17 ERYA

153 22 39
                                    

Durante o trajeto de volta para a pousada, pensava sobre essa instável aliança. Ele claramente tentaria conquistar sua confiança para conseguir suas preciosas respostas. Talvez se ela conseguisse convencê-lo de entregar a arma a ela sem lutar, decerto não precisaria matar mais uma pessoa...

Erya balançou a cabeça espantando o pensamento.

A vida dele não valia mais que sua liberdade. Nada era mais valioso que viver sem aqueles grilhões invisíveis ligados aquele monstro. Ela mataria todos em seu caminho para isso, então iria até o fim daquela missão, levaria a arma, Keir teria sua preciosa corte e ela, sua liberdade. E mesmo explicando a situação Az nunca a deixaria entregar a arma ao mestre da Corte dos Pesadelos.

O chão estava lamacento pela chuva anterior, seus pés e o vestido estavam imundos, ela precisaria se lavar de novo, mas dessa vez com água fria. O pensamento a fez suspirar frustrada. Azriel virou a cabeça para encará-la com uma pergunta nos olhos.

-Estou imunda de novo. - ela disse respondendo a pergunta implícita dele.

Passou tanto tempo que ela pensou ter interpretado errado. Mas por fim, ele falou num tom neutro:

-Quando eu estava patrulhando, eu vi um lago. Se quiser eu te levo até lá.

Erya sabia ser um movimento para conquistar sua confiança, mas ela verdadeiramente queria um banho. Então, simplesmente concordou com a cabeça, eles deram meia volta e seguiram para a esquerda. Depois de uns minutos de caminhada, ela avistou o lago.

A reflexo da lua descendo no céu brilhava na água, estavam a apenas algumas horas do nascer do sol. Era uma cena bonita. Então, ela virou para falar com ele, mas o Mestre-espião não estava mais lá. Ele deixara apenas seu par de botas para ela. Se ele achava que a mimando ia conseguir sua confiança, estava muito enganado. Ainda sim, o canto do seu lábio curvou-se para cima.

...

Ao voltar para o quarto, Azriel estava de bruços com as asas esparramadas na pequena cama.

-Eu não vou dormir no chão. - ela disse com uma expressão resoluta. Então chegou perto o suficiente para afastar sua asa esquerda que cobria seu lado da cama. Mas antes que ela pudesse tocá-la Az disse, sem abrir os olhos:

-Nem pense nisso. - Logo, afastou a asa para que ela pudesse deitar.

Erya estava muito cansada, logo adormeceu. Apesar de estar com os olhos fechados, a mente de Azriel estava muito agitada para dormir, ele fazia diversas teorias da participação dela na missão, de qual a extensão do poder dela, como ela lutava muito bem e quais treinamentos tinha recebido. E a pergunta que o mais deixava frustado como Keir conseguira escondê-la dele por tanto tempo?

Algo interrompeu seus pensamentos, o perfume dela. Apesar de banhada apenas com a água do lago, seu cheiro continuava persistente. Doce e misterioso. Azriel culparia para sempre sua fadiga ou talvez ele estivesse ficando louco, mas ele perguntou-se se a pele dela teria esse mesmo gosto em sua língua. O pensamento o aterrorizou. Logo, buscou lembrar-se de todos os movimentos dela da luta, analisar seus erros, além de forçar sua mente a entender o que está escrito em suas lâminas.   

Mas, por fim, ele rendeu-se ao cansaço e adormeceu.

...

Erya desceu junto de Azriel para tomarem café da manhã e partirem.

-Bom dia. - Erya falou cordialmente para a dona da pousada - a qual ela descobriu chamar-se Nimona. Ela parecia preocupada com a cabeça abaixada e sem encará-la, a mulher de cabelos grisalhos respondeu mecanicamente:

CORTE DE FOGO E PESADELOS (uma fanfic de Acotar)Onde histórias criam vida. Descubra agora