CAPÍTULO 15

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Três meses já haviam se passado e a mais uma sessão começou com Kinn, a Dra. sentia que era hora de cavar esse buraco no coração de Kinn um pouco mais.

Ela já tinha conhecimento de alguns acontecimentos pós trauma do Kinn, sabia que ele e Porsche tinham sido sequestrados e que desde então Kinn não estava se sentindo bem e era hora de tocar nessa ferida.

- Bom dia Kinn, vejo que hoje está mais animado que na semana passada - A Dra. disse abrindo a porta para Kinn entrar dando um leve aceno para Porsche que ficou do lado de fora aguardando a sua vez.

- Posso notar que você tem dormido melhor, suas olheiras quase não existem mais - Sorriu docemente a senhora se sentando na frente de Kinn pegando a caderneta.

- Já faz um tempo que não tenho pesadelos, me sinto mais confortável para dormir - Disse Kinn

- Bom Kinn, hoje quero que me conte ou pelo menos tente me contar oque ainda está aí preso nesse seu coraçãozinho - A Dra. olhava firmemente para Kinn com um olhar doce e compreensivo para encorajar Kinn.

Kinn se mexeu desconfortável no sofá olhando para o chão, desde que decidiu começar a terapia, Kinn sabia que essa hora iria chegar e não sabia se estava preparado para aquele momento, mesmo depois de meses de conversa com a Dra.

- Kinn... - Chamou a Dra. fazendo o jovem olhar para a mesma - O começo é realmente doloroso, mas uma vez que você começar a colocar para fora se sentirá melhor.

- Lembre-se, não estou aqui para te julgar, estou aqui para que junto com você possamos achar um caminho para que você possa viver em paz - A senhora tirou os óculos colocando no braço da poltrona, arrumando sua postura deixando de lado a caderneta.

- Olha, nesse momento eu irei apenas te ouvir - Continuou encorajando a Kinn.

Kinn suspirou pesadamente e se sentou reto no sofá apoiando as mãos nos joelhos.

- Eu já lidei com muitas situações tensas no trabalho, mas eu nunca tive nada a perder - Começou Kinn meio sem jeito para falar.

- Mas dessa vez, foi diferente, dessa vez eu tinha medo, eu tinha oque perder.. - Kinn baixou a cabeça suspirando fundo - Dessa vez, eu tinha o Porsche ..

A Dra. nada disse, apenas mantinha seus olhos calmos e acolhedores na figura a sua frente.

- Quando eu vi Porsche naquela situação, morrendo na minha frente ... - Kinn levantou a cabeça olhando para o teto com a voz embargada.

- Eu me ofereci para ficar no lugar dele - Disse Kinn de uma vez, baixando os olhos encontrando os olhos doces de Ploy.

- Eu.. eu tinha que fazer aquilo - Kinn manteve o olhar de Ploy buscando algum apoio e a mesma fez um leve aceno de cabeça para que ele continuasse.

- Continue Kinn.. - Encorajou a mais velha.

- Toda vez que fecho os olhos, lembro dos lábios gelados dele nos meus - Kinn fechou os olhos abaixando a cabeça, cerrando os punhos com força tentando não desmoronar. Era a primeira vez que ele falava aquilo em voz alta.

A Dra. Ploy, naquele momento percebeu que não era somente um trauma de uma violência comum, Kinn tinha sido machucado da pior forma.

- Naquele momento eu só conseguia sentir dor, sentir todo o meu ser, ser quebrado - Continuou com uma certa dificuldade - Eu achei que aguentaria aquilo, eu só pensava em tirar o foco dele de Porsche.

Kinn parou de falar e levou as mãos à cabeça como que tentasse tirar as imagens da sua cabeça, não segurando mais as lágrimas e deixando rolar pela primeira vez na frente da Dra.

- Kinn, deseja parar por um momento? - A Dra. se levantou da poltrona indo até o sofá sentando ao lado de Kinn, ela queria que o mesmo colocasse tudo para fora, mas não queria forçá-lo a sofrer dessa forma.

- Não.... Não.. se eu parar, nunca mais conseguirei falar - Kinn abaixou as mãos e se virou para olhar a Dra. que estava ao seu lado.

- Eu achava que seria forte, que nada iria me abalar, só que por um momento eu esqueci de Porsche, eu esqueci de tudo e só desejei a morte, eu.. eu esqueci dele, eu nem sabia mais o porquê estava fazendo aquilo - Kinn passou as mãos no rosto secando as lágrimas - Quando tudo acabou, eu me sentia sujo, jogado no lixo eu não tinha coragem de encarar os olhos de Porsche.

Kinn falava olhando um ponto fixo na parede a frente como que por um momento ele estivesse imerso em outro lugar, como se a presença da Dra. não fosse mais notada.

- Foi tudo em vão.... Eu não consegui salvar o Porsche, ainda assim ele quase morreu - Kinn falava baixo, como que falasse consigo mesmo - Eu fracassei, eu estava machucado, destruído, incapaz de protegê-lo.

Kinn se levantou e caminho em direção a Janela - Naquele dia, Vegas me matou duas vezes, ele feriu minha alma e meu coração. - Kinn abriu a janela e olhou para baixo.

A Dra. Ploy logo se colocou de pé, indo até o jovem, colocando a mão em seu ombro - Vem, vamos sentar - Disse a senhora não demonstrando mas tinha receio de Kinn perto da janela.

Kinn despertou do seu transe ao sentir o toque em seu ombro e virou para olhar a Dra. se deixando guiar para o sofá novamente.

- Kinn, como você se sente em relação ao Porsche nisso tudo? - Perguntou a Dra. voltando a se sentar defronte a Kinn na sua poltrona.

- Porsche? .. eu, eu não sei.. ele se machucou tanto quanto eu - Kinn começou dizer porém foi interrompido pela Dra.

- Kinn, não pense, fale oque está no seu coração. - Kinn olhou para a Dra. e suspirou pesadamente, ele sabia oque ela queria dizer, Kinn no fundo do seu coração culpava Porsche por tudo aquilo, mas não queria admitir.

Kinn apoiou os dois cotovelos nos joelhos e apoiou a cabeça nas mãos fechando os olhos tentando organizar o barulho que estava sua mente.

- Se.. se Porsche tivesse me ouvido uma única vez... - Kinn sussurrou quase que pra si mesmo, balançando a cabeça em negativa ao que estava dizendo - Não... Não é culpa dele, mas ...

Kinn não conseguia aceitar oque se passava em seu coração, ele amava Porsche mais que tudo e não se permitia a culpar Porsche por tudo oque aconteceu com eles.

- Kinn, você acha que Porsche é o culpado do que aconteceu? - A Dra. perguntou olhando Kinn de modo mais sério.

- Eu... Eu não posso dizer isso... - Kinn se levantou e foi até a porta abrindo a mesma saindo do consultório sem olhar para trás, deixando Porsche atordoado com a cena, indo atrás de Kinn.

- Kinn... Kinn.. - Porsche alcançou o namorado e o fez parar de andar - Oque houve? Aonde você vai?

Kinn parou para olhar para Porsche com um olhar de culpa, o rapaz levou uma das mãos ao rosto do namorado - Agora é a sua vez, preciso ficar sozinho, vou voltar para o hotel, te espero lá.

Kinn soltou o rosto de Porsche e caminhou para o carro pedindo para o guia levá-lo ao hotel. Porsche olhou o mesmo partindo e voltou para o consultório.









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BROKEN - KinnPorsche 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora