VINTE

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A semana que seguiu após a festa da fogueira que deu errado não foi nada produtiva, principalmente para Kaira

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A semana que seguiu após a festa da fogueira que deu errado não foi nada produtiva, principalmente para Kaira. Ela não foi a aula na segunda, na terça, nem nos dois dias seguintes. E, na sexta, quando Derek a acordou dizendo que ela precisava ir pra aula e deixando claro que faltar não era uma opção, uma tempestade se formou do lado de fora do apartamento, lhe dando motivo o suficiente para voltar para cama e fazendo com que Hale desistisse de obriga-la a estudar.

Era como se uma nuvem sombria estivesse perseguindo a garota. A chuva durava as vinte e quatro horas do dia e as gotas imaginárias que tocavam sua pele transmitiam o mais puro desanimo, misturado com uma tristeza incomum. Kaira não se importaria de passar o restante do mês em seu quarto, nem que sua matrícula na escola fosse cancelada por falta de presença.

- Levanta daí, Kaira. - Derek jogou uma almofada em seu rosto.

- Me deixa em paz, Derek.

- O que deu em você? Não pode passar o resto da vida deitada aí. Não está sentindo seu próprio cheiro? Você está um lixo.

- Eu acabei de tomar banho, seu imbecil. O único cheiro de lixo que estou sentido é o seu. Pretende ir fedendo para a rua?

- Cala a boca, pirralha. Estou falando sério, você precisa fazer algo além de ficar deitada. Pode pelo menos me dizer o que aconteceu pra você ficar assim?

- Eu deveria estar morta.

Ele suspirou.

- Eu não faço ideia do que isso significa. E eu odeio adolescentes.

Ele se virou, fechando a porta do quarto e indo embora. Kaira não sabia para onde ele ia, mas assim que Derek saísse do prédio, sabia que ela só o veria de novo à noite ou pela manhã. Ele andava passando muito tempo fora de casa e talvez aquilo chamasse a sua atenção se ela não estivesse naquela péssima semana.

Rolou na cama, escondendo-se de baixo do lençol e fechando os olhos, pronta para dormir de novo com a ajuda da chuva que batia contra a janela. O barulho da porta preencheu o quarto de novo e ela suspirou, ainda de baixo do lençol, reclamou:

- Me deixa em paz, Derek.

- Não é o Derek.

Ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

Abaixou o lençol, os olhos direcionando-se a Isaac, que fechou novamente a porta e se aproximou da sua cama. Ele sentou-se na lateral do colchão, em seus pés, então a olhou e perguntou:

- Soube que está doente. Vim ver como está.

- Só veio por isso?

Ele assentiu, automaticamente causando um sentimento de remorso na garota. Isaac perdeu o tempo dele vindo até seu apartamento para descobrir que ela nunca esteve doente.

- Ah, é. - ela fingiu uma tosse. - Bem doente.

Ele sorriu, um sorriso tímido. Isaac sabia que ela estava mentindo, mas ver o esforço dela para tornar aquilo um pouco mais real era encantador.

- Não precisa fingir, Kai. Sei que não pode ficar doente. É um lobisomem.

- Não tinha pensado nisso. Então você não veio para ver como eu estava? - ele deu de ombros.

- Vim ver você. Fiquei preocupado.

- O Scott está cuidando bem do Liam no meu tempo de folga?

- Está. Mas não vai demorar muito até o Liam vir aqui e obrigar você a voltar a escola. Ele diz que precisa de você para defendê-lo do sarcasmo do Stiles

- Espero que demore mais algumas semanas. - ela murmurou, subindo um pouco mais o lençol e escondendo os ombros embaixo dele.

- O que está acontecendo? Ouvi o que disse para o Derek antes de ele sair.

- O que eu disse? Que ele fede? Às vezes é verdade.

Para Isaac, era notável todas as tentativas de Kai de disfarçar o que estava realmente acontecendo com suas piadas.

- Que deveria estar morta.

- Ah... foi isso.

- O que houve, Kai? Faltou a semana passada toda. E hoje, segunda feira, também.

- Semana ruim, Lahey.

- Lahey? - ele franziu as sobrancelhas. - Você não me chama de Lahey.

- Se têm uma primeira vez pra tudo, não é?

- Não pra isso. Não me chame de Lahey. Você não.

- Tá legal, você quem manda, Isaac.

Ele suspirou, balançando a cabeça.

- Chegue para o lado.

- O que?

- Vá para o lado, Kai.

Ele empurrou o corpo dela sem muita delicadeza, abrindo espaço no colchão. Tirou os sapatos e se deitou, escondendo-se em baixo do lençol como ela. Virou o corpo em direção a garota, os dois dividiam o mesmo travesseiro, mas Isaac precisou abaixar levemente os olhos para encontrar os de Kaira, que era mais baixa e ocupava uma porção menor do colchão.

Seus olhos verdes brilharam e um ligeiro sorriso surgiu no canto da sua boca enquanto ele analisava o rosto da garota, que estava muito próximo do seu. Levou a mão até sua bochecha, a acariciando, então sussurrou:

- Gosto de você, Kai. Gosto tanto que os dias se tornam tediosos quando você não está por perto. Gosto tanto que não me importaria de faltar os próximos dias de aula e ficar aqui, te fazendo companhia até você ficar melhor. Gosto tanto que daria a volta por toda a cidade no meio dessa chuva atrás de um remédio que te fizesse ficar bem, mesmo sabendo que você não está doente. E gosto tanto que vou passar as próximas horas aqui, em silêncio com você, até você dormir ou decidir me contar o que está acontecendo. E não quero que diga que gosta de mim de volta, sendo isso verdade ou não. Eu não quero saber. Só quero ficar aqui, com você, até que se sinta melhor, está bem?

Kaira assentiu, mordendo o interior das bochechas, segurando as lágrimas que estavam prestes a transbordar pelos seus olhos. Aproximou-se mais de Isaac, arrastando-se na cama. Aconchegou-se em seu peito, sentindo os braços do garoto a envolverem e a trazerem para mais perto, ouvindo o coração acelerado do garoto diminuir a frequência conforme os segundos se passaram, como se ele estivesse, aos poucos, se acostumando a sensação de ela estar tão perto, assim como ela estava se acostumando a sensação de estar nos braços dele. Ela escondeu o rosto em seu peito e sentiu algumas lágrimas escorrerem, molhando a camiseta branca de Isaac. As mãos dele que tocavam seu corpo a apertaram, prendendo-a ainda mais contra ele, deixando claro que ele não estava disposto a soltá-la.

- Essa é a semana da morte, Isaac. - ela murmurou contra seu peito. O garoto franziu as sobrancelhas, a expressão confusa tomando conta do seu rosto, por mais que ela não estivesse vendo. - É a semana que os Argents mataram minha família. Faz um ano.

Ele não respondeu. Deu um suspiro triste e passou os dedos pelo cabelo de Kaira, depositando um beijo em sua cabeça. As mãos da garota apertaram-se contra sua blusa e ela fechou os olhos, sentindo-se confortável pela primeira vez durante a semana inteira para pegar no sono.

Quem sabe dessa vez ela não acordasse em meio a um pesadelo.

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Lobo da Morte - Teen WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora