A puberdade era um demônio!

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Arthur


Como um ímã que atraía metal, meus olhos se fixaram em sua boca de um jeito sem igual. De um jeito surreal. Se antes meus pensamentos e sentimentos eram uma completa confusão quando Daniel chegava perto de mim, dessa vez eu tive certeza absoluta do que eu queria. Dessa vez, tudo se tornou claro como água, não havia um rastro de dúvidas: eu queria beijá-lo.

Era a maior certeza da minha vida.

Uma certeza tão assustadora e, ao mesmo tempo, tão... Gostosa.

Encarava sua boca, enquanto ele também encarava a minha. Por um segundo, achei que ele queria o mesmo que eu. Por um segundo, senti uma felicidade incompreensível. Por um segundo, imaginei que não éramos irmãos. Por um segundo, pensei que nós sempre fôssemos apenas bons amigos. Por um segundo, tudo fez sentido. Por um segundo, tudo tinha se encaixado na minha cabeça.

Até que...

No segundo seguinte...

A realidade socou meu rosto, quando senti uma excitação querendo começar a formigar minha virilha. Não. Não, não, não. Estava tudo errado, não tinha nada certo. Nada. Se em um milésimo atrás eu pensava que tudo fazia sentido, agora já não fazia mais. Se em um milésimo atrás eu tive a impressão de tudo ter se encaixado na minha cabeça, agora todas as coisas tinham se embaralhado novamente.

Pisquei os olhos repetidas vezes, como se estivesse acordando de um sonho, ou mesmo de um pesadelo, e voltei minha atenção ao seu olhar, que ainda encarava minha boca. A força, que outrora ele usava para segurar firme meus pulsos em minhas costas, já não estava mais lá. Daniel estava absorto, perdido em algum lugar, ou em um mundo paralelo. Aproveitei, enfim, sua fraqueza para sair dali.

— Eu... — Um pouco nervoso e hesitante, disse. — E-Eu vou subir.

Me soltando com facilidade de suas mãos, rapidamente saí da piscina, tomando cuidado, para que ele não visse o jeito como eu estava entre minhas pernas, e deixando para trás um Daniel meio perdido e desorientado. Andei pelo jardim o mais rápido que pude e subi as escadas de casa correndo. Dei graças a Deus meus pais não estarem por ali.

Quando finalmente cheguei ao meu quarto, fechei a porta e tranquei-a muito bem. Mesmo com a roupa toda molhada, me joguei na cama, porque não conseguia fazer mais nada além disso. Eu não conseguia pensar em mais nada, a não ser no que tinha acabado de acontecer. Respirei fundo, tentando recobrar meu equilíbrio, mesmo sendo praticamente impossível.

Se por um segundo achei que tinha entendido tudo, agora eu não entendia mais nada.

Deitado e ainda assustado, desci meu olhar pelo meu corpo até chegar lá. Estava duro, de novo, pela milésima vez. Suspirei e esfreguei as mãos no rosto, exasperado. Depois daquele primeiro dia que amanheci com ele nesse estado, foi como se as coisas tivessem saído completamente do controle. Eu ficava excitado com tudo, com simplesmente tudo. Com filmes, histórias, e até comerciais de televisão!

Era algo incontrolável, involuntário. Ele tinha vida própria.

Se eu visse um homem beijando uma mulher, ficava excitado. Se eu visse uma mulher beijando outra, também ficava. Se eu visse um homem beijando outro, do mesmo jeito, lá estava meu pênis endurecido outra vez. Eu podia ver qualquer coisa, tudo me deixava assim. Começava a achar que eu estava ficando doido, ou sei lá. Não podia ser normal!

A puberdade nos deixava loucos assim?!

E o pior: de tudo que pudesse me deixar desse jeito, o que mais me excitava, em níveis ultra, mega, master, blaster, era qualquer coisa relacionada ao Daniel. Ele sim era quem mais mexia comigo, e eu não sabia porquê. Tão fora de contexto! Tão sem sentido! Tão... Tão errado! Ele era meu irmão. Mesmo que nas nossas veias não corresse o mesmo sangue, mesmo que não tivéssemos saído da barriga da mesma mulher, nós ainda éramos irmãos.

Doce RendiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora