*nota: o capítulo seguinte se passa em algum momento entre a saída de jeongin do hospital e o seu reencontro com hyunjin.
O que não se ouve
Há algumas coisas que não podemos ouvir, mas sabemos que estão lá, que existem e que trabalham para que haja o equilíbrio. Um exemplo do que não ouvimos são nossas próprias ideias, não realmente usamos a audição para sabermos o que pensamos, elas apenas brotam e sabemos que estão ali.
Jisung não sabia explicar o que sentia por minho, não tinha gosto, não tinha cheiro, textura, ou até mesmo som, mas ainda sim soava como uma música confortável que fazia seu peito explodir naquela sensação gostosa de amar.
Neste momento, estava aninhado ao peito do namorado, assistiam um filme abraçados no sofá sozinhos, como em todas as noites desde o acidente que dizimou a paz naquele dormitório.
Chris havia acabado de terminar com a namorada e tentava se ocupar ao máximo com a faculdade, estava cursando música, assim como jisung, mas pela sua idade, já estava no último semestre e usava isso como desculpa para passar o dia no estúdio.
Changbin e felix haviam assumido o namoro e viviam na cola um dooutro, fazendo todo tipo de boiolagem que se pode imaginar. Seus amigos gostavam de os verem assim, passaram tanto tempo morando numa insegurança sem fim, que os ver achando o lar um no outro era incrível. Não eram almas-gêmeas como jisung e minho, mas completavam um ao outro de uma forma inexplicável.
Seungmin estava passando muito tempo fora de casa, ou estava na faculdade, ou com jeongin e muito tempo vindo e voltando da cidade da namorada, jisung acreditava que estivessem prestes a terminarem ou que já tivessem terminado. Para falar a verdade, por algum motivo essa crise pessoal havia aproximado ele de chris, minho dizia que ele precisava de alguém para conversar e acabou achando paz no alter-ego psicólogo de chris, mas han podia apostar que era algo a mais.
Hyunjin era um caso mais sério, estava na casa dos pais, evitando qualquer contato que pudesse o expor à jeongin, ele seguia à risca o pedido do mais novo de não receber notícias suas e isso cansava, tanto aos amigos quanto a ele próprio. É claro que às vezes os garotos quebravam essa barreira e davam um jeito de conversar com ele, ao menos um pouco. Pelo que ouviu dizer de yeji – que por acaso havia se aproximado deles – essa experiencia do hwang havia o aproximado mais de ni-ki, podendo passar mais tempo com o irmão e isso era até bom.
De qualquer forma, jisung vinha se sentindo deveras deprimido, amava a companhia do namorado, mas sentia vontade de sair com os amigos, de viver algo além da rotina estressante de universitário.
Minho segurava bem as pontas, tinha total noção do estado de seu companheiro e fazia de tudo para animar ambos, mas ele mesmo parecia estar cansando. Se perguntava se um dia as coisas voltariam ao normal e ele poderia voltar a ver o namorado sorrir como antes. Ele amava seu sorriso.
O observou sobre si, sabia que ele estava ouvindo seus batimentos, fazia isso quando estava nervoso, era adorável, mas significava que no momento ele estava pensando demais e minho sabia o que acontecia depois disso.
- ei bebê – o chamou a atenção, mesmo que ele não houvesse se virado para si – o que acha de minsung?
- como assim? O que é isso?
- o nome do nosso filho
Exclamou como se não fosse nada, mas fez jisung dar um pulo no sofá, lhe encarando, agora sentado ao seu lado.
- o quê? Do que está falando? – riu nervoso
- seria um bom nome, caso tivéssemos um filho
- ora, lee minho, que assunto mais... – riu, voltando o olhar para TV ao pôr a cabeça no ombro do mais velho – e esse nome é péssimo
- não é nada! É a junção dos nossos nomes, é brilhante! – fez o garoto rir
- é feio – observou minho fazer uma careta um tanto fofa – o que acha de jihoon?
- só porque tem sua inicial? Sem chance – cruzou os braços – prefiro... minwoo! É um nome lindo, admite vai
- você é muito convencido!
- tá, mas estamos apenas falando nomes masculinos, e se for uma menina?
- minho, o nome não importa e sim a forma como o trataremos, como elu achar melhor
- elu?
- sim, tipo, e se nosso bebê não se identificar nem como menino ou menina? – o lee ficou pensativo com a pergunta do namorado – temos que nos abrir para qualquer possibilidade, nosso bebê merece crescer em um lar onde ele terá a certeza de que será aceito como for, não importando a orientação sexual, o gênero, a religião que escolher, e se escolher, ou qualquer outro fator social e pessoal que ele possa carregar, ele, ela, elu ou como preferir ser tratado, vai ser muito bem aceito por nós e esse é o importante
Minho lhe olhava com os olhinhos brilhando, como merecia um homem como aquele? Ele pensava em tudo, se importava com o sentimento de cada pequeno ser vivo e fazia tudo com tanto afinco que era lindo de ver. Tudo sobre jisung fazia o coração do lee palpitar como na primeira vez, como se pudesse voltar no tempo até o momento que botou os olhos nele e ignorou o sentimento gostoso que o consumiu, ou aquela vozinha, que mesmo que não pudesse ser ouvida, lhe disse “tá vendo esse garoto? Ele é sua maior sina, o amor da sua vida”.
É claro que de primeira tudo pareceu besteira, como aquele idiota usando cueca de personagem e assistindo anime poderia ser sua metade? Era ridículo pensar que o universo lhe guardava tão pouco. Ele só não sabia que naquele corpo pequeno de um adolescente bobão, haveria um homem inteligente, engraçado, gentil e incrível que fez ele se apaixonar perdidamente.
Era para aquele mesmo homem que ele olhava agora, amava tudo em si, mas amava principalmente a forma como ele lhe olhava, os grandes olhos brilhando para si, aquelas bochechas fofinhas infladas com o sorriso linear de uma criança que espera um tapinha na cabeça e um “estou orgulhoso”.
- você é o homem mais maravilhoso que eu já conheci, han jisung – disse num suspiro
- não fala assim que eu fico boiola – sorriu sem jeito
- é sério, a gente realmente podia ter filhos né? Você seria um pai incrível e formar uma família, seria tudo tão...
- ei ei, se acalma ô pai de família, por que estamos falando sobre ter filhos? – segurou as mãos do namorado que gesticulava animado, lhe fazendo um carinho singelo
- porque eu quero ter filhos com você, jisung
- não acha que somos muitos jovens? Esse ainda é meu penúltimo ano na faculdade, isso poderia atrapalhar nossos planos e não teríamos chance de sermos atenciosos o suficiente com a criança...
- você tá certo... – pensou um pouco, jisung soltou um suspiro, deitando a testa em seu peito – e se a gente casar?
- QUÊ? – mais uma vez se assustou com a proposta
- é isso! Casa comigo, han jisung? – pegou suas mãos sorrindo
- por deus! O que deu em você hoje?
- jisung, presta atenção, o que aconteceu com o jeongin e o hyunjin me fez perceber que a gente não pode ficar nessa de esperar o tempo, porque o tempo não espera por nós! Eu quero ser seu e quero que seja meu, quero que seja oficial, quero poder esfregar na cara do mundo que eu sou seu marido e que eu sou o homem mais sortudo do mundo por te ter ao meu lado
Agora tudo fazia sentido, assim como ele, minho estava assustado e nervoso com o caso que havia acontecido entre o yang e o hwang. Era trágico, mas não era o fim, nem para o casal jovem e nem para eles mesmos, não significava que aconteceria com eles.
O coração de jisung estava acelerado como um trem bala, sua face queimava como mil sois e ele não sabia o que fazer com o tremor nas mãos. Tudo parecia estar indo tão rápido.
- minho, não podemos... – respondeu num fio de voz
- vocênão quer se casar comigo? – seus lábios se viraram para baixo como em um desenho animado
- não foi o que eu quis dizer, me escuta, meu amor – pôs então as mãos em ambos os lados do rosto do namorado
Passou a ponta do indicador pela testa do lee, a fim de tirar dali a franja. Com o espaço livre, lhe estendeu um selar demorado na área, parando no topo da cabeça para sentir o cheiro de seu cabelo, amava aquele cabelo. Voltando a mão ao lado do rosto do mais velho, lhe acariciou a bochecha com o polegar, direcionando lhe um sorriso cumplice.
- você sabe que eu te amo,não sabe lee minho? – seu namorado concordou – pois é, eu te amo hoje mais do que amei ontem, e vou te amar ainda mais amanhã pois vou ter descoberto mais um pouquinho sobre você, te amo como te amei em todas as minhas vidas passadas e como te amarei na próxima, te amo mais do que os astros poderiam explicar e mais do que o universo planejou, é impossível amar alguém tanto assim, mas cá estou, te amando como icaro amou o sol
- mas icaro morreu ao se aproximar do sol...
- o amor é perigoso, meu bem, e mesmo assim isso não é o suficiente para me afastar de você, porque eu sinto isso de dentro para fora e não poderia ignorar. Eu entendo que queira oficializar isso, casamento é um passo importante em um relacionamento como o nosso, mas não é essencial, afinal, é apenas um papel. Eu te amo como vou continuar te amando, com ou sem um papel bonito com nossas assinaturas e meu nome com o seu sobrenome, eu não preciso disso para ter certeza de que você é meu e eu sou seu, tudo bem?
