CAPÍTULO 9

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Eu volto para casa.
Não a casa que me transmite paz, mas sim a casa que me leva ao limite do estresse.

— Trouxe alguma informação interessante? — é a primeira pergunta que meu pai faz quando me vê.

Não há nenhum "Bom dia, tudo bem, meu filho?" Apenas um breve olhar desviado do papel e suas palavras sérias sobre trabalho.

— Nada de relevante para a investigação.

Minha resposta não o agrada, isso é óbvio, porque ele olha para mim de verdade e sua expressão de desgosto não engana.

— Talvez eu estivesse errado em assumir que você daria conta dessa missão — ele não é nem um pouco compreensivo — Talvez você ainda precise de mais tempo para assumir nossos negócios.

Ele usa palavras parecidas com as mesmas que usei ao me referir a Eda, é inevitável ouvir minha própria voz no que ele diz... "Talvez você precise de mais tempo para poder assumir de verdade o sobrenome que você carrega", foi o que eu disse, mas só agora provando do mesmo questionamento que meu pai me fez, eu sinto de verdade o porque ela ficou tão irritada.

— Você nunca realmente se perguntou se eu queria assumir alguma coisa? — eu falo para ele — Eu cresci com essa responsabilidade, mas eu não pedi por ela, eu não nasci desejando ter a porra da minha vida atrelada a essa merda.

— Olhe a maneira que você fala comigo, rapaz.

— Eu não sou um rapaz, pai — eu estou cansado dessa merda — Eu sou um homem de quase trinta anos que já viu e fez coisas que pessoas normais não deveriam fazer, eu acabei me acostumando a ser tratado como merda, eu literalmente já fui quase morto mais vezes do que a quantidade de aniversários que eu já fiz.

A irritação me domina e eu já não aguento estar no mesmo lugar que ele.

— Esse é o preço que você paga por ser um Bolat — ele diz friamente, como se nada do que eu disse tivesse o abalado — Você acha que eu não passei o mesmo que você? — ele ri — Você nasceu com esse propósito no seu sangue, agora deixe de drama e lide com isso.

E eu saio dali.
Mas a pior parte é pensar em Eda, pensar que eu causei nela a mesma raiva que meu pai me causou. Eu odeio ser injusto.

— Você precisa de alguma coisa, senhor? — Seyfi aparece de repente no corredor, me assustando.

— Está tudo bem, só estou indo ao meu quarto.

— Precisa que eu prepare um banho de banheira?

— Não, obrigado — continuo a andar, até perceber que não comi muita coisa hoje — Seyfi, na verdade eu ficaria grato se você me trouxesse comida.

— Claro, senhor — ele assente e me deixa passar.

Ele sempre foi muito prestativo, sempre foi os olhos e os ouvidos desta casa, Seyfi provavelmente sabe mais sobre a minha família do que eu.

Tomo meu banho e penso em apenas comer e desmaiar na minha cama, finalmente desligar meu cérebro e descansar, tentando esquecer como fui desastroso na maneira que tratei Eda.

Seyfi bate na minha porta antes de entrar com um carrinho de comida. Ele organiza tudo na mesa do meu quarto, há comida o suficiente para três pessoas.

— Estou de saída, senhor, quando acabar me chame para retirar os pratos.

— Seyfi, fique — eu peço — Tem comida o suficiente para eu e você, por favor, converse um pouco comigo, não estou passando muito tempo em casa, preciso me atualizar como as coisas estão.

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