Capítulo 8

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  Parece que há bastante pessoas para o teste da peça. Muitos parecem estar nervosos, eles ainda olham para os seus roteiros amassados e parecem ainda tentar decorar alguma coisa, não conversam, não olham uns nos outros.

  Eu admito que também estou nervoso, mas não acho que ficar lendo o roteiro vai me ajudar em alguma coisa já que repisei diversas vezes as falas. Talvez a ansiedade fará com que eu me perca nesse monte de palavras e acabe memorizando nada, o que me resta é esperar a minha vez.

  — Está nervoso? — ouço alguém perguntar próximo a mim, no banco ao lado.

  Rebecca se senta na cadeira vazia que está ao meu lado. Seu sorriso se exibe para mim como se fosse um "oi" e eu retribuo. Consigo lembrar muito bem de seu nome, seus cabelos loiros escuros cacheados e bem volumosos são muito caracteriscos seus.

  Uma vez eu fiz uma atividade em dupla com ela na aula de geografia, faz bastante tempo, mas tempo o suficiente para eu me lembrar. Ela me ajudou bastante na matéria na qual o professor estava passando. Nunca fui tão bom em geografia.

  — Um pouco — falo atento à porta.

  — Bom, eu te desejo boa sorte — ela fala enquanto olha seu roteiro que está um pouco amassado e parece estar com uma folha rasgada na orelha do papel.

  — Obrigado por isso, eu espero mesmo conseguir algo — eu falo. — E boa sorte para você também.

  Ela olha para mim. Seus óculos refletem a luz da lampada e escondem um pouco seus olhos castanhos. Ela não parece nervosa, quer dizer, se está, ela não demonstra tanto.

  — Obrigada. É muito gente querendo entrar para o elenco.

  A porta se abre com umas das alunas que parece ser uma das que estão selecionando os alunos que irão interpretar. Ela está olhando para seu caderno e parece estar anotando alguma coisa. Me pergunto quantas pessoas estão anotadas naquela caderneta.

  — Benjamin, venha, é a sua vez — ela diz ainda olhando para as suas anotações sem nem se quer olhar para mim.

  Um nervosismo que não estava em mim, acaba de surgir, me dando um leve arrepiar na espinha. Eu vou rapidamente para dentro do ginásio que é onde montaram um palco e a frente há uma mesa que está sentado as pessoas que vão me avaliar. Esse lugar cheira a almejante barato, talvez porque acabaram de limpar. Ao andar, meus pés encoam naquele piso de madeira que parece ter bastante cera já que refletia bastante a luz do local.

  Eles me olham neutros. Há alguns professores avaliando.

  Eu tento ignorar eles, fingir que não estou sendo avaliado, é difícil mas não é impossível. Já tenho muito tempo de prática com isso quando eu tinha que fingir que eu não estava ouvindo as pessoas rirem de mim enquanto apresentava o meu trabalho de frente para a sala.

  Então começo a minha audição.

  Eu não os olho a audição inteira. Se eu olhar, eu vou me desconcentrar e com certeza não irei me sair muito bem.

  Quando termino, suas expressões são neutras, indecifráveis. Isso me deixa ainda mais nervoso já que eu não consigo saber se eles gostaram ou não.

  Concluo a mim mesmo que eu fui bem. A professora de artes ergue a sobrancelha. Não sei se isso dar a entender se eu fui bem ou não, mas eu prefiro levar como se ao menos eu não tivesse ido mal e posso ser cotado como opção para ser um figurante.

                               (...)

  — Você acha que foi bem?

  Estamos sentados em um banco próximo àquela padaria na qual paramos uma vez. O sol bate em nossas peles de uma maneira muito confortável.

Vertigem (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora