prólogo.

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Ali estava ela em sua frente, sua parceira, a parceira que ele poderia ter dado o mundo todo, dado a vida, a alma, mas não, ela não o quis, o rejeitou por estar apaixonada por outro macho. Macho esse agora que era levado por Gwyneth Berdara, a parceira do mesmo, para longe, para evitar assim um confronto desnecessário.

Lucien não era tolo de achar que Elain realmente queria falar com ele, sabia que tinha dito aquilo apenas para dar tempo de Gwyn se afastar com Azriel e agora ali estavam eles, se encarando em silêncio por quase cinco minutos. Não podia negar que sua parceira estava linda, sempre fora linda, fora perfeita, os grandes olhos castanhos escuros, o cabelo castanho dourado, a pele de porcelana, os traços delicados de seu rosto e corpo perfeito.

Ele odiava olhar para ela e sentir o coração disparado, a ânsia de ir até ela, toca-la, abraça-la, beija-la... Toma-la. Odiava aquele sentimento e durante um ano e meio ele veio tentando não enlouquecer com os próprios pensamentos sobre ela e Azriel juntos, lutando contra a vontade de desafiar o irmão de Rhysand para uma luta, mas, seu pai, Helion, o havia ajudado, o norteado, o dedo responsabilidades na Corte que os distraírem o bastante... Até Gwyn aparecer e dizer que era parceira de Azriel.

Claro que houve uma faísca de esperança no peito de Lucien ao escutar aquilo, afinal, Elain agora estava livre para ele... Mas sabia que se ela corresse para seus braços não seria por causa da parceria, muito menos amor... Ele seria aquilo que sobrou e Lucien estava farto de ser menos do que outros, farto.

Encarava Elain, os lábios corados, os cabelos flutuando com a brisa assim como o tecido do belo vestido rosa claro. As mãos delicadas juntas em frente ao corpo e uma postura ereta, tensa.

Lucien soltou um riso nasalado e olhou para o lado vendo as centenas de lanternas flutuantes iluminando o céu de Solano como estrelas, a luz dourada se mesclando com as luzes da cidade, com o elegante palácio que se erguia soberano. Olhou novamente para Elain e ela ergueu um pouco o queixo.

— Pedirei que alguém a leve de volta — disse por fim e sua parceira renegada deu um passo adiante.

— Não! — exclamou ela o fazendo erguer as sobrancelhas. — Por favor... Quando disse que queria falar com você, estava falando a verdade.

Lucien semicerrou os olhos e então levou as mãos as costas as juntando ali.

— Pois então, diga, Elain.

A voz era seca, fria, sem emoção alguma, pelo menos era o que ele estava conseguindo transmitir, já que por dentro o laço gritava para ele ir até ela.

Elain respirou fundo, um pouco acuada como uma corsa medrosa, mas logo tomou coragem.

— Como você está? — perguntou o deixando um pouco surpreso.

— E você realmente se importa? — retrucou ele a fazendo abaixar a cabeça. — Não precisa tentar me manter aqui para proteger Azriel, ele está com Gwyn e não vou interferir na relação entre parceiros.

A fala saiu mais afiada do que ele mesmo pretendia e Elain curvou um pouco os ombros para frente.

— Não é por isso... — ia dizendo ela.

— É pelo o que, então?

Levantou o olhar castanho escuro como chocolate para o dele.

— Apenas quero saber se você está bem...

Lucien não conseguiu segurar o riso de escárnio e deu as costas a Elain levando as mãos a cintura. Ele olhou para as lanternas, para a cidade, para o Lago do Sol... Aquele terra era o que o havia segurado na beira do precipício da loucura.

— Quer saber se estou bem depois de você me rejeitar? Se não enlouqueci? — perguntou ele sem tirar os olhos do palácio. — Foi mais fácil superar que não me queria do que achei que seria — mentira, uma grande e verdadeira mentira. Ele era dela, não tinha dúvidas daquilo, nunca teve. — Feliz com a resposta?

Apenas silêncio fora até ele, aquela era uma resposta boa o bastante vinda dela.

— Por que veio com ele? — perguntou voltando o corpo parcialmente para ela que o olhava com uma feição de dor no rosto. — Por que veio com Azriel?

— Porque... — respirou fundo, trêmula. — Tive uma visão de você e Gwyn se beijando... Não apenas um tocar de lábios, mas um beijo de verdade... Isso o deixou preocupado e então quando vimos estávamos aqui.

Beijar Gwyn? Bom, não negaria que estava pensando em fazer aquilo segundos antes de Elain e Azriel surgirem em meio as sombras. Berdara era uma fêmea linda, inteligente, forte, uma valquíria, pelos deuses, se havia uma fêmea que admirava naquele momento era a dona dos olhos da cor do mar e não seria injusto se a beijasse, afinal. Mas, pelo visto Azriel não gostou muito daquela ideia, hipócrita.

— E você apenas veio por acidente? — perguntou e Elain ergueu o queixo.

— Sim e não — ela disse. — Não me senti confortável sabendo que Gwyn e você estavam próximos, mas não por mim, por Azriel, por que ele estava na ficando doente por que ela estava aqui com você e eu...

— Você o quê?

Se voltou para ela e deu um passo em sua direção ficando mais próximo e Elain olhou para cima para poder encara-lo.

— Queria ajudar Azriel — ela disse. — Por que ele a ama, muito.

Como eu não amo você, foi o que faltou dizer.

Lucien assentiu com a cabeça e engoliu em seco.

— Vou levá-la de volta — ele disse respirando fundo em seguida e estendendo a mão.

Elain estava receosa, olhava para mão dele e para o rosto dele, pura dúvida brilhava em seus olhos, mas então aquela mão delicada e macia deslizou sobre a palma de Lucien e o corpo todo tremeu por dentro, o coração batia extremamente rápido no peito e doía. A parceria renegada abriu os lábios carnudos e bem desenhados como os de um anjo e suspirou por ali.

— Posso ouvi-lo ainda — ela disse. — Seu coração, ainda posso ouvi-lo quando durmo.

Lucien olhou para cima tentando fazer com que o olho parasse de arder, inferno, não podia fraquejar, não podia dizer a ela que também escutava o coração dela enquanto dormia, toda a noite quando deitava a cabeça no travesseiro, fosse ali, fosse nas terras humanas... Sempre o escutava e dormia embalado por aquele som.

— Vamos — ele disse e logo ambos desapareceram do morro dos salgueiros na Corte Diurna para surgirem no jardim da casa de Rhysand e Feyre, logo ambos apareceram e ficaram sem cor nos rostos quando viram Lucien e Elain juntos, mas logo a parceira do ruivo correu para dentro sendo seguida por Feyre e Lucien ficou sozinho com Rhysand que amigavelmente, e despretensiosamente, claro, o convidou para tomar uma bebida e o atualizar sobre o que diabos estava acontecendo e Lucien esperava que aquele tipo de coisa não ocorresse mais, nunca mais.

O Laço Partido (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora