CAPÍTULO 19

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Uma semana depois e eu recebo alta do hospital. Sem sequelas, sem dores fortes, apenas um corpo precisando se adaptar às cicatrizes que ficaram após ser baleado. Eda não me deixou um dia sequer, mesmo que eu insistisse que ela deveria descansar melhor. Já meu pai apareceu apenas uma vez para me visitar, as coisas ainda estavam estranhas por todo segredo que foi exposto, ele e Eda ainda não parecem suportar estar no mesmo lugar.

— Onde vamos ficar? — Eda pergunta quando estamos saindo do hospital.

Coloco o cinto de segurança, deixando que ela dirija pela cidade.

— Nossos pais ainda não sabem sobre nós não sermos irmãos... Seria estranho você estar comigo na minha casa, acho que seu pai surtaria.

— Ele vai superar isso — ela diz, manobrando o carro — Você foi alvejado no meu lugar, é o mínimo que ele deve fazer.

— E você se sentiria bem ficando na minha casa?

Nós ainda não conversamos sobre o que exatamente nós estamos tendo. Durante esse tempo no hospital nós trocamos beijos, nada sexual, mas isso será apenas uma questão de tempo.

— Não, acho que seria estranho ter o seu pai me julgando como uma pecadora por dormir com o próprio irmão.

Eu sorrio.

— Você vai dormir comigo?

— Dormir não era exatamente o que eu queria — ela me provoca —, mas dado as circunstâncias, acho que é o que nos resta.

— Eu gosto de como você pensa...

É tão bom estar com ela.. É fácil, como respirar.

— Então, para onde vamos? — ela questiona.

— Eu tenho um apartamento, nós podemos ficar por lá enquanto não decidimos o que dizer aos nossos pais.

Coloco a localização no GPS do carro e Eda segue o caminho indicado. Não demoramos muito até chegar no lugar, o prédio fica no lado norte da cidade, claro, mas não tão longe da zona neutra.

— Você tem muitos lugares para se esconder — ela diz quando me ajuda a sair do carro já no estacionamento.

— O prédio é todo meu — eu explico — Moro na cobertura, é mais fácil entrar e sair sem causar fofoca quando se é o dono do lugar, as pessoas respeitam mais.

— Ou fingem respeitar por medo de serem expulsas.

Touché!

Enquanto caminhamos até o elevador percebo Eda sempre em alerta, parece que os últimos acontecimentos tornou ela mais observadora, com medo.

— Vem aqui — eu a chamo para perto, a abraçando dentro da caixa metálica.

— Não precisa ter medo, já acabou não foi?

Eu deixo um beijo no seu pescoço, sentindo o quão bom é o seu cheiro.

— Eu sei, eu só... Você não imagina como foi difícil ver tudo acontecendo... Eu não conseguia estancar o sangramento... Não quero passar por isso de novo.

Depois que fui atingido todas as memórias que guardo são nebulosas, como se eu estivesse fora do meu corpo. A única coisa que lembro com clareza é do som da voz dela me pedindo para ficar.

E eu fiquei.

— Obrigado por cuidar de mim, eu sei que você fez o melhor que pôde — beijo sua boca de leve, simplesmente porque eu posso, porque ela é minha —, mas a culpa não foi sua, você não precisa se cobrar por isso.

DYNASTYOnde histórias criam vida. Descubra agora