Sushi

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— Carter, eu me viro, mesmo — disse impaciente com a rodinha da minha mala enquanto saia da zona de embarque — vai pro seu jogo tranquilo, eu to bem.

Prometi pro papai e a mamãe que ia te ajudar.

— Finge que ajudou e tá tudo certo.

É que… pensei que chegaria só amanhã, me programei para te buscar amanhã.

— Carter — respirei fundo com um sorriso — não tem problema, hoje eu só vou achar meu dormitório e tentar arrumar alguma coisa para amanhã.

Ok, te apresento tudo amanhã sem falta, tudo bem?

— Tudo bem — sorri andando em direção a saída do aeroporto com meu carrinho cheio de malas — prometo que o próximo jogo eu assisto.

Carter riu e eu sorri levemente.

— Acho bom mesmo — ele respirou fundo — toma cuidado hein? Até amanhã, maninha.

— Até, maninho, bom jogo.

Guardei o celular no bolso da blusa entrando no primeiro táxi que vi estacionado na saída do aeroporto. Era estranho fazer essa mudança quase no meio do semestre, assim como era estranho falar inglês novamente sem ser sozinha.

Havia passado meu primeiro ano da faculdade em Amsterdã, e por mais que eles falassem inglês, eu estava lá para me infiltrar na cultura deles, isso incluía gastar meu curso de holandês até não poder mais, ou seja, eu realmente só apelava para o inglês quando não entendia algo, o que com o passar do tempo, parou de acontecer.

Eu e meu irmão Carter sempre fomos extremamente próximos e mesmo antes de voltar para o país, a ideia de estudar na mesma faculdade que ele me agradou bastante, e naquele ano tê-lo visto só duas vezes foi algo que me afetou muito. Então lá estava eu, depois de passar menos de dois dias com meus pais, indo de volta pra faculdade para conviver com aquele humano.

Nos falávamos muito por ligação, então não haveriam muitos choques, mas que foi estranho não acompanhar esse amadurecimento dele de perto, foi. Afinal, quando eu fui ele ainda era uma criança de quase vinte anos iniciando o segundo ano da faculdade, e agora já tinha vinte e um, e eu, vinte.

O moço do táxi me levou para a faculdade enquanto eu avisava meus pais que havia chegado e que Carter havia me buscado, sabe, só pra evitar uma briga com o grandão à toa. Pra minha sorte, meus pais já eram tranquilos em relação a mim então não estenderam muito a conversa, o fato de eu ter chegado e estar bem era o suficiente.

— Prontinho, senhorita — olhei para fora vendo a grande estrutura que era aquela faculdade.

— Muito obrigada — sorri saindo do carro.

Ele me ajudou a tirar minhas malas, e depois de pagá-lo, comecei a andar em direção ao lugar carregando tudo. Eu tinha o número do meu quarto, o nome da menina que eu tinha que falar e minha grade horária, fora isso, eu não fazia ideia do que fazer e de pra onde ir.

Peguei informações com alguns estudantes no meio do caminho e me dirigi para meu dormitório com bastante dificuldade carregando todas minhas malas torcendo para ser o lugar certo. Estava tudo estranhamente vazio por ali, talvez por ser um Domingo, realmente não sei, mas achei estranho. Não dava nem pra seguir o fluxo de meninas para achar o dormitório, então tive que confiar nas informações recebidas.

As portas de vidro do lugar estavam abertas, então simplesmente entrei vendo o saguão de entrada. Tinha uma televisão bem grande com vários puffs espalhados pelo lugar, algumas mesas com cadeiras aparentemente confortáveis e um grande balcão com uma máquina de café e outra de chá gelado.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora