Pv. Anastácia
Sinceramente o silêncio dele me deixa desconfortável, a forma como me olha da cabeça aos pés, me sinto um produto na vitrine de uma loja, ao mesmo tempo que me incomoda me deixa curiosa.
— Boa noite!? — Cumprimento ao mesmo tempo que pergunto.
— Ana?
— Sim, está tudo bem?
— Bem?
— É, você está sentindo alguma coisa? Está pálido. — Ele permanece em silêncio, ainda estático. — Christian?
— Oi?
— Você está bem?
— Sim, e você?
— Também.
— Ana você está.... — Para de falar e continua me olhando.
— Estou?
— Meu Deus! — Começa a andar de um lado para o outro, quando dou por mim, ele está muito perto de mim.
— Fiz algo que te chateou?
— Não. — Diz rápido. — Você cortou o cabelo. — Não sei se está perguntando ou afirmando, resolvo não falar nada. — Ficou linda.
Sinto meu rosto queimar e pelo sorriso dele, tenho certeza que estou vermelha, mas o cheiro de queimado me tira do momento constrangedor, me chamando para a realidade.
Corro para a cozinha e desligo o fogo, percebo que o frango virou carvão na panela, fecho meus olhos ao escutar os passos dele atrás de mim, me preparo para o que vem pela frente, não tenho coragem de olhar para ele.
— Ana?
— Ana?
— Anastácia. — Ouço chamar meu nome um pouco mais alto, saio da bolha de defesa que me enfiei e me viro lentamente, Christian me observa sinto que está me analisando, mas seu olhar não é duro, seus dentes não estão cerrados, como Alex costumava fazer antes de me bater.
— Me desculpa.
— Vamos jantar fora. — Diz sem responder meu pedido.
— Oi?
— Vamos jantar fora. — Diz como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Como? — Pergunto confusa, nada do que eu esperava ele fez, não brigou, não me chamou de inútil muito menos me agrediu, me surpreendo ainda mais com ele passando por mim, pegando o que restou do frango e jogando no lixo deixa a panela dentro da pia e abre a água.
— Jantar fora, Ana, é quando saímos para comer em outro lugar ao qual não seja a casa em que moramos. — Fala com calma.
— Eu seio que é jantar fora. — Digo um pouco irritada, o que o faz rir.
— Então não sei qual sua dúvida.
— Eu queimei a comida. — É óbvio.
— Eu vi, e vamos comer fora.
— E não vai brigar por ter queimado?
— Você deixou queimar de propósito?
— Claro que não.
— Então vamos jantar fora? — Diz parecendo um disco arranhado.
— Pode ser.
— Ou prefere pedir algo para comermos aqui? — Pergunta.
— O que for melhor para você. — Ele cruza os braços e sua cabeça tomba de lado.
— Tomou seus remédios?
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Silêncio
RomanceO Silêncio não é apenas superficial. Às vezes me pego pensando o porque da minha vida ser assim, será que eu errei tanto a ponto de merecer passar por tudo isso? A religião não deveria ser onde as pessoas sentem conforto, se sente amadas e seguras...