Capítulo 29

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Pv. Anastácia

Sinceramente o silêncio dele me deixa desconfortável, a forma como me olha da cabeça aos pés, me sinto um produto na vitrine de uma loja, ao mesmo tempo que me incomoda me deixa curiosa.

— Boa noite!? — Cumprimento ao mesmo tempo que pergunto.

— Ana?

— Sim, está tudo bem?

— Bem?

— É, você está sentindo alguma coisa? Está pálido. — Ele permanece em silêncio, ainda estático. — Christian?

— Oi?

— Você está bem?

— Sim, e você?

— Também.

— Ana você está.... — Para de falar e continua me olhando.

— Estou?

— Meu Deus! — Começa a andar de um lado para o outro, quando dou por mim, ele está muito perto de mim.

— Fiz algo que te chateou?

— Não. — Diz rápido. — Você cortou o cabelo. — Não sei se está perguntando ou afirmando, resolvo não falar nada. — Ficou linda.

Sinto meu rosto queimar e pelo sorriso dele, tenho certeza que estou vermelha, mas o cheiro de queimado me tira do momento constrangedor, me chamando para a realidade.

Corro para a cozinha e desligo o fogo, percebo que o frango virou carvão na panela, fecho meus olhos ao escutar os passos dele atrás de mim, me preparo para o que vem pela frente, não tenho coragem de olhar para ele.

— Ana?

— Ana?

— Anastácia. — Ouço chamar meu nome um pouco mais alto, saio da bolha de defesa que me enfiei e me viro lentamente, Christian me observa sinto que está me analisando, mas seu olhar não é duro, seus dentes não estão cerrados, como Alex costumava fazer antes de me bater.

— Me desculpa.

— Vamos jantar fora. — Diz sem responder meu pedido.

— Oi?

— Vamos jantar fora. — Diz como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Como? — Pergunto confusa, nada do que eu esperava ele fez, não brigou, não me chamou de inútil muito menos me agrediu, me surpreendo ainda mais com ele passando por mim, pegando o que restou do frango e jogando no lixo deixa a panela dentro da pia e abre a água.

— Jantar fora, Ana, é quando saímos para comer em outro lugar ao qual não seja a casa em que moramos. — Fala com calma.

— Eu seio que é jantar fora. — Digo um pouco irritada, o que o faz rir.

— Então não sei qual sua dúvida.

— Eu queimei a comida. — É óbvio.

— Eu vi, e vamos comer fora.

— E não vai brigar por ter queimado?

— Você deixou queimar de propósito?

— Claro que não.

— Então vamos jantar fora? — Diz parecendo um disco arranhado.

— Pode ser.

— Ou prefere pedir algo para comermos aqui? — Pergunta.

— O que for melhor para você. — Ele cruza os braços e sua cabeça tomba de lado.

— Tomou seus remédios?

SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora