O início de uma lenda

Planos Obscuros

Mya recobrava a memória lentamente, seus olhos ardiam por causa da luz extremamente forte direcionada para o seu rosto, sua nuca estava dolorida, sentia os braços e pernas adormecidos, até que percebeu que estava sentada em uma cadeira e esses estavam amarrados, sua boca amordaçada estava seca, olhava uma jarra de água na mesa a sua frente desejando-a. Parecia estar em um armazém ou algo parecido, estava deserto, sem mobília a não ser pela cadeira que estava sentada, a mesa e três carros sedan pretos estacionados no fundo.

-Vejo que acordou- a voz lhe deu arrepios, era uma voz grossa, irreconhecível e que só de ouvi-la sentia medo- Seja boazinha e prometemos que não matamos você- da escuridão de um ponto do armazém mal iluminado saiu um homem com estatura média, todo vestido de preto, no rosto tinha uma máscara veneziana cheia de adornos e pintada nas cores branca, azul e dourado, que cobria o rosto inteiro-não podia reconhecer quem a ameaçava-, tinha um sorriso malicioso, como se estivesse rindo da situação da garota. Simplesmente assustadora. Os sinos na parte superior faziam um barulho irritante a cada passo que este dava, nunca havia gostado daquele tipo de máscara, engoliu seco.

- Não diga isso à garota- a voz agora era outra, era distorcida, irreconhecível tal qual era a outra, mas essa era feminina, olhou para o lado e um individuo com o mesmo estilo de roupa do outro se aproximava, possuía a mesma máscara- Não podemos dar a garota falsas esperanças.

Com essa fala risadas sombrias foram ouvidas e depois Mya estava rodeada por um grupo de pelo menos cinco pessoas com máscaras e roupas iguais, seu coração batia mais forte, a respiração se tornou mais rápida, queria gritar, correr para bem longe dali.

***

A mansão dos Griffiths, após a saída de todos os convidados, encheu- se de guardas e aurores. Ninguém a não ser os garotos, Lílian, os empregados e os aurores sabia do acontecido. Em alguns momentos, a garota, escondida, ia até o banheiro e chorava baixinho lembrando todos os momentos felizes que tivera com a amiga. Ainda se lembrava da expressão de pavor no rosto de Sophie, no seu olhar vazio e no sangue, na quantidade absurda de sangue que tinha no local. O vestido da garota que antes era bege estava totalmente vermelho, suas orelhas estavam rasgadas, como se alguém tivesse arrancado os brincos a força. A lembrança fez revirar o estômago dela, mas não tinha como vomitar, desde a madrugada não comia nada.

Uma batida na porta a fez parar, limpou o rosto e abriu, era Tiago.

- Lily, eles querem seu depoimento agora, quer que eu diga que dará depois?

-Tudo bem, Tiago, eu vou, não vou ajudar muito já que não lembro o que aconteceu. Encontraram mais alguém?

-Não, Ella, Annabelle e Mya continuam desaparecidas - ele analisou a face da garota, estava cansada, triste, preocupada e desolada- Sinto muito.

Dirigiu-se até a sala de música, alguns aurores estavam lá e pararam de falar assim que viram a garota entrar no cômodo. Antes de ir para lá trocara de roupa, tirara aquele vestido de baile e colocara um jeans, uma blusa regata branca lisa e um cardigã bege.

-Senhorita Evans, ótimo vamos começar, por favor, sente-se aqui- um homem alto e magricela com um tweed marrom a dirigiu até seu local- Poderia nos contar o que aconteceu na festa da noite passada?

-Não me lembro muito bem, senhor- nem havia notado que já era manhã, as horas passaram-se muito rápido- Estávamos todos na festa, era quase meia noite e subimos no palco, Ella queria fazer um brinde e acabar com a brincadeira das máscaras, ideia da Sophie- seus olhos se encheram de lágrimas, uma moça no canto da sala foi até ela e lhe deu um lenço, após secar as lágrimas prosseguiu- Ao badalar da meia noite as luzes apagaram e senti algo puxando meu braço enquanto tapava minha boca, o último fato que eu me lembro é de uma máscara, o homem que me atacou usava uma máscara sinistra veneziana que possuía um sorriso sombrio e sininhos na parte superior parecido com os chapéus dos bobos da corte.