Capítulo 3

115 7 2
                                    

Bem vindas a mais um capítulo de Disfraz. 

Gente, eu comecei a colocar "DESCRIÇÃO DE IMAGEM" na parte gráfica da fic, pois como estou publicando no AO3 também e algumas pessoas de outros países leem ela traduzida, não tem como fazer tradução automática de imagem, e isso prejudica a leitura.

Queria agradecer a todos que estão acompanhando.

Desfrutem  ❤️

___

Raquel subiu as escadas e foi para o quarto da filha. Ela estava sentada no chão, sobre uma almofada rosa, desenhando em uma mesa baixa que havia no centro do quarto. Ela adorava desenhar ali. O quarto de Paula era em tons claros de rosa e azul, uma cama de meio casal ao fundo envolto em uma cortina como nos desenhos da disney que ela tanto gostava. Era um espaço amplo, com um canto para os brinquedos, uma escrivaninha de estudos com um computador, uma prateleira de livros e essa pequena mesa que ficava no centro, envolto em almofadas, e era o lugar preferido dela. Nessa mesa haviam lápis, canetinhas, tintas, e era imersa naquele mundo que Paula passava parte do seu dia.

Ela foi até a filha e sentou-se ao lado, observando o que ela desenhava. Parecia ser sua sala de aula, e a frente havia um homem de óculos, sorrindo, era Salvador Martín. Era o primeiro desenho feliz de Paula em anos, era a primeira vez que um personagem seu sorria.

"O que aquele homem tinha de tão especial?", pensava ela.

Em poucos dias havia feito por sua filha o que vários psicólogos, outros professores, e ela mesma não havia conseguido. Ela observava o desenho deslumbrada.

– Que desenho lindo meu amor. É seu professor?

Ela fez que sim com a cabeça, sem desviar o olhar do papel e sem parar de desenhar.

– Você gosta muito dele, não é? Ele parece ser um homem bom.

Novamente ela afirmou. Mas mantinha o olhar fixo no que fazia.

– Eu realmente amei seu desenho. É muito bonito. – Ela colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha, enquanto pensava em como continuar aquela conversa. – Sabe filha, eu sinto muita saudade de ouvir sua voz e de conversar com você. – Desabafou em um tom suave. – Você se lembra quando a gente conversava, ria e gargalhava? Eu sinto falta de tudo isso. E... – Ela respirou profundamente. – Eu sei que parte disso é culpa minha, ou melhor... É tudo culpa minha. – Ela olhou para o teto tentando não chorar, como se assim as lágrimas não fossem ceder. – E eu disse que não era para você falar, e eu estava errada, eu não devia ter calado você. Eu nunca deveria ter feito isso. E eu sinto muito, de verdade, por isso.

As lágrimas escorreram pelo seu rosto e sentiu-se brava consigo mesma. Por que havia chorado tanto dentro do carro se iria chorar igualmente perto de Paula? Era para ter desabafado sozinha e ser forte, forte para sua filha.

– Sabe... – Ela continuou. – Quando você estiver pronta para falar, eu vou adorar ouvir sua voz. Mas enquanto isso, eu posso desenhar com você?

Paula sorriu. Pegou uma folha A4 e alcançou para sua mãe. Em seguida ela colocou os lápis de cor no centro da mesa, de modo que ficasse mais perto dela, assim como as canetinhas. E naquele momento Raquel notou que nunca havia pensado em desenhar juntamente com sua filha. Estava tão focada em fazê-la melhorar, em fazê-la falar, que nunca havia pensado em se comunicar com ela, da maneira que ela se comunicava com o mundo.

Não sabia exatamente o que desenhar, apenas começou a rabiscar. E percebeu que conforme desenhava, sua filha não olhava apenas o que ela mesma fazia, mas também o que a mãe fazia. Finalmente ela tinha expressão, e era uma expressão feliz.

Disfraz ✖ SerquelOnde histórias criam vida. Descubra agora