Capítulo 18

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PV. Christian

Saio do quarto com o pai de Ana, sei que ela ficou confusa por ter pedido para conversar com ele, mas preciso entender essa história e até onde ele sabe de tudo isso, a julgar pela preocupação e a busca incessante pela filha, ele aparentemente não sabe do que acontecia.

— O Senhor sabia o que acontecia com Ana? — Pergunto tentando realmente controlar meu tom de voz.

Nega com a cabeça e vejo os ombros caírem como se, se culpasse.

— Não. — Analiso seu rosto e aparentemente não tenta me enganar. — Eu saio cedo de casa, volto tarde da noite, várias vezes chegava e todos estavam dormindo, Marta sempre foi muito rígida com a educação de Ana, tinha medo que se desviasse do caminho certo, o mundo hoje em dia tem muitas ofertas para os jovens. — Diz e neste ponto sou obrigado a concordar com eles. — Mas até então era tudo dentro da normalidade, para mim uma mãe preocupada. — Solta o ar parece que vai contar algo doloroso. — Há uns dois anos atrás, minha esposa disse que Ana e Alex estavam de namorico, ele e a família eram recém chegados na cidade, fiquei com um pé atrás por ela ser cinco anos mais nova que ele, mas ela me garantiu que eram boas pessoas e que ficaria de olho, o tempo foi passando e minha menina vivia pelos cantos com livros de romances, ela estava despertando para o mundo, Marta me alertou que a diferença de idade entre os dois poderia desencadear uma relação muito além de beijos e abraços, foi então que um mês antes do aniversário de Ana, Alex foi jantar com a família na nossa casa para oficializar o noivado, para mim uma loucura ela ainda completaria dezoito anos,

Faz uma pausa negando com a cabeça.

— Ao presenciar os dois sentados lado a lado naquele sofá a forma que ele a olhava, e o receio estampado no rosto dela me mostrava que algo estava muito errado, após o jantar assim que eles foram embora, Marta se transformou, e eu me impus, tentei impedir esse casamento, Ana começou a ficar muito debilitada, várias vezes cheguei em casa e ela já estava na cama, Marta me disse que ela estava sofrendo por eu ter impedido o casamento deles, que ela estava apaixonada pelo rapaz e eu estava causando sofrimento à minha menina, me senti o pior pai do mundo, ela estava sofrendo por amor, o pastor esteve em casa e conversou comigo, mesmo a contragosto por ela ser muito nova eu concordei com eles, e foi nítida a mudança, logo Ana estava feliz pela casa, estava corada, se alimentando bem, e eu? — Balança a cabeça negativamente. — Acreditei que realmente fosse o causador de todo o sofrimento dela, até o dia do seu aniversário que foi o mesmo do casamento, eu não sabia daquela palhaçada, e vi que minha menina também não, até ver seu olhar de mágoa ao ir embora com aquele infeliz.

— Sua esposa não merece ser chamada de mãe. — Me limito a dizer, mas minha vontade era de falar boas verdades, mas não posso direcionar minha raiva a ele que aparentemente foi enganado como Ana.

— Não, não merece, agora tenho plena consciência Senhor do que aconteceu em minha casa e te garanto que será diferente agora.

— Como?

— Vou levar minha filha para casa, entrar com o processo de divórcio dela, com aquele monstro ela não fica mais.

— Sinceramente Senhor, não acredito que ela ficar com vocês seja o mais seguro, sua esposa já demonstrou ter caráter duvidoso.

— Ela vai comigo para o trabalho, não vou deixa-la sozinha.

— E o Senhor acha que ela vai aguentar viver assim até quando?

— O que o Senhor sugere? — Pergunta olhando em meus olhos.

— Primeiro que converse com sua filha a respeito de tudo que ela viveu neste casamento de merda que vocês a colocaram, porque mesmo entendendo a sua situação, querendo ou não você também tem sua parcela de culpa em tudo isso, segundo que explique a ela que voltar para o filho da mãe do marido, não é uma opção, porque eu juro para o senhor se ela insistir nessa loucura vou pedir minha cunhada para encaminhá-la ao psiquiatra, porque ela não pode estar bem, pensando nisso. — Sua cabeça se volta para mim, em uma velocidade impressionante.

— O que disse?

— Ana, pensa que por ser casada com aquele homem, tem que continuar até que a morte os separe.

— Não. — Fala alto, chamando atenção de todos à nossa volta. — Só se eu estiver morto.

— Eu disse que ela pode ficar em minha casa comigo.

A boca dele abre e fecha várias vezes, acredito que em choque com o que acabei de dizer.

— Senhor...?

— Raymond.

— Conheci sua filha através da minha cunhada e meu irmão, ela esteve neste hospital em outra ocasião, ela tentou contra a própria vida, mediante a tanto sofrimento que ela viveu, não a julgo por isso, ela ficou mais ou menos por um mês cuidando dos meus avós, ela trabalhava com eles, os dois, assim como o restante a família gostam de Ana, ele é muito querida por todos. — Decido não contar a ele sobre a minha implicância. — Porém um dia ela sumiu, e vivemos momentos de tormento rodando toda a cidade atrás dela, enfim, Ana poderá te explicar melhor posteriormente, o ponto em que quero chegar é, de que foi sua própria esposa que a encontrou e devolveu para o marido, mesmo ela suplicando para que não fizesse, sua mulher estava ciente de que Anastácia estava grávida e de que o tal Alex a espancava e mesmo assim a entregou para aquele verme. — Passo as mãos no cabelo sentindo minha raiva aumentar. —Temo que esse homem e sua esposa façam algo com ela, e que da próxima vez que a encontrarmos seja tarde demais, sua filha quase morreu e no que depender de mim e da minha família ela não volta para nenhum dos dois infernos em que viveu.

— Ela estava grávida? — Pergunta chorando.

— Ela perdeu o bebê e quase a vida, ele a espancou, segundo minha cunhada Ana estava com infecção generalizada devido ao aborto retido, ao que parece ele não a trouxe ao hospital e continuou. — Faço uma pausa respirando. — Continuo a estuprando mesmo com dor e sangrando.

— Meu Deus!

— Inclusive, ela acredita que agora está ligada aquele canalha para sempre, eu não sei quem é a pessoa líder da sua Igreja, mas seria muito bem-vindo se puder trazê-lo aqui, para que ele a explique que o que aconteceu com ela não era um matrimônio, aquilo é cárcere privado e é crime.

— Não faço parte, apenas minha esposa e filhos participavam.

— Se quer fazer algo de bom para sua filha, faça isso, e avise a sua esposa que se mantenha distante de Anastácia, caso contrário eu mesmo me encarrego de denunciá-la.

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