Capítulo 14.

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PV. Anastácia

Quatro dias desde que minha mãe me trouxe de volta para casa, nem se quer uma ligação para saber se ainda estou viva ela teve coragem de fazer, Alex está muito pior que antes, agora não tem mais hora para que ele me estupre, estou sentindo muita dor na barriga, meu corpo está todo dolorido.

Levanto da cama decido tomar um banho para ver se o corpo melhora, ao tirar a roupa sinto um cheiro forte, preciso convencer Alex de ir ao médico, essa dor e esse mal cheiro não é normal.

Saio do banho e só agora me dou conta de que ele não está em casa, graças a Deus por isso, vou para o andar de baixo começar minhas obrigações, antes que ele chegue, passo o dia todo sozinha, fico feliz de ter tido ao menos um dia de paz, apesar de a noite estar chegando e saber que com isso ele também vai chegar.

Olho o relógio e já vai dar sete horas e até agora ele não chegou, desde que voltei para casa Alex me deixa trancada o dia todo, a porta se abre ele passa por ela, seus olhos em chamas me dizem que o dia no trabalho não foi bom e eu vou arcar com as consequências.

— O que eu fiz? — Pergunto antes que ele chegue até mim, sem responder, me pega pelo cabelo me joga no chão e começa a me bater, são tapas, chutes e socos, minha cabeça dói meu corpo todo protesta.

Mas eu não grito, percebi que o prazer de Alex é me ver implorar para que pare com as agressões, estou no chão e ele continua me batendo, ele levanta meu vestido e rasga minha calcinha, entra em mim com tanta força que não consigo mais segurar o grito que estava entalado em minha garganta, a cada investida a dor é agonizante, dói muito mais do que antes, tem algo errado.

A cada investida dele é como se meu corpo estivesse sendo rasgado por dentro, quando ele termina arde e queima, grito sem consegui me controlar, a dor é tanta que mordo minha mão para não gritar, me encolho ainda no chão e rolo de um lado para o outro como se isso de alguma forma fosse aliviar a dor,e não alivia, choro em desespero, ele me olha sai de cima de mim sem dizer nada.

— Vai se lavar, você está fedendo. — Diz com nojo.

Subo as escadas correndo ao menos é a sensação que tenho, retiro meu vestido, quando a água passa por minha arte intima quero gritar chorar e morder algo para controlar a dor.

A noite foi horrível não consigo dormir, meu corpo protesta pela dor e febre, o dia amanhece, faço café da manhã dele, assim que chega na cozinha me olha sem dizer nada.

— Alex? — O chamo e ele me olha. — Preciso de um remédio para dor e febre.

— Não vou te dar nada.

— Por favor. — Peço quase implorando.

— A última vez que te deixei ter liberdade dentro desta casa, você tentou se matar, se está doente, espera que vai passar.

— É só um remédio para dor, eu não vou conseguir fazer nada, meu corpo está doendo muito.

— Não.

Decido que é melhor não questionar, logo ele sai trancando toda a casa, meu corpo dói tanto que o ar quase chega a faltar, normalmente Alex fica fora o dia todo, decido deitar no sofá um pouco para ver se a dor e a febre passam, acordo suando frio e tremendo, não sei que horas são, mas não consigo levantar, sei o que me espera quando ele chegar e o jantar não estiver pronto, porém não tenho forças para levantar.

Queria tanto que Deus me levasse desse inferno, quem sabe essa é a minha oportunidade, talvez seja assim o meu fim.

Acordo novamente com o barulho da porta e não consigo abrir os olhos, não tenho forças para nada, apenas ficar encolhida esperando o que ele vai fazer.

Para minha surpresa sinto um carinho em meu rosto, me forço a abrir os olhos e me assusto com quem vejo, o que Christian faz aqui? Sinto meu corpo ser erguido, ouço algumas vozes e reconheço a de Kate, Deus eles me encontraram? Relaxo meu corpo e deixo a escuridão me levar.

Acordo novamente com vozes alteradas, desta vez meu corpo já não dói tanto.

— Quero que esse desgraçado apodreça na cadeia, se puder que ele vá para o inferno vai ser ainda melhor. — Analiso o neto dos Travelyan andando de um lado para o outro, passa as mãos no cabelo completamente nervoso.

Não foi um sonho ele realmente esteve em casa, como me encontraram? Tento me levantar e não consigo, Christian se vira e me olha por um tempo.

— Como se sente? — Pergunta se aproximando.

— Estranha. — Respondo confusa com sua preocupação.

A porta do quarto se abre, por ela passa Kate, Elliot e seus avós.

— Meu Deus menina, ficamos tão preocupados com você. — Dona Iara diz me abraçando, sem querer solto um pequeno gemido de dor.

Estou completamente perdida com o que está acontecendo, ao perceber minha confusão Kate começa a falar.

— Você sumiu Ana, Roberto ficou louco quando você não aparecia e a secretária de Greene disse que você havia saído fazia tempo, te procuramos por todos os lados, pensei que tivesse voltado para casa.

— Não. — Digo rápido.

— Christian tem uma ficha com todos os seus dados. — Olho para ele que parece até um pouco constrangido pela revelação. — Nela tinha um endereço que não era o seu. — Suspira pesado. — Tive que contar para eles a sua história ou o que sei dela. — Meus olhos automaticamente se enchem de lágrimas. — Meu cunhado pensou que estávamos juntas tramando alguma coisa.

— Conseguimos as imagens das câmeras no entorno da clínica em que você foi, vimos a hora em que uma mulher te arrasta para dentro de um carro, chegamos a pensar que poderia ser um sequestro. — Christian diz.

— Minha mãe. — Respondo baixo.

— Sua mãe? — Kate pergunta completamente em choque seu rosto espelha o dos outros no quarto.

Começo a chorar ao me lembrar o tanto que implorei para que ela não me devolvesse para Alex e de nada adiantou.

— Não chora Ana. — Sr. Theodore diz, percebo que ele e Dona Iara estão com os olhos cheios de lágrimas como os de Kate. — Filha você não pode voltar para aquele inferno que Kate nos contou.

Desvio meus olhos para Christian, porque muito provavelmente agora mais do que nunca ele me quer longe dos seus avós, mas percebo que seu olhar para mim não é mais tão duro quanto antes, não parece ter desconfiança de mim como tinha quando estava na casa dos Trevelyan.

— Não sou o monstro que pensa Anastácia. 

SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora