CAPÍTULO 10

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_ Javier? - Ouço Hector me chamar, mesmo muito puto por ele ter me desafiado naquela porra de café, ainda sim viro meu rosto na direção do garoto que estava encolhido no canto oposto ao meu.

_ Hum ? - Só consigo produzir um som que arranha minha garganta, Hector sente que estou com raiva e abaixo os olhos envergonhado.

_ Desculpa. Diz com a voz baixa e cabisbaixo.

_ Esquece ! - Eu não iria facilitar por mais que eu não aguentasse vê-lo daquele jeito, eu estava tentando mante-lo  vivo porém só conseguiria se ele também colaborasse.

_ Mas javier, eu realmente sinto muito e.. ee .

_ EU JÁ DISSE PARA ESQUECER HECTOR, PORRA ! - Grito enquanto o carro recai lentamente em um silêncio profundo, Hector se assusta porém acena lentamente com os olhos arregalados, vejo o garoto morder os lábios com força e desviar sua atenção para a janela ao seu lado  enquanto discretamente inicia um choro silencioso, foi a primeira vez que gritei com ele.

_ Sr.J ainda estamos sendo seguidos, nossos amigos ainda estão ao nosso encalço. - Avisa Fernandes me olhando pelo retrovisor.

_ Cadê o restante da segurança? - Questiono irritado, já faz meio hora que rodamos pelas ruas e avenidas da cidade em busca de despista-los porém ainda sim estávamos sendo seguidos pelos furgões e quase sem gasolina.

_ Estão a caminho. - Responde e eu bufo irritado segurando minha arma apoiada sobre o joelho que balançava nervosamente... - Estávamos chegando na zona abandonada Sr.j - Avisa.

O carro finalmente abandona a área comercial deixando as lojas de luxo, grandes bancos, e atrações turísticas para trás assim como os edifícios  empresarias imponentes com suas arquiteturas sofisticadas e painéis de led cheio de propaganda da Times Square, essa Nova York que todos conhecem é deixada para trás fazendo os diversos prédios residências, pobres, velhos e decadentes do brooklin emergir bem diante dos nossos olhos,  ruas sujas e abandonadas, vielas, terrenos baldios e casas abandonadas daquele bairro serviam não só como moradia para mendigos e uma parcela da população marginalizada pelo governo como também local de assassinatos, chasinas e desova de corpos, que mais uma vez seria palco  principal para problemas da Máfia,  esse era o motivo que eu odiava essa cidade.

Ao virarmos a esquina de um complexo de prédios abandonados, somos encurralados por mais dois furgões pretos que fechavam a rua em nossa frente enquanto os outros dois que nos seguiam impedem nossa saída.

_ Sr.J ? - Ouço a voz de Fernandes sentindo carro parar de se movimentar porém eu estava tentando pensar.

_ Javier, o que vamos fazer ? - Pergunta Hector ao se deparar com meu silêncio.

_ Você vem comigo. - Digo para o segurança no banco do passageiro em minha frente. - Fernandes, permaneça no carro, proteja Hector e independente de qualquer coisa. - Faço uma pausa olhando diretamente para o chefe da minha segurança pelo espelho retrovisor antes de olhar para o garoto assustado ao meu lado. - Não saia desse carro até eu retornar.

_ Vo.. você vai sair ? - Hector fica nervoso. - Não pode, olha quantos homens. - Aponta, do lado de fora, uma média de vinte homens totalmente de preto e bem armados nos sercavam, engulo com dificuldade sabendo o que era preciso fazer, caso eu não saísse e fosse resolver, eles resolveriam entrar e nem a blindagem do carro seguraria aqueles homens do lado de fora muito tempo.

_ Escuta, é uma pessoa que eu conheço muito bem, ela quem está fazendo tudo isso lá fora, é tudo só para chamar minha atenção, se eu não sair para resolver isso, vou está dando mais corda para mais tarde eu me enforcar. - Digo perto o suficiente para ter  o rosto de Hector preso entre minhas mãos, ele pisca devagar concordando enquanto lágrimas escorrem de seus olhos. Eu vou ficar bem, só não saia desse carro, okay ?

_ Só volta logo e inteiro, por favor. - Pede e beija o canto dos meus lábios, eu suspiro profundamente bagunçando seus cabelos.

Quando finalmente saio do carro junto do meu outro segurança, vejo que os furgões em nossa frente abrem espaço para um Cadillac Azul Royal com rodas brancas e vidros completamente escuros passar logo fechando a passagem novamente assim que o carro e estacionado a poucos metros de onde eu estava.

Vejo um chofer sair e caminhar calmamente até  uma das portas traseira a destravando e fazendo um gesto para que eu entrasse.

_ Não saia de perto do carro e se algum desses homens se aproximar, você atira entendeu ? - Pergunto ao meu segurança pois eu não tinha certeza do que aconteceria quando eu entrasse por aquela porta.

_ Sim senhor. - Diz e destrava sua M40, faço o mesmo com a minha porém as guardo novamente, esse gesto poderia soar como afronta a Lamar e assim meus planos iriam por água a baixo, vou até o Cadillac em passos despreocupados assumindo novamente o papel de capo entrando no carro e me acomodando ao coró branco, reparo nos detalhes em pele de píton e o cheiro de cravo mesclado a perfume feminino que compunha a atmosfera.

_ Ora.. ora.. ora devo confessar que a cada encontro nosso você fica ainda mais bonito,  El diablo. - Sinto a ponta fina das unhas da mulher ao meu lado tocar meu queixo aproximando nossas bocas em um beijo rápido pois logo viro o rosto.

_ Rainha branca ou devo chama-la de Lamar? - A mulher morena torce os grandes lábios pintados com um batom vermelho e gesticula como se minha pergunta não fosse digna de resposta.

_ Vamos falar do que interessa ou antes a gente pode .... -   Vejo sua mão tocar meus joelhos e seus dedos passearem por minha coxa até o meio das minhas pernas porém cubro sua mão a segurando antes de chegar ao destino final, Lamar se aproxima ao ponto de seus seios fartos e busto quase saltarem sobre mim. - Javier, o que foi ? No nosso último encontro eu não me  lembro de você tão resistente aos meus toques !

Lamar continua a esfregar seu corpo volumoso em mim como um gato que pede por atenção enquanto beija meu pescoço e me aperta porém eu seguro em seus ombros a afastando o suficiente para que possamos voltar a conversar.

_ Estávamos bêbados e isso foi a três anos atrás agora você pode me dizer o motivo dessa palhaçada e por que seus homens estão me seguindo? - Ergo uma das sobrancelhas enquanto a mulher bufa irritada ajeitando seu vestido curto e cabelos.

_ Palhaçada? Toda a cidade já está sabendo javier, você tá com o garoto, o protegendo e matando todo mundo que tenta chegar perto como a porra de um cão de guarda! - Esbraveja.

_ Sim e daí ? - Cruzo os braços vendo a mulher me olhar com indignação.

_ E daí ? Seu filho da puta, você sabe muito bem o que está em jogo e o motivo da cabeça desse menino está a prêmio, um prêmio muito bom se é que você me entende. - Lamar sorri tirando um cigarro de seus seios e colocando um sobre seus lábios carnudos, tiro um isqueiro do bolso da minha calça e ascendo vendo ela dar uma longa tragada. - Me diz, por que ainda não o levou ao bastardo do irmão dele ? Você sabe muito bem em como ter esse garoto em sob seu controle é importante para aquele maluco se não, não haveria motivo para que a recompensa seja um lugar no concelho.

_ Ter uma cadeira no concelho não está em meus planos e nem levar o garoto ao irmão. - Tiro o cigarro dos dedos longos da mulher e o levo até meus lábios tragando e sentindo a nicotina me relaxar.

_ Você é mesmo um grande filho da puta javier, como pode ir contra aos desejos do futuro sucessor da primeira cadeira do concelho e contra sua família que inclusive também está atrás desse muleque ? Questiona porém eu só dou de ombros.

_ Eu não tenho medo Lamar, sou capaz de enfrentar as consequências das minhas escolhas e eu quero o garoto e não vou entregá-lo. - Cruzo os braços olhando para o segurança na frente do meu carro.

_ Merda o que está acontecendo? - Diz ajeitando seus cabelos. - Olha só para você, protegendo um fedelho que nem conhece direito. - Lamar suspira e me olha. - Eu vim aqui buscar aquele garoto, como pode ver, você está em desvantagem,  e minha única chance de  conseguir uma cadeira no concelho e mostrar para aquele bando de velhos machistas e filhos da puta que eu não sou só um rostinho bonito está bem ali. - Aponta para meu carro logo a nossa frente.  Eu preciso que você me de um motivo, um único motivo de não meter uma bala na sua cabeça, o que convenhamos séria um desperdício, ir lá e pegar o muleque para levá-lo ao irmão ?



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