo era bem ali que estava doendo agora, ele sentia seus olhos lacrimejar, sua boca secar e faltar as palavras. O assassino agora com o revolver abaixado caminhou em sua direção, abaixando o suficiente para conseguir olhar em seus olhos assim como da primeira vez. Era essa a sensação de encarar a morte? Andrew continua apenas pensando nisso. 

— Talvez sinta seu corpo formigando agora. — o homem finalmente quebrou o silencio. — Desculpe, dessa vez eu não queria ser direto e acertar um tiro em sua cabeça. — ele encarava o ferimento no ombro do rapaz e levou seu dedo até o local atingindo e começou a apertar e Andrew gritou pela dor. — Desculpe isso doeu? Eu não senti nada. — o homem levantou minutos depois rindo daquela situação. 

— Por que? — disse Andrew com muita dificuldade 

— Antes de te matar definitivamente eu vou te revelar a história....— ele olhou para o garoto no chão. — Só é o tempo suficiente até você começar a perder muito sangue e a consciência. 

— Agora quem falar? 

— Então... — o homem o ignorou e começou a encarar a vista da ponte. — Você estava certo sobre algumas coisas, eu não mataria seu pai ou sua família só por causa de uma traição boba certo? Ele me serviu muito bem ainda vivo eu tinha muito dinheiro enquanto ele me manteve por perto, o problema de pessoas como ele é que quando os segredos sujos começam a feder eles decidem que é hora de eliminar as pessoas. — ele parou olhou para a arma e apontou na direção do nada. — Lembro como se fosse hoje quando eu atirei pela primeira vez, sabe...— ele olhou rapidamente para Andrew. — Eu tinha a sua idade mais ou menos, estava na faculdade era apenas um zé ninguém, seu pai sempre foi muito popular, cheio de amigos, sempre com dinheiro, era divertido quando andávamos juntos eramos invencíveis. 

— Vocês dois já eram babacas nessa época? — Andrew ainda tinha senso de humor naquela ocasião. 

— Aish.... — ele o empurrou levemente com seu pé. — Escute a história. — ele prosseguiu. — Robert era já um líder nato desde muito jovem todo mundo sempre viu potencial nele, só que o problema sempre foi a família esse problema de ser um homem sem princípios ele herdou de seu avô sabia?  — ele soltou um riso. — Eu tinha tanta inveja dele, queria ter a vida que ele tinha, a riqueza, o poder o ato de mandar e desmandar nas pessoas, o poder de persuadir os outros, seu pai construiu uma empresa porque manipulou muitos para se colocar no topo. 

— E o tamanho da sua inveja não foi o bastante para simplesmente assistir? 

— Não. — o homem agora se aproximou novamente. — Eu tentei levar uma vida digna, morar no subúrbio tem uma família tradicional, só que o problema é que seu pai sempre soube como me encontrar, como pedir favores, como esconder as coisas por debaixo dos panos. Admito que o motivo de acabar com a vida dele foi por ódio mesmo, eu estava cansado de acordar todos os dias e ver ele em um noticiário, nas manchetes do jornal, nas revistas, em todos os lugares. 

— Ele te deu tanto dinheiro porque não fugiu? — Andrew parou por um momento para cuspir, estava difícil se manter concentrado. 

— Eu quis pelo menos por um tempo quando conheci a mãe da Katy, ela era uma boa esposa no começo. — ele coçou a cabeça. — Só que no momento em que você conhece o caminho errado da vida isso começa a te atrair, comecei a me entregar para a bebida e fiquei violente e depois começou os crimes pequenos até que atirei em um cara em uma briga de bar e isso sujou minha ficha. Pedi ajuda de seu pai na mesma hora e sabe o que ele fez? 

— O que?

— Me demitiu. — ele começou a rir debochando de si mesmo. — Aquela situação foi realmente constrangedora, eu achei que estávamos tendo uma relação de parceria já que seu pai ficava dando presentes para minha esposa e eu me mantive calado. Fiquei frustrado e comecei a apelar, tirava fotos de todos os casos dele e enviava por correspondência para casa dele, passava trotes na empresa, o seguia as vezes de carro para deixa-lo assustado e foi quando ele começou a sentir medo de mim e eu entendi... — o homem tocou novamente na ferida no ombro de Andrew. — Eu entendi que ele não tinha mais controle sobre nada, sobre mim e sobre as merdas da vida dele e quando finalmente ele se aposentou eu só precisei executar meu plano. 

— Então.... — Andrew sentia ele mexendo em seu ombro e tentava se mover rastejando no chão. — Foi isso que o motivou? Queria apenas punir alguém o qual passou a vida toda sentindo inveja só pelo fato de ele ser o homem mau? 

— Parece ser pouca coisa para você agora não é? — ele colocou novamente a arma próximo do rosto do garoto. — O que você tem a reclamar de um pai que sempre te deu tudo do bom e do melhor certo? Ele na verdade tinha uma sorte grande com uma família como essa, uma esposa calada para tudo que ele fazia, filhos soldadinhos que marchavam conforme as ordens dele, um trabalho construído por uma grande máfia e a mídia toda sendo paga para falar boas coisas dele. Nossa realmente era o papai perfeito não é? Quem é o homem mau aqui? Sou eu certo? 

— A carapuça lhe serviu muito bem. 

— Acho que o tempo de conversa acabou. — ele se levantou apontando a arma para sua cabeça. — Você me foi útil nesses últimos anos eu já estava entediado sem saber o que fazer, dai você conseguiu provar sua inocência se mostrou muito mais competente do que seu pai e isso me despertou uma curiosidade. 

— Você só encontrou uma outra forma de continuar com sua psicopatia... 

— Pode até ser. — ele sorriu. — Você foi um ótimo alvo é um grande desperdiço pessoas como você na sociedade e não precisamos de mais ninguém dessa família para manchar o mundo. 

— Você é um doente! — Andrew gritou e conseguiu força o suficiente para dar uma rasteira no homem que caiu no chão logo depois, fazendo com que o revolver fosse lançado alguns metros de distância. 

— Maldito! — ele tentou levantar com agilidade e deu um chute no peito de Andrew para impedi-lo de levantar, Andrew por sua vez grudou as mãos em suas pernas e conseguiu atingi-lo em seus órgãos fazendo o homem recuar. — Filha da mãe..... 

Andrew levantou com muita dificuldade estava com a visão quase escura, cambaleou até chegar perto do objeto brilhante no chão, sua tentativa foi falha novamente já que o assassino passou os braços por volta de seu pescoço agora tirando todo o pouco ar que lhe restava para respirar. Os dois caíram no chão e Andrew começou a tentar soca-lo mesmo que falhasse, mesmo que realmente não estivesse mais com força até seu corpo parar de se bater e o homem o soltar. 

Sang Yun pegou o revolver estava ofegante, seu rosto pingava pelo suor a essa altura o capuz não estava mais em seu rosto, agora nitidamente seu rosto era visível em meio a pouca luz daquele lugar , ele precisava atirar mais uma vez, ele precisava acertar diretamente no meio de sua testa, ele tinha certeza que poderia matar Andrew agora e nada mais importaria. O mesmo apontou o revolver ajustando sua postura e colocando um sorriso maquiavélico em seu rosto, seu dedo se endireitou ao gatilho. 

— Não! — alguém bateu em seu braço de forma brutal e o revolver caiu novamente. 

O barulho da sirene finalmente foi anunciado e quatro policiais pularam para segurar aquele homem. Parada ali completamente ofegante estava Katy, encarando finalmente o rosto por trás das ameaças e ataques constantes, o mesmo rosto que fora familiar na infância agora ela torcia para que tivesse seu devido destino. 

Sang Yun foi detido naquele mesmo instante as exatas onze e trinta da noite de sábado na ponte vicent, após uma tentativa de homicídio contra Andrew Evans. No local foram encontrados junto deles uma arma com suas digitais, dois celulares os quais portava com as mensagens enviados como chantagem e um mapa de toda a estrutura do local. Aquele momento parecia que tinha ocorrido em câmera lenta, enquanto era levado para dentro da viatura Katy ficou o encarando com desprezo e nada foi dito, nenhum palavra sequer foi trocada entre eles e ela conseguiu respirar aliviada por salvar Andrew mais uma vez. 

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