Sim, por favor

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Daniel


Dei uma última olhada no espelho, analisei meu blazer azul marinho, passei as mãos nos cabelos e pronto. Eu estava pronto para o baile. Minhas últimas horas em solo lisbonense tinham chegado. Mirei no cantinho da porta e todas as minhas malas já estavam lá, feitas, apenas esperando o domingo de manhã chegar para eu partir.

Ergui o braço e olhei as horas. Era sete e quarenta e cinco da noite. Bom, estava mais do que na hora de ir para baile, já que eu ainda passaria na casa da Gabriela, para buscá-la. Acabei me lembrando de algo: será que Arthur queria uma carona com Olívia, já que ele ainda não dirigia? Hum, Olívia... Eu ainda não sabia descrever a maneira como me sentia quando pensava neles dois.

De todo modo, se eu pensasse friamente, eles poderiam ser o casal perfeito, porque não tinha nada que os impedissem de ficarem juntos.

Saí do quarto e caminhei pelo corredor, indo em direção ao de Arthur. Dei dois toques na porta. No terceiro, ele atendeu. Assim que abriu, eu involuntariamente fiquei extasiado. Sim, foi mais forte do que eu, porque, pelo menos até ali, os meus planos eram tentar disfarçar tudo ao máximo. Mas, não deu.

Ele estava lindo.

Na verdade... Se isso ainda fosse possível, porque o garoto conseguia ser lindo de qualquer jeito.

Estava vestido formalmente, assim como eu. Seu blazer era cinza, por cima de uma camisa branca social de mangas longas e uma gravata preta. Seu cabelo preto estava penteado de um jeito que deixava seu topete muito mais estilosinho. E os seus olhos azuis estavam mais brilhantes que nunca. Ah se eu pudesse só... Balancei a cabeça no mesmo instante, tentando me desvencilhar do pensamento.

Foco, Daniel. Foco.

— Eu vim aqui perguntar se você quer uma carona para o baile — disse. — Eu vou só passar na casa da Gabriela, para busca-la, e de lá eu vou. Ainda tem espaço no carro para você e a Olívia.

Arthur me deu um sorrisinho e balançou a cabeça em negativo.

— Valeu, mas não... Não precisa — respondeu. — Eu já combinei com a Olívia que vou passar de Uber na casa dela, e de lá nós vamos.

Uber?

— Não, Art... Vamos com a gente, dá certo, não precisa gastar dinheiro com...

Porém, antes que eu conseguisse terminar ele me interrompeu.

— Relaxa, relaxa... — ergueu as mãos, balançando-as. — Não precisa, sério. Já combinei direitinho com a Olívia. Vai dar certo assim. Inclusive, eu já estou de saída... — disse, fechando a porta do quarto atrás de si e saindo para o corredor. — Bom baile para você e a Gabriela — sorriu, dando um toquezinho no meu ombro, e saiu.

O vi caminhando pelo corredor, até descer as escadas e sumir. Suspirei. Ainda não estava acostumado com essa independência do meu irmão mais novo. Para tudo, ele sempre contou comigo, mas agora não. Agora ele estava crescendo, começando a caminhar com as próprias pernas, e eu sentia como se estivesse sendo deixado de lado.


❖❖❖


Passei na casa da Gabriela umas oito e pouco da noite, ela já estava pronta e muito bonita, diga-se passagem. Usava um vestido preto, muito justo, que ressaltava todas as suas curvas. E me atacou no carro, quando me viu. Eu pensei em perguntar ironicamente se ela não queria transar ali mesmo ou esperar pelo fim do baile. Não perguntei, claro. Mas, do jeito que ela estava, vontade não me faltou.

Doce RendiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora