A noite havia chegado. Nem dormi para não perder a hora. Madrugada, desci de minha cama, peguei o celular que já tinha tirado da mala de véspera e saí andando na ponta dos pés.
Consegui sair sem acordar ninguém. Do lado de fora, caminhei pelas sombras em direção aos fundos do colégio. Fugia dos poucos refletores ligados no horário. Liguei o aparelho e pus em modo avião e no silencioso só por garantia. Não queria em hipótese alguma ser pego, afinal, estava cometendo duas infrações: saindo fora do toque de recolher e portando meu celular.
O toque de recolher era rígido. Apenas os do terceiro ano tinham autorização para circular pelas dependências do colégio após as 22h. Aos demais anos, apenas se acompanhados de um major. Normalmente, para se submeter a trotes. E embora a fiscalização não fosse das mais pesadas, as consequências sim
Cheguei ao local indicado antes do horário que Pinheiro havia me informado. Olhei em volta o melhor lugar para me ocultar. Ao fim, escalei uma árvore e esperei, empoleirado.
Foi quando ele chegou. O portão velho se abriu e um homem novo, talvez tivesse a idade dos alunos, vestia um casaco de marca, boné e jeans. Moreno, parecia magro, não dava para ter certeza devido ao volume do casado. Encostou na parede e esperou, calmamente. Iluminado pela luz do poste da rua.
Chegou o primeiro aluno, era um tal de Mathias. O conhecia pouco do último trote. Foi rápido. Comprou e saiu. Não esperei muito. Depois mais dois. E mais um. E mais. Fiquei impressionado no número de veteranos que usavam aquilo ali. Mas minha presa ainda não havia aparecido, então esperei. Só desejava não ter me arriscado à toa.
Foi quando chegou um garoto. Baixo, cabelo curto. O reconheci. Era Santos. O cara que mijou na minha cara a mando de Siqueira. Ele veio meio encolhido, olhar de quem queria pedir alguma coisa.
- Sequela, aí, foi mal. Mas como sabe, não recebi a mesada esse mês. Você libera mais um fiado?
- Está de sacanagem, né playboy? - O tal Sequela logo desencostou da parede. - Já é a terceira esse mês
- Eu sei. Esse mês meu pai ficou puto e me deixou duro, mas aqui tá uma pilha e é foda ficar careta. Vai lá, libera por favor
Sequela ao fim deu uma risada e falou:
- Fazer o quê? Já sabe o que tem que fazer, né? - e foi botando o pau pra fora.
- Qual é cara. Já te mamei da outra vez
- Por isso mesmo vai ser mais fácil agora. - respondeu com malícia - Anda logo, playboy. Cai de boca - e o pegou pelo ombro e empurrou para o chão. Santos caiu de joelhos e Sequela pegou sua cabeça e puxou de encontro ao seu pau, olhando bem para os lados para não ser pego. Santos não pôde oferecer muita resistência.
- Isso, vai. Mama playboy. Isso. Sem dentes, hein viadinho. Ou te dou um tabefe igual da outra vez. Isso... Isso... Nossa, que boquinha. Devia começar a mamar seus parceiros por grana. Nunca mais ia faltar dinheiro pro teu baseado
Sequela segurou a cabeça de Santos e começou a meter, como se fosse um cuzinho.
- Caralho, delicia - e riu - tu deve é gostar de mamar mesmo, né milico? Já é a terceira vez que tu vem pedir baseado sem dinheiro - ao dizer isso, pareceu refletir a respeito e levou o dedo ao queixo - hum... pensando bem. Tem razão. Já está ficando muito cara de pau. Não vou querer só uma mamada, não. Vamos lá, levanta e vira essa bunda. Vai levar umas pirocadas hoje pra aprender a honrar teus compromissos.
Santos se levantou, mas deu um passo pra trás.
- Qual é cara. Isso não faz parte do acordo.
- Que acordo o quê. Fica achando que sou trouxa de ficar sustentando vicio de playboy. O caralho. Vira logo - e o pegou pelos ombros e foi empurrando em direção a parede.
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Colégio Pracinhas
RomanceEstruturas são como grilhões, que nos moldam e limitam, mas também podem abrir possibilidades para novas experiências quando as condições ideais são aproveitadas. Fabio ingressou no colégio militar Pracinhas e não imaginava o mundo de aventuras e po...