Arthur estava crescendo

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Daniel


— Estudem o capítulo quinze, porque o último teste já vai ser na aula que vem. Tudo bem? — disse o professor de física, segundos antes do sinal soar, indicando o fim do horário de aulas.

O ano estava acabando, assim como meu ensino médio também estava a um passo de terminar. Eram as últimas provas, e, logo logo, eu estaria livre do colégio. Me levantei da carteira e comecei a recolher meu material, quando, de repente, senti uma mão tocar meu ombro.

— E aí, palhaço, como tá essa força? — era Bianca, com sua típica frase de sempre, acompanhada de Gisele e Henrique.

Sorri.

— E aí, alcoólatra! — me virei para dar um toque de mãos. Por mais que a Bianca fosse mulher, ela não tinha muito daqueles trejeitos de feminilidade, assim como também não tinha papas na língua. Ela não tinha besteira com nada. Por isso, eu me dava a liberdade de falar com ela como quisesse. — Eu que te pergunto como tá essa força. Recuperada da vergonha que passou na festa da Gabriela? — dei uma risadinha.

Gisele e Henrique também riram, enquanto Bianca revirou os olhos.

— A Bia bodou — Gi disse e riu mais um pouco.

— A Bia bodou? — perguntei, incrédulo, e ri mais ainda. — Porra, Bia. Até rimou com teu nome. Bia bodou! Dava pra ser seu sobrenome, né? — zoei.

Vai se foder, idiota — a negra resmungou e me deu um olhar de poucos amigos.

— Tivemos que leva-la carregada pra casa — Henrique completou.

No mesmo instante, Bia deu-lhe um olhar de indignação.

— Ai Henrique! — exclamou. — Você mal abre essa boca, mas quando abre é só pra falar merda! Podia ficar calado — resmungou, por fim. — Agora o bonitão aí vai ficar me zoando com isso até 2080 — falou, referindo-se a mim.

— Ainda bem que você sabe disso — ri, concordando. Eu jamais poderia perder a oportunidade de zoar Bianca. Era um dos meus hobbies preferidos. — Pena que não pude ver essa cena. Mas eu ia adorar. Quem sabe até tirasse umas fotos para guardar de recordação e tal — brinquei e, no mesmo instante, ganhei dela um empurrão de presente.

— Por falar nisso, você sumiu, amigo — Gisele comentou. — Depois que te vimos dando uns pegas na Gabriela, você desapareceu. A gente ainda pensou que você tivesse ido para algum lugar mais reservado com ela — soltou uma risadinha. — Mas não. Ela ficou lá com as amigas e você desapareceu.

— E ainda é idiota de ter perdido a oportunidade de transar com a Gabriela — Bianca resmungou.

Ri um pouquinho pelo nariz.

— Ahh... — suspirei. — Foi o meu irmão. Ele estava, sei lá, meio com sono, cansado. Preferi leva-lo pra casa. Por isso, o meu sumiço — expliquei.

De repente, minha mente me levou de volta ao jardim da Gabriela. Foi lá onde as coisas começaram a ficar realmente esquisitas. Estava tudo indo bem, só que, de repente, algo aconteceu. Eu só ainda não sabia o que.

— Nossa, Daniel... — Bianca replicou com desgosto. — Tivesse levado o Arthur pra casa e depois voltado, né? Ninguém perde a oportunidade de transar com a Gabriela não, mané — deu uma tapinha na minha nuca.

Sorri, balançando a cabeça em negativo. Transar com a Gabriela não era bem a meta da minha vida, como era para algumas pessoas. Eu já tinha transado com outras "Gabrielas" ou "Gabrieis". Então, para mim, não fazia diferença, mesmo que ela fosse o sonho de consumo do colégio inteiro. Se rolasse, tudo bem. Se não rolasse, tudo bem também. Não era algo que eu ficava pensando.

Doce RendiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora