Capítulo 21

37 5 3
                                    

  Olho para fora no entardecer, estou ajoelhado em minha cama apoiado com as minha cabeça em cima dos meus braços. O céu está um rosa com laranja muito bonito.

  Eu gosto de laranja.

  Ouço a porta bater. Não quero responder, mas a porta se abre mesmo assim. Não me viro para ver quem é, nem mesmo pergunto quem seja já que imagino que seja meu tio ou a minha avó.

  Mas estou enganado já que quando eu olho levementepara trás, eu me deparo com um sorriso daqueles lábios rosados que eu gosto. Não pude evitar de sorrir. Ele veio para mim devagar e se senta na minha cama sem falar nada. Fico feliz por vê-lo, na verdade, nem imaginava por uma visita deles a essa hora.

  — Seu tio foi legal, até me ofereceu um café — ele diz sem eu perguntar algo. Eu ainda não disse nada, mas ele sabe que estou feliz por tê-lo aqui. Eu gosto quando ele se importa comigo. — Senti sua falta na aula hoje.

  Não fui à aula hoje. Senti a necessidade de ficar sozinho e não ter muito contato. Não respondi o celular hoje apesar das diversas mensagens dele e de Dominic; nem se quer abri o aparelho.

  Preciso de um tempo para mim, tem tanto tempo que eu não sei o que é mais estar sozinho, e sei que agora tenho um namorado, tenho pessoas que se importam comigo, mas eu preciso de um tempo para ficar comigo mesmo.

  — Sentiu? — minha voz está baixa, rouca. Minha cabeça vira levemente, não por completo, mas o suficiente para que eu conseguisse olhá-lo.

  — Sim. Teve atividade de literatura em dupla e eu queria que você fosse a minha. Você sabe que eu não sou tão bom em literatura.

  — Deveria estudar mais então. Na prova eu não vou conseguir ser a sua dupla — brinco e ele sorri.

  — Sei que está cansado de tudo que vem acontecendo, mas eu estou aqui, tá bom? — ele muda de assunto.

  Fico em silêncio, então ele coloca sua mão que está gelada na minha. Eu aperto forte e ele aperta na minha intensidade.

  — Não quero pensar sobre isso — eu falo insosso, como se a minha voz não tivesse força o suficiente para sair.

  — Eu sei que não, mas você tem que lembrar que agora você tem pessoas do seu lado. Sei que eu poderia ter intervido antes, me sinto culpado por isso, mas...

  — Não é a sua culpa — o interrompo e ele me olha nos olhos. — Não deveria se sentir culpado porque não é a sua culpa. Não é culpa de ninguém.

  — Eu estava perto dele, da Verônica. Xavier e Georgina também entravam nas brincadeiras estúpidas dele, eu deveria ter falado algo. Pode não ser minha culpa, mas eu poderia ter feito algo.

  Não quero que ele se sinta responsável por tudo o que Sebastian fez. Não quero que o que Sebastian fez ou faz o afete. Já basta eu estar como estou e ter passado por aquilo.

  — Obrigado, Noah — eu falo e abaixo a cabeça. Estou sensível e emotivo. — Mas eu já disse, não quero que se culpe.

  Seus dedos vão até o meu queixo, fazendo eu olhar melhor para os seus olhos. Ele sorri. Meus olhos estão concentrados nele agora, o admirando, e mesmo antes de eu falar mais alguma coisa, ele me abraça forte. É o abraço que eu precisava, é o abraço que eu queria.

  — Você sabe que não precisa agradecer.

  Eu fico calado, sinto seu cheiro, sinto o cheiro da sua roupa. Meu punho aperta forte a sua blusa, e eu fico ali naquele aconchego convidativo. Ele me aperta forte. Parece agora que precisamos daquele contato. Meu corpo relaxa instantâneo. Respiro mais leve, me sinto seguro, me sinto protegido e isso faz o meu coração bater de outra forma.

Vertigem (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora