Sushi é nossa comida

210 35 6
                                    

Eu sustentei mirra birra de um jeito que nem eu sabia ser capaz, e hoje, sábado, fazia exatamente uma semana que tínhamos brigado, e cinco dias desde a última vez que falei com ele.

Nos primeiros dias eu ainda estava dominada pela raiva e não liguei muito para sua ausência, mas depois de quinta as mensagens diárias de bom dia e boa noite dele começaram a me fazer sentir meio estranha.

Kate saiu logo de manhã para fazer os trabalhos junto com Nathan e eu me enrolei no quarto até precisar me alimentar. Vesti uma jaqueta e coloquei os tênis antes de sair do quarto meio mole pela manhã fria.

Meu coração deu um pequeno salto quando desci o último lance de escadas e o vi sentado na poltrona olhando para a escada, consequentemente me vendo assim que entrei em seu campo de visão.

Naquele momento tive certeza que eu só aguentei aquilo porque não o vi nenhuma vez naqueles dias.

Charlie se levantou enquanto eu terminava de descer as escadas e eu respirei fundo. A raiva e a saudade se misturando de forma desconexa, mas extremamente forte.

— Oi — suspirei.

Levei um susto quando ele me puxou para um abraço apertado, fechei os olhos sentindo seu cheiro e o abracei também.

— Faz uma semana, Emy — ele sussurrou me apertando ainda mais — eu não aguento mais um dia sem você.

Me afastei o suficiente para olhar seu rosto.

— Eu jamais me cansaria de você — ele sussurrou segurando minha cintura, claramente me prendendo para eu não fugir.

— Não foi o que disse.

Ele fechou os olhos tocando sua testa na minha. Fechei os olhos tentando fazer a raiva não me dominar de volta.

— Estou frustrado em vários aspectos, mas você não é um deles — ele tocou meu rosto — eu fico nervoso com facilidade, tenho dificuldade em me abrir e não sei não descontar isso em todo mundo que estiver perto de mim.

Abri os olhos para observá-lo de volta.

— Me cansa ter que precisar da sua ajuda para aprender a lidar com meus problemas, sinto que estou te importunando, e mais do que isso, sinto que não consigo devolver esse… suporte da mesma forma para você.

— E sua clara demonstração disso é ser bruto comigo?

— Desculpe — ele sussurrou — o ataque é minha defesa natural, e naquele momento, você realmente me irritou por estar tão feliz enquanto eu me sentia péssimo — respirou fundo — mas fiquei ainda mais irritado comigo quando a vi sair. E, se possível, ainda mais irritado quando você sumiu e eu pensei que tinha acontecido algo.

Olhei seus olhos atentamente, ele estava sendo sincero, eu podia ver isso.

— Eu… achava que te entendia, mas não entendo — disse meio confusa.

— Como poderia? Nem eu me entendo.

Respirei fundo, derrotada.

— E o que sugere que eu faça então? — meus olhos marejaram, eu não sabia o que fazer, realmente não sabia.

— Primeiro, que me desculpe — ele deu um sorriso sem graça.

O segurei pela nuca mantendo meus olhos fixos nos seus.

— E depois?

— Eu acho que vai ser melhor pra mim… falar menos.

Ri.

— Menos do que você já fala? Quer se comunicar por sinais ou o que?

Ele sorriu sem graça de volta.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora