Nós Somos Garotas Boas

Capítulo nove: o peso da culpa

A GAROTA DESISTIU DE tentar contatar a mãe de Ash, ela não atendia, as mensagens não chegavam. Seu celular estava possivelmente desligado, o que levou a garota a pensar o pior, ela se lembrou de um detalhe da cena horrível que presenciou mais cedo, haviam duas mãos decepadas e não eram iguais. Talvez ele tivesse matado as duas e não só a Ashley.

Ela chorou. O choro que provavelmente o mundo jamais veria. Lágrimas de culpa, e a sensação de que uma parte dela havia sido roubada para sempre. Sua mente explorava todos os tipos de cenários possíveis, mesmo só tendo a certeza de um, ela não conseguiria viver sem Ashley ao seu lado. No final nunca foi o Nick, muito menos o Justin, ela foi a única e verdadeira amiga que amara Angel de verdade, que conhecia todos os seus lados, e quem ela é de verdade. E esse amor era recíproco.

Só em pensar que agora, quando o seu pai lhe dar um bolo, Ashley não estará ali para abraçá-la e fazer uma maratona de filmes de terror com ela.
A jovem deslizou seu dedo pela tela de seu celular, passando para outra de suas muitas fotos com Ashley. Angel nunca sentira uma dor tão forte assim, ela não era de amar muitas pessoas. A mais bela dos Wintour sabia que o amor era uma fraqueza, podia parecer clichê e entediante, mas era verdade.

O assassino tirou dela a sua alma gêmea, a pessoa que ela amara mais que seu próprio irmão, ele sabia que isso a destruiria.

E ela estava sucumbindo à dor, Angel Wintour seria finalmente vencida.

Entretanto, mal sabia as mentirosas que o jogo só é vencido quando todas elas estiverem mortas.

Lady Wintour saia da mansão com seu Lexus RX, prata, o carro que ela mesma escolhera. Seu sorriso e o balançar de sua cabeça em cumprimento a Ken deixou o rapaz feliz. O cumprimento que Nick nunca receberia. Pobre, sem sobrenome e fortuna. Talvez fosse por Ken ser totalmente ao contrário, os Walsh tinham história em Redwood. Eles permaneceram no cargo de xerife da cidade a gerações. Ricos e renomeados. O garoto loiro adentrou os grandes portões da mansão feliz, imaginando como Nick sonhara em receber a aprovação que só o nome dele lhe dera. Chegando à residência dos Wintour 's, tocou a campainha e foi bem recebido por Judith, uma senhora branca de cabelos castanhos curtos, que durante toda a vida mantivera a expressão carrancuda. Além dos seguranças, patrulhando todo lado de fora da mansão e os três que estavam dentro dela, só estavam Angel e Judith.

Mas só uma delas estava afundada em seu mar de lágrimas. Vendo seu mundo desmoronar e, já conhecendo o drama de Ken e Angel. Judith deixou-o entrar na esperança de que ele fizesse algo para ajudá-la a melhorar. Mais cedo ou mais tarde o FBI iria conseguir o mandato para revistar aquele casarão. Eles chegariam nela, a verdade sempre encontra um jeito de aparecer, Angel iria cair mais honraria a promessa que fez a Marissa, Sam, Evelyn e Bonnie há um ano.

Só havia um jeito de impedir sua queda quase certa, só tinha uma forma de impedir que esse segredo se tornasse uma matança sem fim. Vencendo o jogo de A.R. ela sabia que era a única capaz de fazer isso, subestimar uma Wintour é um erro, todos os que ousaram tentar, pagaram caro por isso. Angel sabia que precisava se recompor e achar uma forma de fazer o que ela pensava ser a única solução, a provável de se ter sucesso. Incriminar A.R. pelo crime que ela e suas amigas cometeram.

Ken entrou na sala de estar bela e arborizada da mansão. Judith o seguia.

- Onde está a Angel, Judith? - perguntou o garoto.

- Por favor, Sr. Walsh, ela não quer comer nada, só fica chorando e eu estou com medo de ela... Deus me livre, guarde - Judith rezou fazendo o "pai nosso" com sua mão direita - se suicidar.

- A Angel é forte Judith, você sabe disso. Aliás, cuidou dela desde pequena, mas fica tranquila quanto a isso de se matar... é da Angel que estamos falando, sabe o que ela pensa sobre suicídio né?