Minho passou alguns segundo em silencio, encarando as próprias mãos na cintura de jisung.
- lee jisung soa bem... – arrancou um riso do namorado, que colocou a testa sobre a curva de seu pescoço
- é, soa bem – sorriu – han minho também não soa mal
- é, mas lee minsung fica melhor do que han minsung
- de novo isso? – riu fraco ao sentir o namorado lhe beijar o pescoço – é um nome péssimo, amor
Ficaram ali mais um tempo, abraçados enquanto assistiam aquele filme que era sinceramente péssimo. Em algum momento, um dos múltiplos selinhos que trocavam simplesmente não findou. Pelo contrário, ele intensificou e se tornou necessitado.
O lee sabia que estava completamente perdido quando, de cima de seu colo, jisung mordeu o lábio inferior, lhe direcionou um olhar simplesmente profano, que ambos sabiam o que significava.
Não sabiam como ou quando, mas em momento estavam no sofá trocando caricias e no outro, minho prensava jisung contra a parede do quarto, o segurando pelas coxas quando o menor enroscou as pernas em volta de si. O beijo afoito friccionava o membro de jisung contra o corpo do lee, lhe causando um gemido baixinho.
Sabiam que era assim que começava, com beijos manhosos e mãos bobas. Também sabiam como terminavam, com o han com ambas as mãos agarrando os ombros de minho que lhe fodia com uma maestria de outro mundo.
Não importava quantas vezes fizessem isso, o mais velho cuidava de si desde a primeira vez. Depois que terminavam, ele lhe dava banho enquanto trocavam caricias, depois trocavam os lençóis e ficavam ali naquela cama o resto da noite, entre beijinhos, conversas sem rumo e algumas risadinhas sem porquê.
O lee acariciava os cabelos de jisung como se fossem a última nuvem fofinha dos céus.
- ei ji – o fez olhar para si diretamente – eu entendi muito, eu concordo e te amo milhões, não me importam os papeis e os sobrenomes se eu puder estar com você, porque eu já sou feliz o bastante só por poder ver seu rostinho todos os dias – jisung sorriu envergonhado – mas eu não estava brincado e, se você quiser, a gente, sabe... nós podíamos realmente tentar um filho, o que acha?
Han olhou para si, depois para as próprias mãos, às pernas que se entrelaçavam e voltou o olhar ao namorado.
- você realmente quer tentar algo assim? É uma grande responsabilidade, tipo, uma criança, seriamos responsáveis por uma vida, uma educação, teríamos de ter muita responsabilidade, noção, e principalmente, tempo a ser dedicado aquele pequeno ser, que merecerá todo o nosso amor, então eu vou repetir, quer realmente tentar?
- você quer? Eu aceito tudo o que você propor, meu amor – não parou o carinho por um segundo sequer
- o que acha de esperarmos um pouco? Estamos na metade do semestre, no próximo eu já conversei com meus pais e eu posso ficar com o apartamento deles daqui de seul e...
- você se resolveu com seus pais? – seus olhos brilharam quando han concordou – meu Deus, ji, isso é incrível! Estou orgulhoso!
Beijou o topo de sua cabeça, jisung se virou e deitou com o corpo sobre o seu, de forma que puderam se abraçar e ficar ali.
- o que eu dizia era que poderemos ter nosso próprio lar e então poderemos fazer isso direito, sabe?
- então vamos ter um bebê?!
- ei, estou dizendo que podemos pensar sobre isso, se acalma – riu da face do namorado
Minho passou a apertar mais jisung, lhe espalhando beijinhos por toda a face e dizendo para Deus e o mundo ouvirem o quando o amava.
De qualquer forma, não precisava muito ser dito, eles sabiam o que sentiam um pelo outro, estava claro pela forma que agiam, que se seguravam, que se olhavam, eles sentiam que faziam parte um do outro e ainda havia aquela vozinha que lhes dizia “sim, ele é o amor da sua vida”. Não importava de onde ela vinha, apenas que estava ali, marcando presença, sendo aquele sentimento gostoso, a vozinha que não se houve, mas que sabe que está ali.Total de palavras: 2325 palavras.
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What You Can't Cover
Storie d'amoreViver no ciclo das almas-gêmeas sem conhecer a sua própria alma gêmea era um shot de desesperança para Yang Jeongin, um jovem de 21 anos que já não acreditava mais que pudesse achar a pessoa com quem compartilhava esse laço e ter uma marca, se torno...