16 AZRIEL

158 22 21
                                    

Perguntas. Dezenas de perguntas rondando a mente de Az ao mesmo tempo. Ele só conseguia ouvir o rugido de seu sangue correndo por suas veias. Não conseguia nem mesmo organizar seus pensamentos. Eles descarrilhavam e chocavam-se como as gotas de chuva em uma tempestade. Ele respirava forte. Ele estava em choque; precisava se acalmar. Mas não conseguia. Ele respirava forte.

Azriel passou as mãos no rosto. Mais uma respiração. Isso nunca - nunca - havia acontecido. Ela segurara uma de suas sombras e falara na língua das sombras. O que aquela fêmea era? Como Keir conseguira mantê-la escondida por tanto tempo? Ela era como ele? Se sim, porque ela não possuia sombras como ele? Inúmeras perguntas e sentimentos passaram por ele naquele momento.

Ele precisava se acalmar. Az inclinou a cabeça para trás e inspirou o ar noturno gelado. A frieza e calma da noite, das estrelas o trouxeram um pouco mais de paz. E quando trouxe a cabeça de volta já estava melhor. Ele olhou mais uma vez para suas constelações favoritas e se perguntou se seus irmãos estariam buscando-nas também.

Agora, com os pensamentos em ordem, andou até pousada calmamente. Estava na hora de parar de brincar e conseguir respostas e qual melhor forma que direto da fonte?

...

Tudo estava escuro no quarto. Quando o macho abriu a porta, Erya o esperava . Ela estava sentada na cama, com as costas rígidas.

Eles não falaram nada. Se podia jurar que o mundo inteiro não respirou - nem ao menos girou naqueles instantes, preparando-se para o que estava por vir. Os olhos dele encontraram os dela. Apesar da escuridão do quarto, ele tinha certeza que encontrara a escuridão dos olhos dela, era densa, conseguia sentir Erya o desafiando com o queixo erguido.

...

Ela estava sem paciência para aquilo, estava cansada e detesteva ser interrompida enquanto dormia, principalmente por um macho irritante e sem tato para espionagem, o qual fora obrigada a aturar e que depois ela simplesmente mataria.

...

Ele permaneceu perto da porta.

-Eu quero respostas e você vai me responder. - ele disse num tom baixo entre dentes e uma expressão mortalmente fria. Sua mão casualmente perto de Reveladora da verdade.

-Aí é? - ela desafiou olhando para a arma, como se soubesse de sua intenção. Mas não ligasse. -E como você pretende fazer isso, illyriano? Ela cuspiu a palavra embebida de veneno.

-Eu estou cansado das suas petulâncias, seus desrespeitos. Você não me queria aqui. Acredite que o desejo é mútuo. Você é apenas uma reles espiã da Corte dos pesadelos, um atraso, nunca saiu em uma missão de verdade além daquelas pedras. Não fora importante o suficiente para isso. Ninguém daria falta de alguém que nunca é vista ou ouvida. Você tem as respostas que eu quero... - Ele disse com uma raiva que queimava como gelo. - E eu sempre consigo o que eu quero.

Então, esticou suas sombras para agarrar a mestre-espiã. Mas Erya já estava de pé ao lado da janela pronta para pular com uma de suas espadas em mãos, o salto não era tão alto. Apenas uns dois metros, talvez três.

Ela sorriu de lado, um sorriso cruel que contrastava com o vestido branco simples.

Ele deu um passo para frente, essa foi a deixa dela para pular e aterrissar rolando pelo chão. Então, ela correu, rindo alto. Uma risada desaforada, sem amarras e uma pitada de loucura.

- Você não queria respostas, Azriel? - ela gritou do chão o chamando, rindo, ela adentrou na floresta.

Ele respirou fundo. E sorriu impiedosamente em resposta ao chamado da fêmea. Aquela missão finalmente estava começando a ficar interessante.

CORTE DE FOGO E PESADELOS (uma fanfic de Acotar)Onde histórias criam vida. Descubra agora