Capítulo 15

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  O ar condicionado faz mais barulho do que os alunos lá fora. Eu estou quase me incomodando por esperar ele, chego até a bufar, mas ouço a porta abrindo, já imaginando que seria a pessoa que tanto me deixava esperar, até porque quem mais iria entrar no laboratório de informática no intervalo.

  E realmente é o loiro que me lança um sorriso, mas eu fico estático, neutro.

  — Dominic — ele fala meu nome sílaba por sílaba.

  — Não quero demorar muito, Sebastian — digo impaciente e estou encarando a janela que mostra a quadra externa.

  Ouço seus passos vindo até mim, ele para ao meu lado, apoiando seu corpo na mesa como eu estou fazendo. Ainda não o encaro, sinto seu cheiro, seu mesmo perfume de sempre.

  Antes de conhece-lo, sempre pensei que ele usava um perfume como cravo, ou até mesmo aqueles cheiro agridoces, mas me parece mais algo parecido com perfumes com tabaco.

  — Pensei que você iria gostar de me ver ou até mesmo estava sentindo saudades de mim — ele diz e sinto seus olhos em mim.

  Eu rio por ironia.

  — Você deveria estar no teatro em vez de eu estar, até porque você farça muito bem.

  Ele gargalha fundo enquanto balança a cabeça negando.

  — Falando assim, até parece que você está magoado.

  E realmente fiquei por um tempo, mas decidi por mim mesmo que ele não pode ser o guia dos meus sentimentos. Não é ele e nem ninguém que pode decidir se vou estar triste, feliz ou qualquer outro sentimento. Eu não gosto que ninguém tenha esse impacto em mim. Não gosto de estar a mercê do que os outros podem me oferecer.

  — E eu não estou, eu só não gosto de mentirosos.

  — Eu não sou um mentiroso.

  — Não? Não é o que me pareceu.

  Ele deixa um silêncio entre nós.

  — Eu estou sendo sincero.

  Eu rio outra vez então acabo por encara-lo.

  — Para. Esse papel de honestidade não combina nem um pouco com você.

  — Eu não menti em nada, você quem não soube entender os motivos.

  Ele comprime os lábios. Seus motivos me deixam nervoso, e eu daria um murro em seu rosto se eu pudesse.

  — Vá para a puta que pariu você e seus motivos, eu tô pouco me fodendo pra isso — falo, parecendo nervoso, e eu estou. Ele fica calado então cruzo os meus braços. — E você ainda não falou o porquê queria que eu viesse aqui, porque se foi pra falar sobre nós, acho que é melhor eu ir embora.

  — Vi você ajudando aquele... — ele dá uma pausa, parece pensar no que vai dizer. — O Benjamin.

  — E daí? O que você tem a ver? Só porque você enchia a vida do garoto, não significa que eu tenho que fazer o mesmo.

  — Pra que você quer se misturar com ele?

  — Você realmente não parou de querer controlar as pessoas a sua volta, não é?

  Isso irrita ele. Eu sei que eu tenho esse poder de atingir seus sentimentos de maneira genuína. Conheço-o o suficiente para saber que quando ele não pode controlar as coisas e as pessoas ao seu redor, isso o deixa furioso a ponto de mostrar em sua face o seu descontentamento.

  — Não é só eu que pego no pé dele, ele é estranho pra caralho.

  — E você é também é estranho, na verdade, muito mais do que só estranho — eu falo. —  A diferença é que ele não pega no pé das pessoas.

Vertigem (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora