11 ERYA

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  Erya deixou um illyriano bufando e muito contrariado a suas costas. Isso melhorou muito o seu humor.

Satisfeita, ela foi andar por entre as barracas. Haviam barracas de todos os tipos, de tecidos e peles, de joias e miçangas, até de animais exóticos presos em gaiolas. Mas as que mais chamaram sua atenção foram as de comida. Apesar de ouvir rumores de que no mundo humano a comida tinha um sabor mais insípido comparada a comida cultivada em solo feérico - e o cheiro não negava a diferença - as cores chamavam atenção.

Ela estava de ótimo humor, mas a lembrança das ordens de Azriel insistiu em incomodá-la. Contudo, algo como uma ideia começou a surgir. Tecnicamente ela não contrariaria nada do que o illyriano havia dito, mas ainda sim... Erya sorriu para si mesma, um sorriso travesso. Dez minutos eram tempo o suficiente.

Na rua mais movimentada, ela escolheu seu alvo: um homem vestido do mais fino linho e adornado com dois braceletes de ouro - um em cada braço - ela imaginou qual cargo aquele homem exercia para andar bem vestido dquele jeito e tão despreocupadamente, parecia jovem na casa dos 29/30. Mas conservado, a pele não tinha muitas marcas de sol e o rosto tinha um aspecto saudável.

Erya andou de cabeça baixa com o rosto escondido nas sombras da capa, ela esbarrou no lado direito dele de propósito.

-Olha por onde anda, sua besta - ele disse. O choque chegou nela rapidamente. Uma pequena retalhação não faz mal a ninguém, não é?

Rapidamente, antes de se afastarem ela pegou a bolsa de moedas e o bracelete do braço direito. Como previsto, ele sentiu a falta do peso das moedas em seu cinto.

...

Então, a buscou com o olhar e - com espanto - a pessoa que havia esbarrado nele já estava no alto da escadaria do outro lado da praça, de longe ele viu: era uma mulher - linda, mas beleza nenhuma compensava aquela quantidade de moedas. Ele havia acabado de ser pago e a bolsa estava pesada.

Quando encarou a mulher sob a capa escura viu o brilho travesso nos olhos dela e percebeu com um choque o que ela faria. Ele começou a avançar em sua direção.

...

Erya abriu a bolsa deliberadamente e lançou as moedas de ouro e prata para o alto. O tilintar do metal no chão ecoou por todos os lugares e chamou a atenção que queria, todos que passavam abaixaram para recolher alguma moeda de sorte. A praça abaixo da escadaria virou um mar de pessoas. A distração perfeita para ela.

Ele, contudo, ao chegar no topo da escada não a encontrou, varreu os olhos sobre a praça e nada. Frustrado passou as mãos no rosto quando percebeu a falta de um dos braceletes. Seu chefe iria matá-lo. E ele, a ela quando a encontrasse novamente.

Rindo, Erya assistiu de um telhado qualquer a frustração do homem se desenrolar. Apesar da beleza do bracelete, ele ainda ficava grande em seu braço. Pensou em dá-lo para o illyriano, apenas para ver como ele reagiria. Será que ficaria vermelho de raiva como um rubi? Ela tinha espernça de que ele entraria em colapso e morreria bem ali de tanta raiva.

Suspirando ela espantou esses pensamentos maravilhosos e começou a descer do telhado.

Pôs-se a andar mais um pouco. Quando uma barraca de frutas chamou sua atenção. O cheiro das maçãs, romãs, pitayas, ameixas, pêras a atraiu.

Ela rapidamente escolheu algumas e pagou com o bracelete roubado. O mercador olhou enviesado dela para o bracelete, mas o aceitou como pagamento.

Voltando para o ponto de encontro com o Mestre-espião. Ela resolveu morder uma das maçãs, tinham o mesmo gosto das da cozinha real. Estanho, pensou ela. Talvez só tivesse gosto de maçã... Mas antes que ela formulasse um pensamento, uma menina correndo quase esbarrou nela.

CORTE DE FOGO E PESADELOS (uma fanfic de Acotar)Onde histórias criam vida. Descubra agora