Capítulo Quatorze

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Arthur Bianchi

Limpo o corte da minha testa. Coloco um curativo e olho para meu rosto refletido no espelho.

Tem um corte na minha bochecha, no supercílio, no lábio e um olho roxo. Pelo menos não tive uma concussão.

Minha mãe está a meia hora surtando sobre a briga.

Desço as escadas e vou para a sala. Sei que teria que conversar com eles mais cedo ou mais tarde.

__ Arthur! - ela grita assim que me vê - o que você fez foi muito errado!

__ Errado nada, fez foi certo, e muito bom.

__ Que muito bom, Joseph?

__ Deixa o menino brigar, quebrar a cara, faz parte da vida. Ainda bateu naquele insuportável.

__ Seu sobrinho.

__ Meu sobrinho insuportável!

__ Ele o jogou da escada.

__ Deveria ter jogado de um prédio. Muleque chato pra caralho! - minha mãe aponta o dedo para ele, como se dizendo que iriam conversar depois.

Anne se senta do meu lado e coloca a mão no meu ombro. Sinto um pouco de dor, mas prefiro não dizer nada.

__ Isso nunca ocorreu antes filho. Quer me contar o que aconteceu?

__ Para de tratar ele como uma criança. Arthur tem 20 anos, deixa ele viver a vida dele.

__ Fica calado!

__ Deixa ele apanhar, bater, ter um relacionamento, ser corno, faz parte da vida!

__ Que faz parte da vida, o que?

__ Metade dos meus amigos foram cornos, e são tudo bem sucedidos - ela se levanta e eles voltam a discutir.

Suspiro ao ouvir eles brigarem mais uma vez. Meu pai é mais liberal, mas minha mãe... Não sei como contar isso para eles.

__ Ele não pode sair por aí batendo nas pessoas, ainda mais no próprio primo.

__ Tentei afogar meu irmão na piscina uma vez, e está tudo bem. Ele era mais forte e eu acabei afogado, mas estou vivo!

__ Você é louco! Me casei com um louco.

__ Não, se casou com um bilionário! - ele fala arrogante e minha mãe bate nele.

Respiro fundo e tomo coragem para falar de uma vez. É melhor do que ouvir eles brigando dessa forma.

__ A gente brigou por sair com a mesma pessoa - eles param a discussão e me olham.

__ Vocês transaram com a mesma pessoa? - meu pai pergunta confuso.

__ Você disse pessoa? - minha mãe pergunta ainda mais confusa.

Passo a língua pelo meus lábios e nem me importo com a ardência que sinto. Olho para o chão, sem coragem para encara-los.

__ Sim, eu disse pessoa - engulo em seco - saímos com o mesmo garoto! - falo de uma vez.

Continuo olhando para o chão. O silêncio é desconfortável e irritante. Não sei o que estão pensando agora, não tenho coragem nem de olha-los.

Ouço um barulho alto e vejo minha mãe jogada no chão. Céus... Ela desmaiou?

__ Mãe! - vou até ela para ver o que aconteceu - pai, faz alguma coisa.

Meu pai está olhando para o nada, ainda raciocinando o que eu disse. Agora estou com medo da reação dele.

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