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Kimberly's pov

Depois de me acalmar um pouco, fechei meus olhos tentando descansar, mas logo despertei quando ouvi um som de telefone. Me virei e olhei o telefone que estava na parede, não era possível, eu devo estar alucinando.

Me levanto indo em direção a ele e pegando no mesmo.

- Não funciona. - Me assuto ouvindo a voz do homem atrás de mim. - Não desde que eu era criança. Deixe-o aí. - Ele fala ligando a luz do cômodo. Me viro lentamente para trás e me encosto na parede não esboçando nenhuma reação. - Eu sei que você está com medo e quer ir para casa. Vou levá-la para casa em breve. Mas sabe, está tudo fodido. Eu tenho que ficar lá em cima por um tempo. Algo surgiu.

- Oquê? - Pergunto pela primeira vez na esperança de alguém o ter descoberto.

- Não importa oquê.

- Alguém viu alguma coisa? A polícia está vindo? Se você me deixar ir antes que eles cheguem aqui, eu prometo que não vou contar. - Peço desesperada. Ele ri, mas aquilo parecia um riso de pena.

- Não é a polícia.

- É alguém? Alguém está vindo? Eu vou gritar! Se alguém estiver lá em cima irá me ouvir.

- Não ele não vai. Não com a porta fechada.

- Ele? - O sequestrador suspira pesado já perdendo a paciência.

- Com a porta fechada ninguém pode ouvir nada aqui embaixo. Eu mesmo o insonorizei, então grite o quanto quiser, porque você não vai incomodar ninguém.

- Você é o cara que matou os outros. Bruce. Robin. - Falo sentindo as lágrimas nos meus olhos.

- Esse não era eu. - Ele fala vindo em minha direção. - Esse era outra pessoa. Eu nunca vou fazer você fazer algo que você não goste.

- Se você me tocar eu vou arranhar o seu rosto. E quem vier vai ver e perguntar porquê.

- Este rosto? - Ele fala apontando para a máscara. - Desligue esse telefone agora. - Coloco ele no lugar onde estava e continuo encarando ele. - Eu estava aqui uma vez quando tocou. Coisa mais assustadora. - Ele fala rindo apontando para o telefone. - Acho que é a eletricidade estática que faz isso. Ele tocou enquanto eu estava bem ao lado dele e eu peguei sem pensar para ver se alguém estava na linha.

- E tinha alguém? - Eu pergunto e ele nega com a cabeça.

- Não. - Ele responde e vai embora fechando a porta com força.

Olho em volta e começo a gritar.

- SOCORRO! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDE! POR FAVOR! - Gritei e gritei mas não adiantou de nada então apenas me encostei na parede escorregando até ao chão e desabando em lágrimas.

Porquê eu? O que eu fiz de errado para merecer isso?

Olho para cima e vejo uma janela fechada com uma grade. Me levanto e tento alcançá-la mas não adianta. Tento mover a cama mas não consigo, essa porra está presa no chão.

- Pare, pare com isso Kimberly! Se alguém pudesse quebrar aquela janela já o teria feito. Robin teria feito isso. - Volto a me sentar na cama encolhendo meus joelhos os agarrando. - Você não vai sair daqui. Eu não vou sair daqui.

Meu desespero ia voltar, quando ouço o telefone tocar. Mas dessa vez ele não parou de tocar. Me levanto assustada aproximando-me devagar. Pego ele colocando no meu ouvido.

- Alô? - Ninguém falou. - Oi? Está alguém aí? - Continuou o silêncio, então apenas desisti. Começo a rir. - Eu estou ficando paranóica.

Coloco minhas mãos no meu rosto e volto a me deitar na cama. Mas dessa vez fechei os olhos tentando dormir. Não havia muito o que eu fazer então apenas dormi já que há 4 dias não fazia isso direito.

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Não sei se dormi por muito tempo. Acho que não. Mas acordei com um barulho estranho, abri meus olhos e olhei em direção do telefone e ele estava...respirando? Ele estava se movendo, como nossa barriga mexe quando a gente respira.

- Pare com isso!

- Parar com oquê? - Me assusto encostando minhas costas rapidamente na parede. Vejo que o sequestrador estava sentado no chão me observando dormir. Mas que idiota mais psicopata.

- Eu estou com fome.

- Como estão seus olhos? - Ele pergunta ignorando totalmente o que eu disse.

- Eles doem.

- Bem eu não posso trazer nada para você comer. Terá que esperar.

- Há alguém lá em cima que vai ver você me trazer comida?

- Não se preocupe com isso.

- Se você não ia me alimentar porque veio até aqui?

- Só para olhar para você. - Sinto meu corpo se arrepiar de medo. - Eu só queria olhar para você. - Ele fala e vai embora fechando a porta.

Que filho da puta quer ver uma criança dormindo?Esse cara é um psicopata. Minha respiração começa a ficar acelerada talvez pelo medo de dormir e ele fazer algo comigo.

Apenas volto a me deitar fechando os olhos para tentar me acalmar, mas não durmo.

Escuto aquela porra de telefone tocar de novo e me levanto assustada o encarando. Será que eu realmente to ficando louca e estou ouvindo um telefone estragado tocar? Fecho meus olhos e os aperto na esperança de aquilo parar mas não para. Tapo meus ouvidos, mas continua então apenas me aproximo e atendo.

- Alô? Tem alguém aí? Eu preciso de ajuda, por favor. ALÔ? - Grito já sem paciência.

- Kimberly... - Ouço uma voz do outro lado da linha. Levo um susto e deixo o telefone cair me afastando.

Ele toca de novo.

Me aproximo, pego e coloco de novo no lugar para ver se para de tocar. Mas ele toca de novo e dessa vez é um som repetitivo que faz meus ouvidos doerem.

- PARA! - Tapo meus ouvidos na esperança de parar mas não para então atendo.

- Não desligue. - Ouço do outro lado da linha. Paraliso por um segundo, mas me recomponho rapidamente logo respondendo a pessoa.

- Eu não vou. Quem fala?

- Eu não me lembro do meu nome.

- Porque não?

- É a primeira coisa que você perde.

- Primeira coisa que você perde quando?

- Você sabe quando.

- Como você sabe o meu nome?

- Nos encontramos uma vez. No campo de beisebol.
O seu braço é uma arma, lembra? - Eu não acredito. Lembra quando eu falei que conheci o Bruce no campo de beisebol em um jogo do Finney? Quando a gente foi se cumprimentar eu meio que me irritei e acabei "magoando" ele. Ele falou aquela frase na brincadeira mas meteu muita graça na hora.

- Bruce? Bruce Yamada?

- S-sim! Bruce. Eu sou o Bruce.

- O telefone tocou para você?

- Tocou, mas nenhum de nós ouviu. Só você. O sequestrador também o ouviu, mas não quis acreditar.

- Porque está me ligando?

- Há uma camada de terra no chão do corredor onde o azulejo está solto.

- Ok, mas o que eu faço com isso?

- Cave abaixo da fundação. Eu tentei, mas não havia tempo para eu desenterrar e sair do outro lado.

- Terei tempo suficiente? - Pergunto mas escuto um som que indica que desligou. - Alô? Bruce?

Merda.

Born to Die | Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora