Doce Rendição

Levo você no coração

Daniel

Em um ato puramente instintivo, separei nossos lábios, mesmo que ela permanecesse grudada ao meu corpo.

— Uau! — com os arregalados e um sorriso meio forçado, para tentar disfarçar o meu susto misturado com a volta brusca à realidade, disse. — Gaby, isso foi... — Ainda um pouco fora de mim, tentei expressar em palavras uma ideia que nem a minha mente tinha formado. Foi tudo muito rápido, eu nem estava esperando.

— Bom? — sugeriu. — Ótimo? — tinha um sorriso vitorioso no rosto. — Gostoso? — Um sorriso que, às vezes, mostrava leves traços de malícia.

— Top — falei em um suspiro a primeira ideia que a minha cabeça conseguiu formar. Ainda me sentia um pouco desnorteado com o que tinha acabado de acontecer. Meu corpo estava ali na frente da Gabriela, mas todos os meus pensamentos estavam em Arthur.

— Ahhh, bom saber — arqueou uma das sobrancelhas de um jeito bem charmoso. — Então, que tal repetir? — envolveu meu pescoço com seus braços e encostou mais ainda seu corpo ao meu, dando-me novamente um beijo.

Porém, eu não conseguia me concentrar totalmente no beijo. Não conseguia nem fechar os olhos para aproveitar o momento de ter a gatinha da Gabriela comigo. Mesmo com ela me beijando, tentei buscar Arthur com o olhar, e acabei vendo-o descendo do "palquinho" e sendo praticamente engolido com os olhos por um grupinho de garotas que se aproximaram dele, incluindo uma garota bonitinha da sua turma, uma tal de Olívia.

Automaticamente, pensei que, agora, Art devia estar mais familiarizado com a festa. Talvez o gelo inicial tivesse sido quebrado com a música, a vergonha tivesse dado um tempo e ele pudesse se sentir mais confortável. Aliás, com todas as meninas que estavam ao seu redor, não tinha como se sentir desconfortável. Na verdade, o desconforto era um pouquinho meu, por vê-lo naquele assédio todo de garotas.

Porém...

— O que foi? — a loira separou nossos lábios e me encarou com um sorrisinho. — Tá preocupado com alguma coisa? — desceu as mãos por meus braços, fazendo com que eu a segurasse mais firme pela cintura. — Relaxa, bebê. Está tudo tranquilo. Relaxa e me beija — e levou seus lábios aos meus, mais uma vez.

É, realmente ele deveria estar tranquilo mesmo. Com aquela apresentação, as meninas caíram em cima do Arthur, e ele parecia estar muito bem acompanhando... Deixei me levar, assim, pelo beijo da Gabriela. Fechei os olhos e aprofundei. Demos altos pegas ali mesmo, no meio de todo mundo. Perdi até a noção do tempo.

Nos beijamos, dançamos ao som daquelas músicas típicas de festas e passamos muito, muito, tempo nisso. A loira não desgrudava de mim nem por um segundo sequer, mas eu também não estava achando ruim. Eu estava de boa, estava tranquilo, só aproveitando o momento mesmo. Até que...

Sim! Sim! A gente tinha passado muito tempo nisso e eu não tinha me dado conta até aquele instante! Quanto tempo eu estava ali com ela, afinal? Acordei daquilo no susto. Ao nosso redor ainda haviam muitas pessoas, quase ninguém tinha ido embora, mas a minha certeza era de que o tempo já estava muito adiantado.

E o Arthur?

Quanto tempo eu o deixei "sozinho"?

Será que ele ainda estava com aquelas meninas? Com quem ele estava?

Olhei ao redor, preocupado, procurando por ele ou Olívia. Felizmente, em uma das olhadas, acabei encontrando-a, mas não o vi com ela. Droga.

Para onde Arthur tinha ido?