15 AZRIEL

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Mais um trovão ribombou no céu, faziam horas que eles estavam andando indo em direção ao outro porto, onde o último navio desse mês iria partir para o Continente.

Eles precisavam se apressar, era a sua responsabilidade em não falhar com seu irmão ou com a sua corte, nem que precisasse ir voando sobre o mar inteiro. Ao seu lado Erya seguia silenciosamente, seus passos abafados pelas pesadas gotas de chuva, mais uma vez, ele pensou em como seria muito mais fácil se estivesse sozinho. Ele sabia que não podia confiar naquela fêmea. Suas sombras não conseguiam identificar quais eram os seus poderes, e ficavam agitadas perto dela. Azriel decidiu interpretar isso como um mal sinal.

Mais um relâmpago iluminou o céu. A escuridão não era um problema, mas a chuva dificultava a caminhada, além disso eles precisavam descansar, passaram o dia andando. Enquanto, sua mente estava perdida em pensamentos, eles seguiram a diante. Então, a fêmea falou:

-Olhe, há uma luz ali. - disse apontando para um ponto brilhante ao longe.

Eles seguiram a luz e descobriram ser a de uma estalagem. Erya dirigiu-se para a porta.

-O que você está fazendo? - ele disse. Então a mestre-espiã virou-se para ele, com a luz que vinha do lugar pôde ver mais dela além da silhueta. Ela estava toda molhada, suas bochechas estavam levemente coradas pelo vento frio, e mordia o lábio inferior para evitar de tremer. Seu cenho estava levemente franzido quando disse:

-Eu vou entrar, pedir um banho quente, comer e dormir. - Como se ele fosse louco e a resposta óbvia. Fazendo uma careta disse: - Sugiro que faça o mesmo. Todo esse couro vai ficar fedendo se não secar adequadamente.

-Não, vai não. - ele respondeu a fuzilando com os olhos petulantes. - Não vamos ficar num lugar onde está cheio de humanos. E como você, aparentemente, não sai muito vou te contar um segredo: humanos não gostam de feéricos. Eles geralmente tentam matar feéricos com ferro e flechas de freixo. E, sinceramente, não estou afim de lutar.

-O lagrimar aguenta, só não usar suas preciosas sombras e eles não vão reparar em nós. - Ela disse revirando os olhos exasperda - Não sei você, mas eu vou tomar um banho quente e, principalmente, sair dessa chuva. Até porque não tem outro lugar para acampar. De manhã, vamos embora.

Como para concordar, um relâmpago brilhou e um trovão soou ao longe. Então dando o caso por encerrado Erya virou-se e foi na direção da porta, só restava a ele segui-la pousada adentro.

O lugar era uma construção grande de madeira, pedra e vidro. A porta era ladeada de janelas espaçosas, e pela manhã deveria ser bem iluminada. Os arbustos baixos deveriam acrescentar um ar rústico e singelo à construção pela manhã. Erya bateu à porta e uma mulher madura vestida numa peça verde longa atendeu à porta.

-Boa noite! - ela disse dando um espaço para os feéricos entrarem.

Ao entrarem no vestíbulo, o illyriano percebeu o pequeno corredor e os três arcos de madeira no teto cada um pertencente a uma área. Um lado estava um salão cheio de pessoas comendo e bebendo, o lado mais barulhento. O balcão, do que Azriel acreditava ser a recepção, ficava ao lado da escada de madeira clara, levava aos quartos. E o lado da direita possuía uma sala de estar comum com as grandes janelas que vira antes.

Az reparou em como vestido verde fazia barulho a cada passo dela, seu cabelo já meio cinzento estava preso num rabo de cavalo baixo e apesar da postura e expressão cansadas, foi gentil ao dizer:

-Então, que chuva torrencial, não é? Que bom que encontraram um lugar seco. - ela virou-se para o livro de registros - Qual o nome que eu devo colocar o aluguel dos quartos?

CORTE DE FOGO E PESADELOS (uma fanfic de Acotar)Onde histórias criam vida. Descubra agora