Minha rotina de babá do Charlie no seu período de recuperação me rendeu dois Bs e um C. Vou repetir, prestem atenção: DOIS B- e UM C.
E isso pra mim, era um enorme absurdo, mas não adiantava chorar pelo leite derramado. Eu era acostumada com B+ no mínimo, mas ok, vamos recuperar, vamos sim.
E falando no moço que destruiu meu histórico de notas perfeito, Charlie decidiu me deixar em paz enquanto eu estudava, porque bem, viu o meu desespero ao ver as notas e preferiu não interromper, garoto espero, muito esperto, devo dizer. E bem, Abby se propôs a me fazer companhia e estudar comigo de verdade, o que foi uma ótima coisa já que Kate não estava sendo a melhor das companhias de estudo depois que ela e o ursinho brigaram.
Havia sido um desastre, até aquele momento não entendia direito o que aconteceu, mas Kate parecia muito chateada, e Nathan, apenas sumia sempre que podia. E assistir isso era frustrante e realmente muito desesperador.
E para melhorar tudo de vez, Kate não conversava sobre, nem para botar para fora ou algo assim, então nem ajudar eu podia, e ainda por cima tinha que ficar aguentando aquela menina parecendo uma múmia sem responder nenhuma das minhas perguntas.
A única notícia boa era que Charlie melhorava cada vez mais, e Carter voltava ao normal aos poucos.
Suspirei com força ao ver que não estava conseguindo me concentrar direito na matéria. Minha cabeça já doía, meu corpo estava mole de cansaço e eu só queria dormir.
— Será que o Nick ta ai? — Abby disse simplesmente do nada, até me assustou um pouco.
— Hã… talvez — respondi confusa.
— Soube que ele é o guardião dos chocolates por aqui e eu preciso de um — ela disse e eu acabei sorrindo, havia falado aquilo extremamente séria.
— Não sei se a informação procede, mas conhecendo Nick, é provável que sim — eu disse e Abby deu de ombros subindo as escadas — quer também?
— Não, tô legal, valeu — disse baixo voltando a me focar na minha crise existencial de estudos.
Desliguei minha mente olhando fixamente para o chão até ouvir um grito alto e uma porta fechando com tudo.
— Abby! — disse assustada começando a subir as escadas após um leve delay.
Abby quase trombou comigo tentando descer as escadas enquanto eu terminava de subir.
— Que foi? Por que gritou? — perguntei ofegante.
— Eu vi o Nick e a Sarah se comendo — ela disse começando a dar risada de desespero.
Franzi o cenho começando a rir junto.
Segundos depois, Nick apareceu ofegante usando só uma bermuda.
— Isso foi muito feio! — ele disse olhando para Abby — você não bate na porta não?
— Eu bati na porta antes de entrar, vocês que não ouviram — ela riu ainda mais ficando vermelha pela falta de ar — pode voltar, loirinho — deu dois tapinhas no ombro dele começando a descer as escadas.
Charlie abriu a porta de seu quarto com cara de sono e franziu o cenho.
— O que foi isso? — perguntou coçando a cabeça.
— Abby interrompeu a pegação do casal — eu disse olhando rapidamente para Nick.
— Ela simplesmente abriu a porta! — Nick se defendeu inconformado.
— Não tranca essa merda, por quê? — Charlie disse meio mal humorado, estava com sono e foi interrompido, e definitivamente Charlie não podia ser interrompido nem quando dormia nem quando comia.
Eram as horinhas sagradas dele.
— É uma ótima observação — olhei para Nick.
— Ah, qual é! — ele disse bravo — vocês vivem transando aí e ninguém fala nada — apontou para o quarto de Charlie que permanecia parado na porta.
— Mas a porta sempre está trancada, criatura — ele disse bravo — agora me deixa dormir porque estou dopado e deixa minha mulher estudar em paz — voltou a fechar a porta — se ela tirar outro C vai te decapitar.
“Minha mulher”, ri voltando a olhar para Nick.
— Vai transar, vai — o empurrei — diga pra Sarah que mandei um beijinho e tranquem a porta da próxima vez!
* * *
Fazia uma semana que Kate e Nathan estavam irados um com o outro, e por esse motivo que ele estava indo almoçar comigo e com Charlie, e Nick ia com Nathan.
E era muito estranho vê-los longe um do outro, quer dizer, eram o casal mais adorável que eu já havia visto, parecia antinatural estarem bravos um com o outro.
Charlie não estava tão curioso com o que havia acontecido como eu, na verdade ele parecia tranquilo e sempre me dizia “calma, eles já se acertam”, mas sei lá, eu estava tão bem com ele que queria que todos também ficassem.
— Tenho que falar com um professor antes da aula — Kate disse desanimada se levantando — vejo vocês depois.
Assim que ela saiu, olhei para Charlie que estava distraído tomando seu refrigerante.
— Fica calma — ele revirou os olhos — foi só um surto, vai passar.
— Espero que sim — fiz um beicinho e ele me beijou rapidamente passando o braço pelos meus ombros me puxando mais para ele.
Coloquei a mão delicadamente em cima de suas costelas e beijei seu ombro.
— Não dói mais nada faz uns dias — ele sussurrou — acho que da próxima vez que eu voltar no médico ele vai me liberar completamente.
Sorri o beijando de volta.
— Ai vai poder voltar a fazer academia e treinar.
Seu sorriso murchou um pouquinho e ele acariciou meu cabelo.
— Sobre isso — ele sussurrou — acho que não vou voltar — ele disse erguendo os ombros — sabe, para o futebol.
Franzi o cenho o olhando direto.
— Como assim? Não quer mais jogar? — acariciei seu cabelo — é por causa de Carter?
Ele sorriu e negou com a cabeça.
— Não tem nada a ver com Carter, mas não vou voltar para a próxima temporada — ele disse respirando fundo depois.
— Se não é pelo Carter, então por quê?
— Bem — ele coçou a cabeça — isso doeu sabe, tipo, muito — tocou as costelas — e poderia ter dado mais ruim do que deu, apenas não quero morrer antes de me formar.
Assenti, fazia todo o sentido.
— E já ganhei um campeonato, o que mais poderia querer? — sorriu abertamente.
— Vai ser ótimo me preocupar com moço a menos em campo — sorri dando de ombros e ele sorriu também me beijando rapidamente.
— Eu acho incrível como você é receptiva com tudo que eu falo.
Ergui os ombros.
— Claro — beijei sua bochecha — se acha que é o melhor pra você, quem sou eu para discordar?
— Sem os treinos vou ter mais tempo pra mim, mais tempo pra você e… não sei, não me deu vontade de voltar a jogar.
Assenti contente.
— Vai ser ótimo não ter que ficar te dividindo com os treinos — ele riu assentindo.
— Acho que todo mundo vai entender né? — ele perguntou meio receoso — eu me lesionei, é normal querer não voltar né?
— Normal é uma palavra forte, mas acho perfeitamente plausível — me olhou atento — e se ninguém entender, manda se ferrar, simples — Charlie gargalhou e eu sorri abertamente.
Fiquei deitada em seu ombro enquanto ele comia e beijava minha cabeça hora ou outra. Realmente seria muito mais tranquilo ele não participar do time, ele teria mais tempo
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceGostar do melhor amigo do seu irmão pode ser um problema, mas para Emily, não. Pelo menos, a princípio não parecia nada demais até que para Charlie, se relacionar com a irmã de seu quase irmão se torna um grande problema.