CAPÍTULO 2

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Eu olho para o rosto dela, memorizando cada detalhe da sua aparência. Fodidamente linda... e perigosa. Sua feição quase angelical me enganou totalmente, eu não poderia imaginar que ela seria a pessoa que está tentando dominar a área.

Meus olhos passam pela sua boca, simplesmente porque se esses são os meus últimos segundos vivo, não custa nada ter uma boa vista antes de morrer. Mas o meu olhar parece deixa-la nervosa e eu percebo o mínimo movimento do seu dedo no gatilho da pistola, como se quisesse garantir que ela está no controle.

— Eu não teria problema em te desarmar, você sabe — eu a provoco. Querendo ganhar tempo, pensando nas possibilidades de sair dessa situação.

— Isso não é algo inteligente para dizer quando se tem uma arma apontada para o seu crânio — ela rebate.

E eu gosto mais ainda de como sua voz agora soa letal, muito mais atrativa do que quando eu pensava que ela era apenas uma moça que estava no lugar errado e na hora errada.

— Você vai me matar? — questiono.

— Eu não deveria? — ela me joga outra pergunta.

Mas surpreendentemente ela apenas abaixa a mão e coloca a arma de volta, no meio de suas costas, no mesmo lugar que gosto de guardar a minha. Isso é bom, mostra que ela entende o que está fazendo, que ela tem prática com armamento.

Ela me deixa... curioso.

— Bom, tudo terminou rápido — eu me movo minimamente, se ela quisesse me matar já teria feito isso.

— Nada acabou — ela me interrompe — Pelo menos não ainda, você não me falou quem você é.

— Isso importa?

— Se você estava atrás de mim, é claro que importa — ela contrataria — Eu não tenho tempo para conversas, preciso de homens bons...

Ela me olha de cima a baixo, como se estivesse conferindo se eu me encaixo nos seus padrões.

— Meu nome é Serkan — eu revelo a verdade. Mesmo com várias identidades e nomes falsos, eu prefiro falar a verdade para ela.

— Então, Serkan, porque você está à minha procura e porque você pareceu hostil quando entrou aqui?

— Pensei que encontraria um dos homens do sul tentando controlar essa área e se tornar mais poderoso que o norte — revelo —, mas não esperava encontrar você, uma...

— Uma mulher? — ela questiona.

— Uma senhorita delicada — eu revido e ela bufa com a minha resposta.

Não há como negar que eu nunca esperaria que uma mulher estivesse tentando ter o domínio da área.

— Alguém precisa organizar esse lixo de lugar — ela senta na mesa à minha frente — Tenho recebido reclamações, pessoas inocentes têm sido roubadas e ameaçadas, isso não é o certo.

Não, não é.

— Então você resolveu intervir? — constato o óbvio.

— Eu não deveria? Existe a porra de um tratado nessa cidade, firmado e respeitado para que as pessoas não corram riscos. Não é justo que toda essa área da fronteira fique à mercê de qualquer um só porque os poderosos resolveram esquecer que essa parte da cidade existe.

Bom, ela pensa parecido comigo.
E muito provavelmente não faz ideia de que está falando com o único herdeiro dos Bolat, ou não estaria sendo contra a hierarquia da cidade.

— Gosto da maneira que você pensa — deixo ela saber — Eu pensava que você era mais um idiota maluco por poder que eu teria que acabar hoje.

— Eu já imaginava que você não era tão ruim, por isso te deixei viver. — ela sorri, irônica.

— E quais são seus planos agora?

— Pacificar a área, mas sem deixar que Yıldız ou Bolat desconfiem.

Penso sobre o que ela diz, uma maluquice total, já que eu sou um Bolat, mas não vejo razões para recusar sua ideia. Duas pessoas com certeza são melhores em pensar sobre esse problema.

— Senhorita Yıldız — um homem entra no bar e a maneira, o sobrenome, que ele a chama faz toda a pele do meu pescoço se arrepiar — Seu carro já está aqui.

— Yıldız? — repito seu sobrenome, apenas para ter certeza que eu não ouvi errado.

— Oh, eu não me apresentei corretamente? — ela se aproxima de mim, descendo da mesa e ficando a alguns centímetros do meu corpo — Sou Eda Yıldız, herdeira do sul.

Sinto cada palavra que sai da sua boca como fogo em minhas veias.

Isso agora muda tudo.
Mas ela não me dá tempo de fazer alguma coisa.

— Esteja aqui em uma semana, esse mesmo horário — ela ordena como a porra de um comandante, uma verdadeira líder.

— E se eu não estiver?

Eda Yıldız para a caminhada que está fazendo até a porta e volta a olhar para mim.

— Então não vou pensar duas vezes em deixar uma bala no seu lindo rosto quando eu te encontrar de novo.

DYNASTYOnde histórias criam vida. Descubra agora