•Felix•

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*Pfv leiam as notas no final do capítulo!!*
GATILHO: Baixa autoestima, gordofobia, menção a doenças neurológicas, TA

E depois de mais uma tentativa falha de seguir uma dieta e uma rotina puxada de exercícios, me vi pesando dez (10) quilos a mais do que antes.

Desde que me mudei para a Coreia, há seis (6) anos, venho sendo vítima de ataques gordofóbicos até mesmo por estranhos. Eu já era sobrepeso na Austrália, mas para os coreanos era bem pior.

Isso destruiu minha autoestima por completo. Costumava me sentir bem usando shorts e croppeds e me via engajada nos movimentos de corpo livre, sem contar que eram poucos os comentários desnecessários a respeito do meu peso, a maioria vindo da minha família, então eu desconsiderava.

Até eu me mudar para a Coreia.

Foi quando me envolvi em dietas loucas e rotinas absurdas de exercícios. Não sei quantas vezes já fui parar no hospital por exaustão e desnutrição, e já perdi a conta do número de dias que só saí do meu quarto por causa do meu melhor amigo, Felix.

E, mesmo assim, depois de tantas tentativas, o estresse, a pressão, a ansiedade, as dietas e até mesmo a depressão desregulavam completamente a minha rotina alimentar. Ou eu comia como se sentisse fome há meses e me entupia de besteiras, ou eu não comia nada por dias. E isso me fazia engordar todo o peso perdido e mais.

Eu já não sabia o que fazer. Não conseguia aceitar meu peso, e toda vez que me via em alguma foto ou no espelho me sentia uma ogra. Parei de ir à terapia porque não queria me respeitar, mas alcançar o corpo que eu idealizava.

Estava farta de tantas derrotas. E sentia que meu corpo também estava.

Caí no chão, mesmo sentindo que não havia um para me amparar. Uma amargura me consumia de dentro para fora, embora nenhuma lágrima saísse dos meus olhos. Era como se tudo fosse trabalhoso demais, até mesmo expressar qualquer sentimento.

Então, puxei minha coberta e me cobri, ainda no chão. Me virei de costas para que não pudesse ver meu reflexo no espelho e fitei o escuro da parte de baixo da minha cama. Talvez eu devesse me esconder lá até que a vergonha do meu próprio corpo fosse embora.

Quase ri da minha situação. Era ridículo ver uma garota da minha idade fazendo chilique de pré-adolescente.
Mesmo assim, só fechei os olhos.

- (S/n)? – Acordei com a luz se acendendo. Nem sei quando peguei no sono – Está em casa?

Era Felix. Me perguntei o que ele fazia na minha casa, até me lembrar de que era sexta-feira, dia de assistir filmes.

Prendi a respiração, torcendo para que ele não me encontrasse. Além de não querer ver ninguém, havia me esquecido completamente de tomar banho.

- (S/n)? – Percebi, pela proximidade de sua voz, que ele estava parado aos meus pés. Cerrei os olhos, aflita – O que faz no chão? E com essa coberta? Tá quente pra caramba!

Não respondi. Seria melhor do que qualquer desculpa inventada. Felix, por sua vez, caminhou até mim e se deitou ao meu lado. Continuei de costas para ele, virada para a cama.

- O que aconteceu? – Acariciou meu cabelo. Fiz um gesto negativo com a cabeça – Ao menos tire essa coberta. Está doente?

Ele tocou na minha bochecha com a mão aberta para ver se estava quente, mas a tirei rapidamente.

- Não estou com febre – Bufei – Estou com vergonha.

- Hã? De quê?

Mordi meu lábio inferior com força e me sentei para encarar Felix, ainda enrolada na coberta.

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2023 ⏰

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