CAPÍTULO 1

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As pessoas estão acostumadas a romantizar o que é viver pertencente a uma dinastia. Sempre pensam em carros luxuosos, mansões, roupas caras e milhões na sua conta bancária. O que ninguém te conta quando você é o sucessor do mais alto posto da linha hierárquica, é que você já nasce com inimigos prontos para te colocar uma bala bem no meio da sua testa.

E foi assim que eu cresci.
Sabendo que eu era o único herdeiro dos Bolat e que minha maior missão como pessoa é dar continuidade aos negócios da família.

Não existem muitas regras do que eu devo ou não fazer, minha liberdade sempre foi garantida por mais que eu sempre me sinta preso as minhas obrigações no gerenciamento dos negócios. Mas há a única e solitária exigência que carrego no meu sangue: nunca, jamais cruzar a fronteira que nos separa dos Yıldız.

Eu já nasci sabendo que eu deveria odiá-los, mesmo que eu realmente não saiba nada sobre eles. Meu pai, Alptekin Bolat, preocupado com a minha segurança, firmou um acordo com o patriarca da família Yıldız, delimitando as áreas que cada um iria dominar, para evitar que essa rivalidade entre as famílias se tornasse um banho de sangue.

Toda área sul é dominada pelos Yıldız, enquanto a área norte da cidade é gerenciada pela minha família. E há a área neutra, o local com a maior quantidade de conflitos porque aqueles do mais baixo escalão da hierarquia, de ambos os lados, se sentem no direito de criarem problemas e me darem uma bela dor de cabeça.

Este reconhecimento de bandos, esta divisão de poder, território e competências, foi uma ideia para acabar com as guerras internas e externas entre nossas famílias, mas é uma merda passar pela zona neutra e ver como o caos se instaura.

Já tentei pedir a permissão do meu pai para tentar controlar a área, mas ele é inflexível sobre mudar o tratado que fez com os Yıldız, para piorar ele é estritamente contra a minha ideia de ir até o outro lado da cidade tentar conversar com nossos inimigos.

Bem, foda-se.
Se essa merda de lugar tivesse o mínimo de controle, eu não precisaria estar aqui praticamente toda semana para pôr fim aos líderes que tentam se levantar para dominar a área.

Lidar com drogas e armas a minha vida toda me fez ter aversão a elas. Me dá repulsa andar por aqui e ver alguns filhos da puta ostentando armas como se fossem poderosos e donos do mundo, eles deixam à mostra na cintura seu calibre. 38, sem nem imaginar que eu tive acesso a essa arma velha quando eu era um bebê. Essa arma na minha casa é o que usamos como brinquedo descartável.

— Okay, pessoal — eu falo descendo do meu carro — Eu quero saber quem é que está liderando a área.

Pergunto entediado enquanto cada um da porta do bar me olha de cima a baixo, como se tentassem saber quem eu sou.

Aí vai uma dica: não queiram saber.

— E porque você precisa saber? — um dos homens fala, mostrando seu revólver na cintura.

Patético e deprimente.
Principalmente quando eu tenho uma glock bem encaixada atrás da minha jaqueta e um porta malas repleto do mais variado tipo de armamento.

— Eu só preciso de um nome — é a minha resposta para ele.

A expressão do homem muda de repente e ele fecha o próprio casaco, escondendo a arma, como de tivesse se dado conta de que corria perigo se continuasse agindo como idiota.

— Ed... — É o nome que ele me fornece no exato momento que eu ouço disparos vindo de dentro do bar.

Caminho para dentro do lugar para limpar a bagunça de quem quer que esteja pensando que não há alguém para fiscalizar essa merda de terra.

O lugar fede a bebida e prostituição, há mulheres peladas e homens bêbados por todo o lugar e alheios ao barulho dos tiros que aconteceram segundos atrás, mas eles não são o foco da minha busca, e é por esse motivo que retiro a pistola das minhas costas e disparo para cima, quase descarregando todo o cartucho da minha arma.

O ambiente vira uma bagunça, todos tentam correr ao mesmo tempo mesmo que estejam tropeçando entre as próprias pernas, desgovernados pela influência do álcool em suas veias.

Mas diferente do que eu esperava, não consigo ver nenhum cara metido a valentão me procurando por ter invadido sua área. Quando todos saem a sala fica quieta, se não fosse pelos passos tranquilos de uma moça de aparência ingênua vindo em minha direção, eu iria pensar que não há mais ninguém por aqui.

— Uh, desculpa pela bagunça, senhorita. Estou procurando por um tal de Ed.

Eu falo gentilmente, para que ela sinta que pode confiar em mim. Não sou igual aos outros caras, ela não precisa ter medo, embora eu tenha invadido o lugar.

— Quem ele seria? — ela pergunta.

Sua voz doce me deixa em alerta, todo meu corpo de repente parece estar hiper consciente de que ela é fodidamente linda.

— O responsável pela liderança dessa facção — eu respondo — Ao menos ele tem tentado ser, claro, mas isso não vai durar muito tempo.

Arrumo minha postura, colocando a arma de volta nas minhas costas. Posso não ter atingido o objetivo pelo qual estou aqui, mas isso não me impede de me divertir.

E com certeza será delicioso me divertir com essa mulher.

— Acho que você está enganado — ela diz suavemente, se aproximando de mim. O movimento de seu corpo é sensual, bonito, hipnotizante. — Muito prazer, me chamo Eda. Acho que sou a pessoa que você está procurando.

E então, em um movimento rápido, ela leva a mão às costas e aponta uma pistola para a minha cabeça, bem no meio da minha testa... posso sentir que o bico da arma ainda está quente, o que significa que provavelmente foi de lá que saiu os disparos que ouvi antes.

Ora, ora... isso vai ser ainda mais interessante do que eu imaginava.

DYNASTYOnde histórias criam vida. Descubra agora