Capítulo 26

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Pv. Anastácia

É difícil aceitar que tudo que eu vivi em dezoitos anos é errado ou não é comum, para mim é estranho como as pessoas vivem de forma diferente, fico imaginando se Dona Marta me visse hoje, comendo primeiro que o homem da casa, que toda a hierarquia à qual ela sempre me disse para seguir foi por água abaixo, com toda certeza eu levaria uma surra por faltar com respeito, me pego pensando até onde o que aprendi é certo ou errado?

Será que existe certo ou errado? Eu não sei, tudo o que consigo pensar é que a vida fora daquela casa e da casa de Alex é muito diferente de uma forma boa, mas será que era esse o medo da minha mãe, dessa vida fácil e boa que o mundo nos oferece? Só peço a Deus que eu não me perca em meio a tudo que vão me oferecer, as palavras ecoam em minha mente, 'se essa menina não casar, ela vai destruir a nossa família", " você ainda vai nos levar a destruição" "você e esses livros, isso não existe Anastácia"

Estava perdida em meus pensamentos quando algo começa a tocar, Christian pede licença para atender o telefone, aproveito para retirar a mesa, levo tudo para a cozinha lavo o que sujamos, jogo as embalagens no lixo, e quando estou procurando um pano para secar as louças Christian aparece na cozinha.

— Você é muito teimosa Ana.

— Não fiz nada, só lavei a louça que sujamos, nada demais. — Ele fecha os olhos respirando fundo.

— Tudo bem, eu preciso ir para o escritório tenho alguns processos para analisar, se quiser pode pegar um livro para ler.

Baixo a cabeça e nego, me assusto quando percebo que Christian está muito próximo a mim e meu corpo trava, coloca a mão no meu queixo e me faz olhar em seus olhos.

— Você pode ler Ana, no passado você não podia, agora pode, vem? — Segura minha mão me puxando, mas meu corpo ainda está travado com sua proximidade. — Vem, quero te mostrar a biblioteca, acho que deve ter algum livro lá que você goste.

— Biblioteca? — Pergunto assustada e ele sorri.

— Sim, amanhã prometo que te mostro todo o apartamento, mas por hoje imagino que só a biblioteca já será interessante.

Antes que eu consiga pensar demais, ele me arrasta com as mãos ainda na minha, é um toque estranho e suave, não é grosseiro como sempre foi o de Alex, não consigo mais pensar em nada, meus olhos parecem que vão saltar do rosto completamente atordoada com a imagem à minha frente, quando Christian disse biblioteca, imaginei uma estante de livros, mas ele estava dizendo a palavra no sentido literal.

— Meu Deus!

— Pode ficar à vontade Ana, estarei naquela porta. — Aponta para uma porta ao lado da que abriu. — Se precisar de algo, é só me chamar.

— Obrigada. — É tudo que consigo dizer, parece que estou no paraíso.

Observo todo o ambiente, estantes enorme que seguem até o teto cheias de livros, no centro da sala dois sofás que parecem muito confortáveis, uma iluminação suave que deixa o lugar muito aconchegante, me pergunto se Christian leu todos esses livros e como fez para ter tantos, percebo que em um lugar separado dos demais estão livros de direito ao menos é o que a placa diz, levo bastante tempo para escolher um, pego e saio da biblioteca, sigo direto para o quarto em que vou ficar, não quero incomodar.

Ao chegar no quarto tranco a porta vou para o banheiro tomo um banho e aproveito para escovar os dentes, sinto um pouco de dor, mas nada absurdo, deito na cama e sinto uma sensação estranha uma calmaria uma paz que nunca havia sentido antes, faço minha oração para que meus dias de hoje em diante sejam sempre assim, pego o livro que escolhi e começo a ler.

SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora