Capítulo 20

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  Tenho minhas dúvidas sobre o ocorrido na piscina com o Ben. Creio eu que Sebastian tenha um dedo nisso. Na verdade estou quase certo. Sei que existem outras pessoas que pegam ou costumavam pegar no pé dele aqui, mas nenhuma delas a ponto de entrar no ginásio para empurrar ele na piscina. Quer dizer, creio eu que não.

  Mas de toda forma, isso não precisa se tornar uma investigação policial, até porque não é difícil de encontrar quem é o culpado, há câmeras de segurança pela escola, além do controle de quem entra e sai do ginásio.

  Eu não poderia estar mais distraído para esbarrar em logo na lacaia do Sebastian. Ela dá uma leve arfada e quase deixa sua bebida de frutas cair, mas sorri sínica para mim. Olho para ela, revirando os olhos levemente e tento dar um sorriso tão sínico quanto o dela, antes mesmo que eu pudesse continuar, ela fala algo que faz o meus pés pararem de andar.

  — Olha só, não pensei que esbarrariamos por esses corredores — ela profere, fingindo surpresa exagerada.

  O que é irritante, ao menos no meu ponto de vista. Na verdade, qualquer coisa que venha dela é irritante para mim.

  — Para o meu azar, parece que sim — falo e ela revira o olho, ignorando totalmente o que eu falo.

 — Onde estão os bons modos, Dominic?

 — Bons modos são cortesia, não gentileza.

  Ela fica calada, parece tentar encontrar algo tão ameaçador para responder, mas claro que não tem.

  — Andou sumido, garoto — ela ainda fingi uma curiosidade e preocupação.

  As únicas palavras que ela conseguiu pensar para desviar de qualquer retórica.

  — Eu estava ocupado — o sarcasmo está entranhado na minha voz. — Estudando e ensaiando, essas coisas ocupam tempo.

  — Pare com isso, sabemos que você não gosta de pegar um livro para ler — ela debocha, soltando uma leve risada como se tivesse dado a ofensa mais criativa do mundo, então se caminha para ficar mais a minha frente.

  — Está enganada, tenho mais livros na minha bolsa do que você tem de neurônios — ela torce o lábio e eu acabo soltando uma risada nasal.

  — Está procurando aquele... — ela fala como se tivesse tentando lembrar de algo —  esqueci até o nome... Benjamin, né? — ela pergunta, analisando seu alongamento de unhas pintado de roxo.

  Que aliás, estão horríveis.

  Torço meu lábio com a tentativa falha e horrível de tentar ridicularizar o Ben para mim.

  Tão patético quanto falho.

  Ele bebe um pouco da sua bebida, com a outra mão na sua cintura em uma pose que destacava seu quadril.

  — E você quer saber por quê? Virou monitora agora? Ou quer falar com ele também?

  — Tô curiosa — ela gesticula com o dedo indicador.

  Bufo, não consigo mais esconder a minha insatisfação em conversar com ela porque em todas as minhas formas de linguagem, eu demonstro não querer estar perto dela.

  — O que você quer, ein? Não achou o Sebastian para te pertubar? — falo, não havendo paciência na minha voz.

  — Só quero saber como vai você, como vai você e o Ben. Andam tão próximos, nem parece que era grudado com o Sebastian.

  Mal sabe ela que eu comia ele.

  — Eu costumava ter mal gosto, mas agora esse mal gosto é seu, né?

Vertigem (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora