CAPÍTULO 3

816 87 16
                                    

Surpreso é uma palavra que pouco me define. Eu sabia que os Yıldız tinham um herdeiro, assim como minha própria família tem a mim, mas eu não fazia ideia sobre quem ele era, ou melhor, ela era. Tudo que eu sabia sobre os Yıldız era controlado pelo ódio mútuo de ambas as famílias, algo que começou antes mesmo do meu nascimento. No entanto, a razão para tudo isso ainda é desconhecida por mim, ambas as dinastias operam na cidade em negócios diferentes, não é como se nossos mercados nos tornassem inimigos, pelo contrário, deveriam ser parceiros de negócios.

Minha família é responsável por toda distribuição de armamento ilegal dentro e fora do país, enquanto a família de Eda tem um dos cartéis de cocaína mais lucrativos no mundo. Não é difícil de se perceber que a união das duas famílias triplicariam nossas fortunas... não existe fábrica de drogas sem segurança, não existe segurança no mundo do crime sem armamento de guerra, uma coisa completa a outra.

Mas aqui estou eu, dirigindo até o meu helicóptero a caminho de casa, pensando no que caralho eu me meti essa noite. Eu não podia fazer nada com Eda, afinal ela não invadiu minhas terras e, em teoria, eu estava fazendo a mesma coisa que ela: querendo eliminar possíveis novos líderes irresponsáveis que estavam tentando comandar a zona neutra.

Ela não fez muitas perguntas sobre mim, sua irresponsabilidade de abaixar a arma rápido demais me faz perceber que ela foi imprudente, colocando a própria vida em risco, e que isso vai me motivar a aparecer naquele lugar na mesma hora que ela ordenou. Eu não deveria me preocupar com ela, na verdade eu não me importo, mas a morte dela causaria dano por todos os lugares, até mesmo a minha família.

— Boa noite, senhor, seu pai está à sua espera — nosso mordomo, Seyfi, diz quando chego em casa.

Claro que meu pai está esperando por mim, ele sempre está.

— No escritório? — pergunto só por educação para não deixar Seyfi sem respostas, porque meu pai sempre está no escritório.

— Sim, senhor — Seyfi mora nessa casa há mais tempo do que eu, está acostumado a nossa rotina e insiste em ser formal mesmo que eu peça para ele me chamar pelo meu nome.

— Obrigado, Seyfi, por favor avise que vou apenas tomar um banho e logo me encontro com ele.

Vou até o meu quarto enquanto penso numa boa resposta para o meu pai, porque com certeza ele vai perguntar onde eu estava e o que eu estava fazendo. Posso ser uma pessoa livre para ir e vir para qualquer lugar, mas isso não significa que eu não tenha que dar explicações sobre qualquer passo que eu dou para fora de casa.

É isso. Bem vindos a porra da minha realidade.

— Você queria falar comigo? — pergunto entrando no lugar.

— Onde você estava? — Ele mexe nos papéis sem se dar o trabalho de olhar para mim.

— Em uma reunião com um dos membros da família Yıldız — eu falo para irritá-lo, mas sei que ele não vai acreditar mesmo que o que eu esteja falando seja uma meia verdade.

E funciona, ele me olha.

— Não seja ridículo, onde você estava Serkan?

— Com uma mulher — eu falo de novo, mais uma meia verdade, para que ele não desconfie que eu estava na zona neutra.

Minha resposta parece convencê-lo.

— Apenas uma? — ele ri — Na minha época as festas eram mais divertidas, só comecei a dormir com uma única mulher apenas quando, bem, me casei com a sua mãe.

Informações demais...

— Ungh, me poupe dos detalhes — digo me dirigindo em direção a porta — Vou para o meu quarto.

DYNASTYOnde histórias criam vida. Descubra agora