• 33 - açaí •

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Finn

Estava feliz que eu e Millie tínhamos nos resolvido mas confesso que estou completamente assustado.

Já chorei, já gritei, já pesquisei. Sei que pessoas com HIV podem viver o mesmo tempo que as pessoas saudáveis mas mesmo assim, ela pode estar sofrendo.

E por outro lado, o facto de talvez ela me poder infectar, eu tinha muito medo disso também, mas por agora acho que a única coisa que posso fazer é ficar com ela e a proteger de qualquer coisa.

Agora estava indo para sua casa. Saio do carro e bato a porta de sua casa. A mãe dela abre a porta. Logo sorriu ao me ver e me abraçou.

Kelly é uma mulher incrível, nunca imaginei minha mãe fazendo isso com ninguém, especialmente comigo.

- Oi, Finn, como você tá? - ela perguntou sorrindo.

- Tou bem e você? 

- Tou ótima! Quer comer algo? - se desviou para eu entrar, logo entrei e ela fechou a porta atrás de mim.

- Não, obrigada, eu estava procurando Millie - ela me olhou estranho - é, posso dizer que a gente voltou - ela bateu palmas.

- Não sabia disso porque Millie chegou logo a casa e se jogou na cama.

- Ela não comeu nada? - negou com a cabeça.

- Ela não tem comido muito nesses dias e isso me preocupa um pouco - a interrompo.

- Kelly, posso te pedir algo? - pergunto.

- Claro, sempre! - sorriu.

- Pode preparar um lanche para ela, com coisas que ela possa gostar? É que eu tou muito preocupado.

- Tudo bem, obrigada por se preocupar tanto com a minha filha e por cuidar tão bem dela, se fosse o outro embuste de certeza que não faria nada disso - rio - para além disso, ele é tão afim desses padrões que andam por aí por isso nem vamos ligar para ele.

- É... obrigada, Kelly, sério e eu vou indo para o quarto dela - a mesma assente.

Logo subo as escadas e entro no seu quarto abrindo a porta devagar.

Ela estava dormindo que nem um anjo. Estava com a manta em cima de seu corpo e encolhida, provavelmente estava com frio.

Me ajoelho do lado da cama e retiro os cabelos que estavam tapando seu rosto.

O mesmo estava bem quente, toquei em suas mãos e elas estavam exatamente o contrário, como sempre.

Vejo que ela começa abrindo os seus olhos lentamente, ups, a acordei.

- Finn? - fala com a voz enrouquecida.

- Tou aqui, amor, não se preocupa, pode continuar dormindo. - ela se afasta e pede para eu me deitar do seu lado. Me sento na cama e retiro meus ténis.

Logo me deito e ela também me cobre com aquela manta. Em seguida me abraça.

- Como você está? - perguntei acariciando seus cabelos.

- Minha cabeça só está doendo um pouco desde que eu saí da escola - ela falou levantando a cabeça para olhar para mim.

- Já tomou algum remédio? - negou com a cabeça.

- Eu não como desde ontem então não.

- Millie, você tem que comer! - acaricio seu rosto - eu não quero que você desidrate assim.

- Eu sei, Finn, eu sei, me desculpa - beijo o topo da sua cabeça.

- Sua mãe já tá preparando um lanche, não se preocupa - revirou os olhos - não revira os olhos, você sabe que precisa.

- Eu sei. - sorriu - obrigada por estar aqui comigo. - me abraçou e escorou sua bochecha em meu peito.

Ouço batidas na porta e presumo que seja a mãe de Millie.

- Oi pombinhos - entrou no quarto sorrindo com um tabuleiro com comida na mão. Os olhos de Millie logo brilharam porque ela viu que tinha tarte de amêndoa, pão de queijo e por fim açaí que provavelmente sua mãe foi comprar na sorveteria aqui perto.

Colocou no colo de Millie.

- Faz favor de comer tudo, não quero ver você passando fome. - ela assentiu e logo sua mãe saiu do quarto.

Começou por morder o pão de queijo, parecia estar delicioso mas ela que tinha que comer não eu.

- Quer um pouco? - perguntou.

- Não, obrigado, come você que precisa - falei desviando sua mão com o pão de queijo.

- Só um pouquinho, eu sei que você quer - sorrio e dou uma pequena dentada, estava muito bom, ainda por cima era recheado.

- É bom, né? - assinto. Ela se colocou entre minhas pernas e se deitou sobre seu peito e ficou comendo.

Depois de comer o pão de queijo e a tarte, passou para o açaí.

- Quer um pouco também? - perguntou.

- Não, não gosto de açaí - ela arregalou os olhos.

- Como assim? Como assim você não gosta de açaí? É uma das melhores coisas do mundo! - falou indignada.

- Tem gosto de terra.

- Cala a boca e prova direito - me levou uma colher à boca, realmente achei que seria mau mas até que era bom.

- Hm - assinto - é bom.

- Viu? Tenho sempre razão!

- Não quando me trocou pelo o Jacob.

- Olha que isso é jogar podre - falou e eu ri. Beijo sua bochecha e ela sorriu.

Terminou de comer o açaí, coloquei o tabuleiro na mesinha que ela tinha ao lado da cama e nos deitamos.

Ela me abraçou e colocou sua cabeça em meu peito.

A mãe dela entra no quarto para retirar o tabuleiro e sorri quando olhou para a gente.

- Mãe, pode trazer um remédio para a dor de cabeça por favor? - Millie pediu.

- Tá bom, amor - levou o tabuleiro e foi pegar o remédio.

- Já já você vai ficar melhor não se preocupa - acaricio seus cabelos e ela levantou a cabeça sorrindo.

- Você não tem nojo de mim por conta dessa doença né? - perguntou insegura.

- Claro que não! Que pergunta é essa?

- Sei lá, eu tenho medo - abaixou o olhar e seguro em seu rosto.

- Me escuta. Isso não é motivo para eu ter nojo de você, eu te amo e eu nunca vou ter nojo de você - ela sorri e me abraça forte.

- Obrigada, Finn. - ela agradece - e... eu também te amo - arregalou os olhos.

- Espera você tá falando sério? - levanto seu rosto e ela assente.

A beijo no momento e ela sorri.

Quando terminamos o beijo ela logo me abraça.

- Aqui seu remédio e uma garrafa de água porque também não quero que fique com sede - Millie assente. Se senta na cama, e coloca o remédio na boca, e bebe água engolindo o remédio.

- Vou deixar vocês sozinhos agora, qualquer coisa estou na sala - nós concordamos e ela sai do quarto.

Millie se deita e me abraça novamente, ficamos assim por um bom tempo. Até ela adormecer de novo.

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⏰ Última atualização: Aug 31, 2022 ⏰

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𝐲𝐞𝐥𝐥𝐨𝐰 - 𝐟𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora