Capítulo 7

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  Acho que eu estou cada vez mais fadigado das reuniões do grêmio estudantil com a direção. Às vezes, ser o líder do grêmio é um tanto que cansativo e eu sinto uma leve pressão posta em mim. Sinto até mesmo vontade de desistir.

  Eu tenho sorte de Alexia me ajudar com isso, ela é uma ótima vici-lider, às vezes até mais líder do que eu. Seus cabelos estão soltos hoje, geralmente ela costuma prender seus cabelos loiros escuros, mas quando soltos dão mais destaque ao seu rosto retangular mostra uma seriedade.

  — Outra vez o time de futebol vindo pedir bolas novas. A escola já não comprou essas bolas? — eu pergunto indignado, olhando as reclamações dos alunos.

  — Sim, compraram há sete meses — Alexia fala, olhando para as suas anotações.

  — Quem que reclama do sanduíche de atum no intervalo? — eu indago enquanto folheio as dezenas de pedidos que estão sobre a mesa

  — Pessoas que não gostam de atum — ela manda um sorriso como se isso fosse óbvio.

  — Mas atum é tão bom.

  Ela me olha de soslaio como se eu tivesse dito a coisa mais absurda possível então volta a anotar em seu caderno. Ela está me ajudando a analisar as reclamações e pedidos da escola. É uma tarefa chata e árdua. Já sei que eu não sirvo para trabalhos onde terei de lidar com esse tipo de papelada pois já me sinto em um escritório e que logo irá vir alguém me pedir um relatório.

  — Soube que o pessoal do teatro vai abrir as audições amanhã para a nova peça? — ela muda de assunto sem parar o que faz e com seus olhos grudados em seu caderno.

  — Claro que eu soube — ainda analiso as reclamações e boto as relevantes em uma pasta para que ela vá anotando em seu caderno.

  — Você vai tentar? — ela me olha por um segundo, mas logo volta a anotar.

  — Nem pensar. Já estou cheio com o grêmio estudantil e a natação, não quero ter o peso de decorar o texto — balanço a cabeça, negando.

  — Quem você acha que vai tentar?

  — Não sei, essa peça é sobre o quê? Eu espero que não seja Romeu e Julieta outra vez — eu faço ela dar uma leve risada que me faz rir também.

  — Ou outra adaptação de Orgulho e Preconceito — ela brinca, nos fazendo dar belas gargalhadas, tirando o ar de seriedade do nosso trabalho.

  — Ou Orgulho, Preconceito e Zumbis — gargalhamos outra vez.

— Parece que vai ser uma adaptação do Diário de Anne Frank.

  — Sério? — pergunto admirado por não ser mais uma peça de Romeu e Julieta.

  — Uhum, tem algum palpite para qual papel quem poderia interpretar? Eu acho que a Natallie vai tentar.

  — Acho que o Ben poderia interpretar algum, isso combina com ele...

  E mais uma vez no meu dia, a minha mente retorna em pensar sobre ele. Ela me olha e o canto da sua sobrancelha sobe, mas logo ela retorna para o caderno com a mesma expressão.

  Depois do café, daquela leve conversa onde conheci uma memória mais íntima sua. O gosto de apreciar a sua companhia aumentou e de tê-lo em um abraço era melhor do que eu esperava.

  — Você anda falando demais dele — ela fala, indagando.

  — Ando? — pergunto sínico.

  Ela ergue as sobrancelhas, mas não para de analisar aqueles papéis amassados e desajustados.

Vertigem (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora