Ação de Graças

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Eu passava muito tempo com Simon, era um bom contraste da convivência com as meninas e meu irmão. Fazíamos algumas aulas juntos e ele se parecia comigo em várias coisas, o que tornava conversar com ele uma grande zona de conforto pra mim, que nesse caso era agradável.

— Davis, você é muito ruim nisso — Simon ergueu as sobrancelhas para mim.

— Olha, não dá pra ser boa em tudo, ok? — disse rindo — a única vez que toquei em um baralho foi para esconder do meu irmão — soltei as cartas na mesa após perder a partida.

— E escondeu do seu irmão, por quê? — ele sorriu comendo sua barrinha de cereal.

— Ele ficava fazendo mágicas, e ele era realmente muito ruim — dei de ombros vendo Simon rir — só evitei ter que fingir que “aquela era minha carta”.

— Maravilha — ele brincou — isso significa que ganhei de você três vezes seguidas e farei questão de lembrá-la disso sempre que possível.

Sorri revirando os olhos tomando um pouco de água.

— Mas vamos falar de coisas importantes — ergui uma sobrancelha para ele — pronto para a prova?

— Eu nunca estou — ele deu de ombros — mas sempre consigo notas suficientemente boas para passar.

Neguei suavemente com a cabeça.

— É meu jeitinho — ergueu os ombros piscando repetidas vezes e eu ri — e a senhorita deve conseguir um A+ no mínimo.

— Deus te ouça — ri — um B já me deixaria satisfeita.

Ele cruzou os braços erguendo as sobrancelhas.

— Ok, não deixaria — admiti e ele riu.

— Não me engana loirinha, não mais — amassou a embalagem da sua barrinha na mão e se levantou me chamando com a cabeça — vamos.

Terminei minha água em um grande gole e me levantei o seguindo.

As provas estavam no fim e eu estava realmente ansiosa para passar um tempo decente com meus pais desde a volta do intercâmbio. Até porque, tudo estava meio corrido nos últimos tempos, sentar em uma grande mesa com meus pais, avós, tios, primos e irmão seria bom depois de tanto tempo.

Entramos na sala vendo o típico pânico pré-prova que comecei a presenciar nos últimos dias. As salas geralmente eram silenciosas, mas naquelas últimas semanas as pessoas falavam mais e mais alto, como se de alguma forma ficar desesperado na véspera das provas aumentasse a nota de alguém.

— Boa prova, garotinho — estendi o punho fechado para Simon.

— Igualmente, garotinha — me cumprimentou indo para o lugar que geralmente sentava, ou seja, outro canto da sala e mais para o fundo do que eu geralmente sentava.

Eu gostava de ficar na frente, perto das janelas, que no caso, era perto da porta, e aparentemente ninguém gostava de ficar perto da porta.

Botei minha garrafinha de água que voltei a encher no caminho para a sala em cima da mesa e tirei uma caneta da bolsa me preparando calmamente para a prova.

* * *

— Vamo Carter! — gritei meio apavorada.

Íamos perder o voo no dia de ação de graças, ou seja, ferrou.

Carter desceu as escadas com sua pequena mala na mão e a mochila nas costas.

— Calma mulher — ele disse tranquilo como se tivéssemos três horas, mas tínhamos menos de uma e nem no caminho para o aeroporto estávamos.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora