•Jisung - parte 2•

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Finalizei a apresentação em grupo agachada na frente de quatro integrantes, todas de pé, e ao lado de outras duas, que se posicionaram de forma semelhante a mim. Estava ofegante, cansada e insatisfeita, embora mantivesse o sorriso mais sincero que conseguia enquanto ouvia os gritos satisfeitos da plateia.

Era o comeback stage do álbum que eu tivera tanta dificuldade para compor. Depois de várias falhas e de inúmeras reprovações do queridíssimo JY Park, consegui deixar as músicas à altura. Infelizmente, todo esse trabalho me privara de incontáveis horas de descanso que eram mais que necessárias, ainda mais desperdiçadas quando nos informaram que gostariam de fazer uma coreografia mais complicada do que as de costume. Como se não bastasse, não paramos de nos apresentar em programas de entretenimento e fomos obrigadas a gravarmos com antecedência muitas das promoções do nosso novo álbum. E talvez, só talvez, essas tenham sido as razões para o meu desempenho no palco ter sido deplorável.

Quando as luzes se apagaram, logo depois de nos despedirmos dos fãs, tirei o sorriso do rosto e passei as mãos no cabelo em puro nervosismo. Consegui arruinar toda a apresentação inicial da nova era do grupo tanto no canto quanto na dança. Que ótima líder, hein!

Assistimos na pequena TV a apresentação, meu coração batendo forte no peito à medida que eu via meus deslizes. Em compensação, todas as outras integrantes estavam brilhantes. Ao final do vídeo, nos levantamos e sorrimos uma para a outra.

- Parabéns, meninas. Vocês foram incríveis! - Contive minha vontade de chorar ao fitar os olhinhos contentes de cada uma delas, sentido o peso da culpa e da vergonha por ter me saído tão mal - Me desculpem por não ter conseguido dar o melhor de mim hoje.

Agradeci mentalmente por minhas aulas de canto. Só isso para evitar que minha voz ficasse falha e trêmula à medida que as lágrimas emergiam dos meus olhos. Eu estava tão desapontada comigo mesma, tanto por não ter me apresentado bem como eu queria quanto por ter decepcionado os fãs e as garotas que eu considerava irmãs.

As meninas vieram ao meu encontro para me abraçar e me consolar, deixando-me no centro de um abraço em grupo que quase parecia um rolinho. De fora, vi um cameramen inconveniente tentar me filmar e me soltei das garotas. Era para a merda do documentário que estavam fazendo sobre nosso grupo. Sempre havia câmeras. Nunca tínhamos privacidade.

Antes que eu e o resto do meu grupo pudéssemos conversar a sós, fomos chamadas individualmente para comentarmos sobre nossas impressões a respeito da nossa apresentação. Como eu já imaginava, fui a primeira a ser chamada, considerando que eu era a líder.

Tentei me manter firme à medida que confessava o quão decepcionada estava comigo mesma por ter me apresentado tão mal. Ao ser liberada, estava tão exausta, mental e fisicamente, que não consegui sequer esboçar um sorriso forçado aos staffs e aos produtores do documentário que passavam por mim. Só conseguiria me sentir bem se me encontrasse com uma pessoa: Han Jisung. E ele não estava aqui agora.

Han e eu nos conhecemos naquela cafeteria há cerca de dois meses. Não era muito tempo, mas foi o suficiente para que eu me sentisse totalmente conquistada por tudo dele. Jisung era tão genuíno, sem esconder desde o início o quanto me admirava, sempre empolgado com as novidades do grupo. Ao mesmo tempo, era uma das únicas pessoas além da minha família - inclusive as integrantes - que me via pelo que eu era e estava disponível para mim a todos os momentos.

Ele era fotógrafo - estava na Malásia para estudar um pouco sobre em outro país - e, por isso, viajava com certa constância. Contudo, nunca me deixava de lado. Por saber que eu amava animais - com exceção de insetos -, me mandava polaroids que tirava pela Coreia de animaizinhos quase o tempo todo. Sempre havia uma dedicatória, geralmente numa folha de papel decorada por ele mesmo, que dizia o quanto sentia minha falta e que cada mínimo detalhe o lembrava de mim. Eu me derretia toda com isso.

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