Depois da morte de Alisson Argent, as coisas na escola de Beacon Hills mudaram drasticamente. Scott e seus amigos ainda lidavam com seu estado de luto, mas os problemas nunca ficam longe por muito tempo. Novos alunos, novos desafios... novos lobisom...
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Kaira passou pelo espaço entre Isaac e Liam, seguindo em direção a porta e saindo do necrotério. As batidas do seu coração estavam aceleradas e estava se tornando difícil atrair ar o suficiente para entrar em seus pulmões.
Quando pequena, a descoberta dos Olhos Roxos atraiu atenção de diversas alcateias e seres sobrenaturais. Algumas clamavam pela sua morte antes que ela se tornasse forte o suficiente para acabar com todos eles. Outras, a queriam como aliada, para que se tornassem fortes junto dela. Todos sabiam o verdadeiro destino de um Lobo da Morte e não havia uma única pessoa que não quisesse usar isso ao seu favor ou morresse de medo dele. Antes dos dezesseis, qualquer um que tenha os Olhos Roxos precisa saber lidar com a pressão que é imposta sobre seus poderes.
Saber quem vai morrer não é difícil apenas porquê você não pode salvar todo mundo.
Saber quem vai morrer significa ter poder sobre qualquer um que necessita da vida.
Kaira tinha esse poder.
Felizmente, ela não precisou seguir o mesmo caminho dos outros Lobos da Morte. Ela não precisava fugir enquanto tivesse a Alcateia Dixon ao seu lado. Com pais alfas fortes e uma grande e longa descendência lobo, não precisava ter medo de ninguém que algum dia decidisse atacá-los.
"Um lobo de verdade protege os mais fracos. E os Dixons protegem qualquer um que precise deles."
As últimas palavras do próprio pai não é algo que se pode esquecer. O lema da família Dixon nunca foi deixado de lado, não importava o que acontecesse. Kaira seguia esse lema, mas ela não conseguiu salvá-los quando precisou.
Saber quem vai morrer não salva ninguém se você não souber como salvá-los.
Voltar a receber tanta pressão para proteger pessoas ao seu redor seria para sempre o seu maior pesadelo. E agora, quando todos os seus novos amigos depositavam sua confiança sobre ela e em seus poderes, Kaira voltava a se perguntar se realmente valia a pena retomar o contato com os sobrenaturais que sabiam sobre suas habilidades. Ela não queria decepcionar ninguém de novo.
Correu pela rua para longe do hospital, o mais longe que conseguisse, até que a morte não parecesse tão próxima.
Encostou-se em um muro baixo e cinza, de uma casa provavelmente abandonada, a julgar que a grama não era cortada a algum tempo. Levou as mãos a cabeça, tampando os olhos e tentando retomar a respiração para a normalidade de antes. As lágrimas passaram a escorrer sem aviso, e foi como se cada gota que escorresse trouxesse uma lembrança diferente, das últimas lembranças felizes que tivera com os que um dia jurou proteger.
O boa noite do seu pai sempre terminava com "meus Olhos Roxos preferidos", porquê ele fazia questão de lembrá-la de que era especial. E durante as tardes, quando sua mãe chegava do trabalho, abria a porta com a mesma pergunta de sempre "onde está a Única?". "Kaira" significa única, e sua mãe sempre deixava claro que não existia ninguém como ela, nem mesmo se ela fosse um lobisomem comum.
