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Quando as irmãs chegaram à Corte Diurna muitos ficaram espantados, pois ninguém fora avisado sobre a chegada repentina e Helion fora quase que correndo recebê-las, porém, Elain já havia saído pelos intermináveis corredores do palácio em busca de Lucien.

Estava indo na direção a porta do quarto do parceiro pelo corredor quando na esquina que levava a direita Lírio surgiu fazendo com que Elain diminuísse o passo. A rival usava um vestido quase transparente, peças ouro pelos braços, dedos e mãos, o cabelo negro e longo preso num alto rabo de cavalo preto por uma presilha de ouro maciço. Para ser sincera consigo mesma tinha que admitir que aquela fêmea tinha a beleza equivalente a de uma deusa perdida e aquilo fazia a insegurança de Elain gritar.

Ela quase parou de andar, mas pensou em Lucien, pensou na sua parceria e no futuro que eles teriam pela frente e então retomou os passos, agora mais firmes e até mesmo arrogantes e os olhos azuis de Lírio pararam sobre ela.

- O que está fazendo aqui? - perguntou a fêmea da Corte de Helion.

- Não é de sua conta, mas se fosse... - parou bem em frente a bela fêmea de cabelos negros. - Eu vim para ficar com o meu parceiro.

Enfatizou bem a palavra meu e Lírio aquela arqueou a sobrancelha bem feita com um sorriso soberbo nos lábios carnudos.

- Sabe... - chegou perto de Elain e levou a ponta da unha afiada e dourada ao queixo da vidente. - Você não passa de uma garotinha mimada e insegura. Você é fraca e jamais, repito, jamais, terá o que é necessário para estar ao lado de Lucien... - olhou Elain de cima a baixo. - O máximo que você vai conseguir é estar de baixo dele.

Bateu no braço de Lírio e ficou ainda mais perto, seus rostos próximos demais fazendo com que sentissem a respiração da outra.

- Eu só vou dizer uma vez - disse Elain quase que bum rosnado. - Lucien é meu parceiro, meu, e quero que fique longe dele.

- E como vai me impedir? - o deboche na voz daquela fêmea e no sorriso dela fez o sangue de Elain borbulhar como se estivesse dentro de uma panela ao fogo.

Estava prestes e dar um tapa na cara de Lírio, na verdade pode ver a cena mentalmente com perfeição, porém ela escutou o coração afoito batendo sem parar e olhou na direção do corredor que vinha e um sorriso largo estampou os lábios da irmã mais velha de Feyre.

Lucien estava ali, ofegante, suado, os cabelos presos num rabo de cavalo desgrenhado, as roupas sujas e amarrotadas, uma parte da camisa branca para dentro da calça e outra para fora.

- Elain, o que você... - ele ia dizendo, mas Elain não permitiu que ele terminasse aquela frase pois correu para o parceiro.

Ela passou os braços pelo pescoço dele e ficou na ponta dos pés o abraçando. De início o corpo de Lucien ficou tenso, confuso, mas logo as grandes mãos foram a cintura fina dela apertando ali retribuindo o abraço. Se afastaram e ela levou as mãos ao rosto suado e cotado dele, colocou algumas mechas teimosas soltas do rabo de cavalo atrás das orelhas pontudas do parceiro e sorriu.

- Eu vim ficar - ela disse fazendo os olhos de Lucien se arregalarem.

- Como assim veio ficar? - ele perguntou baixinho.

- Vim ficar, com você - disse ela descanso as mãos nos ombros largos de Lucien. - Não quero mais ficar longe de você, Lucien.

O ruivo entreabriu os lábios, era como se ele não soubesse se sorria ou não.

- Tem certeza disso? - ele perguntou olhando nos olhos dela e Elain sorriu com doçura.

- Eu não quero arriscar me afastar de você de novo - olhou para Lírio que ainda estava ali encarando os dois. - Ou que alguém faça isso.

Lucien olhou para Lírio que ergueu o nariz orgulhosa. O parceiro de Elain fechou o cenho, as sobrancelhas ruivas mais escuras ficando juntas, um olhar predatório e ele apertou as mãos na cintura dela a puxando para mais perto... Aquele gesto fez como se pequenas estrelinhas de fogo pinicassem a pele de Elain e a barriga da esfriou.

Lírio apenas abaixou a cabeça sabiamente e deu as costas ao casal e conforme ela fora se afastando uma sensação de alívio tomava o peito de Elain.

Lucien então soltou sua cintura e pegou em sua mão.

- Vamos conversar - ele disse a puxando consigo, com delicadeza e de mais dadas eles foram até um dos jardins, se sentaram bum banco a sombra de um bordô de folhas vermelhas.

Assim que se sentaram, Elain se virou para ele.

- Por favor, me diga por que exatamente quer se mudar - ele disse apoiando o braço no encosto do banco e quanto olhava para ela.

- Nestha me disse que quando sumimos na noite do festival, Lírio sumiu logo depois e também não voltou - disse Elain. - Eu tenho certeza absoluta de que ela foi atrás de você... Ela foi?

Lucien suspirou profundamente, abaixou a cabeça, olhou para o lado e enfim para ela.

- Sim, ela fora até mim - ele disse e Elain engoliu em seco.

- E o que ela queria? - juntou as mãos sobre o colo.

- É.... Bom... - as bochechas de Lucien coraram e ele levou uma das mãos a nuca.

- Ok, não precisa dizer eu entendi - disse Elain fechando os dedos agarrando o tecido do vestido. - É por isso que quero me mudar para cá, por que não quero me afastar mais de você e não quero que ela faça alguma coisa que nós impeça de ficarmos juntos...

- Elain, não há nada que ela possa fazer para nos afastar - disse Lucien com paciência, calma. - Somos parceiros.

- Mas ela pode nos afastar - por experiência própria a sabia que um terceiro podia sim e muito afastar parceiros. - Eu não quero isso, Lucien, não quero.

- Sabe no que isso implica, não sabe? - perguntou. - Isso quer dizer que vamos ter que ficar juntos, de verdade...

- Eu aceito a parceria - disse Elain o fazendo arregalar os olhos. - Aceito.

- Elain...

- Lucien! - ela disse pegando nas mãos dele a segurando com as duas. Era absurdo o tamanho de diferença delas. - Eu sei que tem medo de que eu esteja agindo impulsivamente, mas eu não estou, eu quero isso, quero a nossa parceria, quero aceitar ela, quero... - parou antes de dizer firmar. - Apenas vamos fazer isso.

Lucien respirou fundo, olhou para as mãos deles unidas e afagou as costas das mãos dela com os dedos.

- Não quer pensar melhor? - ele disse. - Você não precisa se preocupar com Lírio, naquela noite eu a escorraçei como se ela fosse um cão com uma doença contagiosa... - deu uma pequena risada e ela acompanhou. - Vamos com calma.

Elain suspirou.

- Ok, mas ainda quero ficar aqui - ela disse o fazendo abrir a boca para responder. - Eu vou ficar e ponto final. Além disso, você disse que tem vários lugares para me mostrar, morando aqui eu posso ver todos com calma.

Seu parceiro a olhou nos olhos e um pequeno sorriso esboçou nós lábios carnudos, ele mordeu o lábio inferior fazendo com que a boca de Elain formigasse, como se pedisse para ser chocada contra a do lindo macho.

- Está bem - ele disse e Elain seu um riso aliviado e um sorriso.

- Obrigada - disse Elain e o parceiro assentiu.

Ela então se aproximou mais dele se sentando agora ombro a ombro e então deitou a cabeça sobre o ombro dele enquanto o braço de Lucien envolvia seus ombros. Era impressionante como o abraço dele a acalmava, o cheiro dele, o calor... Se sentia segura, sentia-se em casa, como se Lucien fosse realmente seu lar.

O Laço Partido (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora