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Após aquela troca de carícias que levou longos e longos minutos, Elaine estava agora deitada com a cabeça sobre o peito de Lucien, a perna passada pelo quadril dele, a saia do vestido levantada deixando a coxa exposta. O parceiro acariciava a pele de Elain ali com cuidado e delicadeza, a mão fazia o mesmo nas costas cobertas pelo tecido leve do vestido e ela sorriu afagando o rosto contra o peito dele que a deu um beijo no topo da cabeça.

— Posso lhe perguntar uma coisa? — disse Lucien enrolando um dos cachos castanhos dourados de Elain entre os dedos.

— Claro — ela disse enquanto acariciava o peito exposto dele com a ponta das unhas bem feitas.

— Você chegou a se deitar com Azriel?

Elain travou no mesmo momento que aquela pergunta terminou de sair da boca do parceiro. Ela ergueu um pouco corpo para poder fitar o rosto de Lucien que olhava fixamente para o teto.

— Por que essa pergunta agora? — questionou ela fazendo com que a olhasse.

Os cabelos ruivos jogados sobre o travesseiro reluziam como cobre fervente à luz do sol que adentrava pela grande janela aberta.

— Não sei, apenas curiosidade... — ele suspirou e então se sentou na cama fazendo com que Elain ficasse sentada sobre os joelhos o ficando, as alças do vestido caídas deixando os ombros e o colo mais exposto, havia algumas marcas bem claras de leves mordidas e chupões que Lucien havia dado havia poucos minutos. — Não me entenda mal, por favor, as coisas estão mais do que resolvidas entre nós dois — disse rindo. — É mais... Curiosidade para saber em que ponto de relacionamento vocês chegaram...

— Ah... — ofegou Elain corando ao se lembrar da forma em que ela e o mestre-espião foram pegos no jardim da casa do rio pelo próprio Lucien.

— Bom... Não — ela disse ele a olhou com até mesmo surpresa. — Quando tentamos ir um pouco mais além ele desistiu e foi embora... Algum tempo depois Nestha me disse que naquele dia Gwyn estava em um encontro com outro macho... Azriel e ela ainda não tinham nada, mas mesmo assim, ele me deixou para ir até ela.

— E como você se sentiu com isso? — perguntou ele até mesmo com pesar e Elain abaixou a cabeça, deu de ombros.

— Sinceramente? Chateada, por que parecia que ele realmente gostava de mim e então... Puff — movimentou as mãos demostrando uma explosão.

— Sentiu raiva?

A fêmea deu um riso apenas por reflexo e começou a tirar grãos de areia imaginários da saia de seu lindo vestido.

— Senti, por que ele pareceu me querer tanto, me ajudou na decisão de renegar minha própria parceria por ele e então de uma hora para outra tudo o que passamos, tudo o que ele disse, foi enterrado por causa da parceira dele... — ela olhou para Lucien. — Eu tinha raiva de Gwyn também, por que ela era parceira dele e não eu...

— Você era minha — completou Lucien que logo deu um longo suspiro.

— É... — ela disse abaixando o olhar novamente. — Eu achava injusto por que eu tinha renegado você e ele sequer pensou em fazer isso com Gwyn, e aquela vez que ela passou um tempo aqui, quando vocês ficaram amigos... Azriel literalmente adoeceu por ficar aqueles dias longe dela, e eu via aquilo e não me conformava...

— Por que não se conformava? — perguntou fazendo com que ela o olhasse.

— Porque ele estava sofrendo — disse Elain. — Eu pensava... Como que isso pode ser bom? Ele estava bem e então a pessoa que era certa para ele o estava fazendo sofrer apenas por se afastar alguns dias, mas então, eu tive aquela visão de vocês dois se beijando...

— Espera... Você teve uma visão de eu e Gwyn nos beijando? — perguntou com um sorriso zombeteiro e Elain corou prendendo o riso. — Sério?

— Sim, e não foi um beijo simples, foi realmente um beijo — ela disse agora rindo. — Assim que contei para Azriel ele automaticamente nos atravessou para onde você e Gwyn estavam e então... Então, quando o vi com ela, quando ouvi a voz dele quando disse o nome dela e a maneira como os olhos da Gwyn brilharam quando o viu... Eu entendi.

— Entendeu? — o parceiro de Elain franziu a testa e ela assentiu.

— Entendi que mesmo que ele tivesse me escolhido, ele sempre seria dela, de qualquer maneira — o olhou e Elain deu um sorriso pequeno, levou uma das mãos delicadas até o rosto de Lucien acariciando ali o fazendo fechar os olhos e roçar os lábios na palma da mão dela. — Da mesma forma que eu sou sua — ele abriu os olhos castanho e dourado a fitando. — Não importa se eu estive com Azriel, não importa que eu tenha partido o laço entre nós dois... Ele sempre estaria  aqui esperando para ser reconectado e enfim... Estarmos juntos.

O príncipe deu um pequeno sorriso, abaixou o olhar para esconder as lágrimas que lhe preenchiam o olho e fungou.

— Quando eu os flagrei naquela noite há mais de dez anos atrás eu senti como se toda a minha vida tivesse acabado, meu mundo todo tinha caído e eu só conseguia ver vermelho e Azriel em minha frente, eu queria mata-lo, queima-lo até que virasse cinzas, mas então você estava lá, atrás dele, segurando e braço dele e então disse... — engoliu em seco. — Disse que renegava nossa parceria, que já havia feito sua escolha. Parte de mim gritava para te tirar do lado dele e te levar para longe mas outra parte... Essa me dizia que não havia mais o que ser feito, você tinha feito sua escolha e tudo o que eu queria era que você fosse feliz e se a sua felicidade estava com ele, então...

Os olhos de Elain se encheram de lágrimas que logo começaram a escorrer pelo lindo rosto.

— Então eu decidi dar as costas e deixar que você vivesse em paz, afinal, partir aquele laço seria o melhor para você...

— E então eu volto como um cachorrinho com o rabo entre as pernas — ela disse soluçando. — E você ainda me aceitou, mesmo que eu não mereça.

— Quer que eu seja sincero? — ele disse e ela respirou fundo, mas assentiu com a cabeça. — Mesmo que levasse mais de mil anos, mesmo que eu tivesse me casado com Lírio e mesmo que você estivesse com Azriel, no fundo do meu coração eu esperaria você.

— Lucien...

— Eu amo você, Elain — ele disse fazendo ainda mais lágrimas descerem pelo rosto dela que soluçava e fungava entre o choro.

— Eu te amo — ele repetiu levando a mão ao rosto de Elain que tremia como uma vara verde.

Ela levou as mãos ao rosto dele e o beijou com euforia, um beijo que fora retribuído por Lucien qual ela o fez se deitar na cama novamente e montou sobre ele. Quando separaram suas bocas, a vidente olhava para o rosto de seu parceiro, suas lágrimas caindo sobre a pele do rosto e os cabelos fazendo uma cortina que caia e se misturava com o dele esparramado do travesseiro.

— Eu não mereço o seu amor — ela disse baixinho e ele levou a mão ao rosto dela, colocou o cabelo atrás da orelha pontuda dela.

— Não diga uma besteira dessas, e mesmo se fosse o caso, continuaria a te amar, Elain Archeron — ele disse a fazendo rir entre as lágrimas. — Pela eternidade.

Ela ainda ria e respirou fundo, levou uma das mãos ao rosto de Lucien e acariciou ali com o dedão, passou por cima dos lábios carnudos e macios dele e olhou nos olhos do parceiro.

— Também amo você, Lucien — ela disse sussurrando. — Mais do que eu imaginei que amaria.

O olho dele brilhou como uma estrela de fogo e beijou Elain novamente e depois a abraçou com força e rolou na cama ficando por cima dela, a açaí fez com que a linda fêmea gargalhasse, uma gargalhada que logo fora selada pelo beijo profundo e apaixonado do amado... Sim, do amado, não do amante, não do pretendente, não apenas do parceiro, mas sim do amado, do macho que ela amava verdadeiramente.

O Laço Partido (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora