Joong-Gil nunca foi alguém que acreditava em amor. Para ele, era algo trivial e sem importância. Como poderia amar alguém de forma incondicional, como os humanos gostavam de falar? Amar alguém o suficiente para estar disposto a morrer pelo amado?
Era ridículo. Era o que repetia para si todas às vezes que coletava uma vida, sempre que presenciava despedidas extremamente dramáticas e exageradas.
E então veio Si-eun.
Ainda achava estranho quando pensava sobre o amor. Entretanto, não havia como negar que este sentimento era real. E que o que ele sentia por Si-eun era, inegavelmente, amor. Talvez não em sua forma mais pura, perfeita e dócil. Mas ele a amava.
Ele sentia falta dela.
Já fazia seis anos desde que tudo havia acontecido. Seis anos desde que ela voltou para o mundo humano.
Seis anos desde que Si-eun havia esquecido de tudo que aconteceu.
E todo ano, desde sua despedida, ele a visitava uma vez por ano, em seu aniversário.
Apenas porque ele precisava vê-la.
Precisava ouvir sua voz. Saber que estava bem.
E saber que ela existia e não havia sido apenas sua imaginação.
Ele andou pelos corredores da pequena loja de conveniência, pegando o primeiro item que viu em sua frente. À distância, Joong-Gil observou Si-eun terminar de atender o último cliente que havia na loja. E quando só restou ambos no local, ele se aproximou.
Ela o olhou por um instante. Ele ficou imóvel, incapaz de desviar o olhar dela.
Si-eun continuava bela. Mais velha, mas ainda continuava bela. Agora possuía os cabelos curtos, e não usava tanta maquiagem como antes. Mas, deduziu que roxo continuava sendo sua cor favorita, pelas roupas que usava.
Ela estendeu a sacola de plástico com sua compra, o encarando confusa quando ele não reagiu.
Joong-Gil balançou a cabeça, pegando a sacola.
— Desculpa, mas... nós nos conhecemos? Você parece familiar.
Ele a olhou, sentindo um nó se formar em sua garganta, e então negou.
— Não, acredito que não.
— Oh – Ela arregalou os olhos. — Perdão. Tenha uma boa noite, então.
Ela sorriu, e pela milésima vez naquela noite, ele sentiu uma pontada em seu coração.
Ao sair da loja, ele a olhou uma última vez.
— Sinto sua falta. – sussurrou, sabendo que ela não o ouviria.
Quinze anos.
Haviam se passado quinze anos desde que Si-eun voltou para o mundo dos vivos.
E desde então, Joong-Gil tentava se manter ocupado, evitando pensar nela.
Assim, parecia que o tempo passava mais rápido.
Sua relação com Koo Ryeon havia melhorado, e poderia dizer que tinham uma relação amigável. Às vezes, quando se sentia solitário e não queria ficar a sós com seus pensamentos, ele a procurava. E assim eles passavam horas conversando sobre qualquer coisa.
Bo-Yun também o ajudava a se distrair. A garota parecia realmente gostar dele, e ele estaria mentindo se dissesse que não apreciava sua companhia.
Era bom ter alguém com quem falar. Fazia com que ele se sentisse menos desconfortável em estar em seu escritório.

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Fio Invisível
FanfictionDepois de sofrer um acidente ao tentar salvar a vida de um sem-teto, Im Si-eun descobre a existência de ceifadores. Com isso, recebe a oferta de trabalhar em Jumadeung por seis meses. Ao aceitar a oferta, no entanto, mal poderia imaginar que encont...