Extremamente contraditório

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Todos conhecem aquela vozinha chata que temos na cabeça que nos impede de fazer grande maioria das besteiras que naturalmente somos tentados a fazer. Consciência o nome, e eu recomendo veementemente que a sigam quando ela se der o trabalho de falar com vocês.

No instante em que Charlie se sentou na grama comigo, minha consciência gritou para que eu levantasse e saísse dali, mas eu teimei com ela permanecendo quase imóvel.

— Não vai beber? — sorriu mais apontando o copo direito para mim, eu não aceitava bebidas de estranhos, e mesmo ele não sendo estranho, era homem e a vida me ensinou a não confiar totalmente neles, tirando meu pai e meu irmão, claro.

Às vezes, nem eles.

— Estou tomando cerveja hoje, acho melhor não misturar.

— Tudo bem — deu de ombros tomando um grande gole — mas vou ficar aqui, se não se importar.

— Eu não me importar? — ri — quem está me evitando é você, não o contrário.

Ele continuou sorrindo.

— Totalmente contra minha vontade, mas estou — franzi o cenho ficando quieta para ele continuar a falar — estou olhando pra você a noite toda, sua risada consegue chamar mais atenção que a música.

Abri a boca para falar, mas me assustei quando ele se aproximou bruscamente ficando realmente muito perto de mim.

— Você é linda de uma forma diferente.

Engoli em seco afastando um pouco meu rosto.

— Quanto bebeu? — era a única explicação plausível para aquele tipo de comportamento.

— Muito mais do que deveria — ele riu sozinho — o treinador me mataria se me visse assim.

— Não bebe muito por conta do futebol?

— Também, mas eu não gosto de perder a noção, igual agora — ele riu de volta e eu acabei sorrindo.

Ele estava leve igual o dia que abri a porta do seu quarto sem querer. Seria ótimo se fosse assim sempre.

— Então porque bebeu mais do que deveria? — eu também estava levemente avoada para lembrar da raiva que eu estava sentindo de seu comportamento, e talvez o fato de ele estar aberto à conversa me fez querer extorquir o máximo de palavras que eu conseguisse dele.

— Porque eu quero falar com você há dias e não tinha coragem — inclinou a cabeça para o lado sorrindo mais — eu achei que você me ignorar ia ajudar, mas eu só fiquei pior.

O olhei por alguns segundos esperando que ele explicasse, mas ele não o fez, voltou a beber olhando em volta.

— Eu não entendi o que quis dizer.

Virou o resto do copo garganta abaixo e eu fiz careta, se ele não estava acostumado a beber muito, aquilo faria um grande estrago.

Tossiu algumas vezes rindo depois e eu parei de achar engraçado para começar a ficar meio preocupada. Sim, eu era idiota de me preocupar com quem estava se lixando pra mim, culpe minha mãe e personalidae por isso.

— Puta merda, tá tudo rodando — ele disse deitando na grama.

Peguei seu copo jogando no lixo do lado de fora do dormitório e voltei até ele.

— Não acha melhor ir pra casa? — me abaixei ao seu lado — não parece bem.

— Quero ir não — ele negou rindo de olhos fechados.

— Eu te ajudo — ele abriu os olhos olhando diretamente nos meus.

— Por que é tão legal comigo?

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora