CORTE DE FOGO E PESADELOS (uma fanfic de Acotar)

21 ERYA

-Vocês tiveram aula de etiqueta na mesma escola? - o ruivo ironizou enquanto colocava mais lenha na fogueira.

Erya conteve um bufar como resposta. Limitou-se em esperar.

-Já nos apresentamos ao seu amigo.- respondeu o outro em tom neutro. A palavra "amigo" embrulhou o estômago de Erya. - Somos, resumidamente, agentes especiais de campo. Mas na maior parte do tempo somos estudiosos. Cientistas, se preferir. Sou Corrihan. E ele é Aodh, mas todos nos chamam por Corry e Gyddy. - Erya pensou em como os apelidos eram horríveis e não combinavam nada com os machos altos e musculosos. - Nossa principal função nas cortes é de cartógrafo, a minha. E a dele de engenheiro, apesar de ele também ter habilidades de cura. E você é Erya, da Corte Noturna.

-Sim. - disse a contragosto. Não havia motivo para negar que ela era da corte noturna, pois de fato era. Mas de uma parte específica. - Mandaram um cartógrafo e um engenheiro nos salvar?

-Não vi você reclamando enquanto convulsionava envenenada. - rebateu em tom afiado.

-Inclusive, de nada. - intrometeu-se Aodh. - Acho que prefiro vocês dois apagados, muito melhores de conviver.

Ela rolou os olhos em resposta.

—E vocês vieram apenas nos salvar? – Azriel perguntou descrente. – Duvido que Thesan tenha mandado vocês sem algo em troca ou algum outro motivo.

Erya ficou em silêncio analisando a frase do Mestre-espião e a resposta do membro da corte Crepuscular. Ela obviamente não conhecia muito bem a maneira que os Grão-senhores lidavam com as situações, já que não tivera muitas oportunidade.

Aodh, que estava com a atenção fixo no chão enquanto brincava com a grama sob sua palma, levantou o rosto com um olhar que lembrou a Erya uma raposa. O olhar sagaz, que faria você apostar todas as suas fichas nele, te iludiria, te faria perder. Porém, você ainda imploraria por mais. Algo queimou naquele olhar, um fogo composto de loucura e perigo pronto para sair. Tudo isso porque o mestre-espião havia insinuado algo sobre seu Grão-senhor. Aquele semblante era de alguém que valia a pena vigiar. Talvez ele fosse mais interessante do que Erya imaginava. Mas, então, suspirou e aquela aura foi embora da mesma maneira que chegou. E ele respondeu:

—Sua Grã-senhora prometeu um favor para Thesan. – reecostando-se no tronco com as mãos na cabeça e as pernas estiradas a frente. Ele sabia que aquilo provavelmente iria atingir o encantador de sombras, mas não da maneira que ele imaginava. Não era sobre orgulho entre as cortes, Erya sabia. Era pessoal para Azriel, que sua familia tivesse arriscado tanto, exposto tanto para salvá-lo. Ela também sabia que só estava salva graças a presença dele. Para a corte dos sonhos ele era muito valioso. A ponto de deverem um favor a outra corte. A fêmea pensou em como poderia usar essa fagulha a seu favor.

Erya impediu um sorriso de vir a superfície. A Mestre-espiã conseguia imaginar a mente dele trabalhando quando disse:

-E agora conosco bem, vocês simplesmente vão virar as costas e vão embora? Simplesmente pela bondade do seu coração?

Aodh cruzou o olhar com Corry antes de voltá-lo para a grama. Erya percebeu que havia algo ali, assim como o mestre-espião.

–Nós vamos para o Continente. - Corry começou, não queria revelar o porquê de sua verdadeira missão. Eles já planejavam ir para o Continente, a única coisa que acontecera foi Rhysand encurtar o tempo de viagem para eles. Thesan era muitas coisas, mas uma delas não era burro. Simplesmente apreveitou a oportunidade. Incrível, o feérico da Corte Diurna pensou, como ninguém questionara sua bagagem e armas estarem preparadas tão rápido ou a sua reunião com o Grão-senhor. Infelizmente, ele não conseguira falar de suas suspeitas para Helion. – Nós planejamos aproveitar a companhia de vocês e pegar o mesmo navio. Então, cada equipe segue seu rumo. O que acham? Um preço pequeno por salvarmos a vida de vocês.