CAPÍTULO 8

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O caminho que fazemos em direção ao bar é silencioso e constrangedor. Constrangedor ao ponto de desviarmos o olhar um do outro quando nos encaramos sem querer.

— Não precisa ser assim — ela quebra o silêncio — Somos dois adultos aqui, sentir desejo um pelo outro é algo normal quando estamos convivendo juntos.

Não é tão saudável quando nossas famílias são inimigas e você é a pessoa que meu pai quer que eu leve até ele por estar desviando suas armas.

— Eu sei, eu só não quero te dar a ideia errada — eu confesso — Sentir atração um pelo outro não significa que nós podemos ceder a isso.

Eu tento ser racional. Em teoria somos só dois adultos com desejo mútuo e muita disposição para libertar essa tensão, mas a ideia de ir contra todo um legado da minha família parece ser aterrorizante.

— Você é comprometido? — Eda pergunta.

E eu posso jurar vê-la conferir meu dedo em busca de uma aliança. 

— Eu sou — apenas com a minha família, mas isso eu não posso dizer.

— Certo — ela vira o rosto em direção a janela — Me desculpe pelas insinuações, mas você não pode me culpar, eu... não sei de nada sobre você.

— É melhor assim, quanto menos vínculo tivermos, mais fácil será terminar tudo.

Ela apenas assente com a cabeça e volta a observar a janela. Não há muito o que ver na madrugada, mas eu sei que não vai demorar muito para o dia amanhecer, no entanto ela continua a olhar.

Não há mais conversa entre a gente, eu não sei se fico incomodado ou satisfeito que ela está fazendo exatamente o que eu acabei de dizer: diminuir o pouco da proximidade que nós tínhamos.

— Ele ainda está desacordado — eu a aviso quando chegamos ao lugar e observamos ele amarrado a cadeira e totalmente apagado.

— Ou fingindo — ela observa, indo até a garrafa mais próxima e jogando água no rosto dele.

O homem se assustou, mas claramente estava desmaiado antes de chegarmos.

— Coitado, Serkan — Eda faz uma voz piedosa — Você o machucou tanto... não precisava disso.

O homem olha entre mim e ela, nervoso.

— Qual o nome do nosso novo amigo?

Eda sorri pra mim e para ele, como se o homem não estivesse com o braço torcido e com a expressão assustada.

— Não sei, não tive tempo de perguntar.

— Você o trouxe aqui e nem sabe o nome dele? — ela finge indignação — Desculpa, querido — Eda olha para ele — Ele não sabe bons modos de convivência, qual o seu nome e o que te traz aqui?

Eu sinto a leve alfinetada que ela me dá com essas palavras.

— Me chamo Tahir  — o homem diz — Ele me trouxe, mas eu não sei nada, eu juro.

— Ah, então é uma pena — Eda acaricia o cabelo de Tahir de maneira carinhosa, sua atuação é... interessante — Neste caso você não tem serventia para nós.

No momento seguinte, Eda está com a arma apontada para a cabeça de Tahir e ele fecha os olhos, como se esperasse o disparo.

— Você morreria no lugar daquele filho da puta? — Minha vez de interrogá-lo.

— Espera aí — Eda se intromete — Você não é o cara que Cenk levou Serkan para conhecer?

— Não, sou apenas um dos seguranças do lugar, mas ele — Tahir aponta para mim — matou quem deveria estar aqui, me trouxe apenas para tentar me fazer contar algo que eu não sei.

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