O ar condicionado faz mais barulho do que os alunos lá fora. Eu estou quase me incomodando por esperar ele, chego até a bufar, mas ouço a porta abrindo, já imaginando que seria a pessoa que tanto me deixava esperar, até porque quem mais iria entrar no laboratório de informática no intervalo.
E realmente é o loiro que me lança um sorriso, mas eu fico estático, neutro.
— Dominic — ele fala meu nome sílaba por sílaba.
— Não quero demorar muito, Sebastian — digo impaciente e estou encarando a janela que mostra a quadra externa.
Ouço seus passos vindo até mim, ele para ao meu lado, apoiando seu corpo na mesa como eu estou fazendo. Ainda não o encaro, sinto seu cheiro, seu mesmo perfume de sempre.
Antes de conhece-lo, sempre pensei que ele usava um perfume como cravo, ou até mesmo aqueles cheiro agridoces, mas me parece mais algo parecido com perfumes com tabaco.
— Pensei que você iria gostar de me ver ou até mesmo estava sentindo saudades de mim — ele diz e sinto seus olhos em mim.
Eu rio por ironia.
— Você deveria estar no teatro em vez de eu estar, até porque você farça muito bem.
Ele gargalha fundo enquanto balança a cabeça negando.
— Falando assim, até parece que você está magoado.
E realmente fiquei por um tempo, mas decidi por mim mesmo que ele não pode ser o guia dos meus sentimentos. Não é ele e nem ninguém que pode decidir se vou estar triste, feliz ou qualquer outro sentimento. Eu não gosto que ninguém tenha esse impacto em mim. Não gosto de estar a mercê do que os outros podem me oferecer.
— E eu não estou, eu só não gosto de mentirosos.
— Eu não sou um mentiroso.
— Não? Não é o que me pareceu.
Ele deixa um silêncio entre nós.
— Eu estou sendo sincero.
Eu rio outra vez então acabo por encara-lo.
— Para. Esse papel de honestidade não combina nem um pouco com você.
— Eu não menti em nada, você quem não soube entender os motivos.
Ele comprime os lábios. Seus motivos me deixam nervoso, e eu daria um murro em seu rosto se eu pudesse.
— Vá para a puta que pariu você e seus motivos, eu tô pouco me fodendo pra isso — falo, parecendo nervoso, e eu estou. Ele fica calado então cruzo os meus braços. — E você ainda não falou o porquê queria que eu viesse aqui, porque se foi pra falar sobre nós, acho que é melhor eu ir embora.
— Vi você ajudando aquele... — ele dá uma pausa, parece pensar no que vai dizer. — O Benjamin.
— E daí? O que você tem a ver? Só porque você enchia a vida do garoto, não significa que eu tenho que fazer o mesmo.
— Pra que você quer se misturar com ele?
— Você realmente não parou de querer controlar as pessoas a sua volta, não é?
Isso irrita ele. Eu sei que eu tenho esse poder de atingir seus sentimentos de maneira genuína. Conheço-o o suficiente para saber que quando ele não pode controlar as coisas e as pessoas ao seu redor, isso o deixa furioso a ponto de mostrar em sua face o seu descontentamento.
— Não é só eu que pego no pé dele, ele é estranho pra caralho.
— E você é também é estranho, na verdade, muito mais do que só estranho — eu falo. — A diferença é que ele não pega no pé das pessoas.
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Vertigem (Romance Gay)
RomanceTudo é uma bagunça na vida de Benjamin. Segue uma vida sozinho, é vítima de bullying frequentemente além de ter que carregar consigo uma habilidade na qual humanos normalmente não tem; telecinese. Noah é o presidente do grêmio, além de ser um dos...