Minha brincadeira no vestiário cobrou seu preço no dia seguinte. Pela primeira vez em minha vida, eu estava ardido. O que podemos dizer ser o mesmo efeito de uma ressaca para alguém que pratica sexo passivo. Não importa o tipo de diversão, a vida cobra seu preço de alguma forma na manhã seguinte.
- Cara, não estou conseguindo nem ir ao banheiro direito - Elias me confessou no café da manhã, na manhã seguinte.
- E eu, sentar está difícil - ri. Mas de fato eu disfarçava sempre que sentava na frente de meus colegas, para não levantar suspeitas.
- O que deu na gente ontem? - ele se questionou
- Sei lá, cara. Mas uma coisa é certa - e usei a célebre frase de todo alcoólatra quando está de ressaca - nunca mais faço essa loucura.
- Nunca mais - Elias concordou, mas então completou - Mas assim... Até que foi legal, né?
- Pra caramba. - concordei de imediato.
E rimos muito. Só paramos quando Albuquerque e Pedro se juntaram a nós.
- O que é tão engraçado, capitão? - Albuquerque quis saber.
- Nada não. Só besteira.
- E você, Pedro. Que carinha radiante é essa? - Elias perguntou. Uma ótima forma de desviar o assunto.
- Falei com o Henrique hoje de manhã.
Nós três fizemos um 'oh' coletivo e Pedro riu sem graça.
- Idiotas - acusou. Rimos mais
Mas naquela manhã, tive uma surpresa semelhante. Na hora do intervalo, o supervisor me chamou, dizendo haver uma ligação pra mim.
Corri para o corredor dos telefones e atendi.
- Oi, mãe - falei animado. Deduzindo quem era.
- Deus te abençoe, meu filho - Além da frase totalmente fora de uso por minha mãe, aquela voz feminina forjada foi logo detectável. Estranhei de imediato.
- Quem está falando?
Só então reconheci a risada ao telefone.
- Gabriel? - ainda tinha dúvidas, pois não esperava aquilo.
- Isso aí, Fábio - e riu mais - ligando pra saber como está esse lugar sem a gente.
Eu sorri involuntariamente ao ouvir sua voz. Ainda estava surpreso, pois não esperava uma atitude daquelas vinda dele.
- Está tudo nos conformes - respondi, ao me recompor da surpresa
- E o pé?
- Ótimo. Melhorou 100%
- Muito bem... E ... - parecia pensar no que iria dizer. - Fiquei preocupado do pessoal do segundo ano querer crescer na nossa ausência.
- Fique tranquilo. Estão sob controle. - e sentei com calma para poder falar melhor. - e como andam os estudos? A prova é amanhã, certo?
- Isso. Sábado de manhã - confirmou - estou como posso estar. Nervoso, ansioso. Essas coisas.
- Fica tranquilo. Não tenho nenhuma dúvida com relação a você. Vai se sair bem.
- Obrigado, Fábio... Eh... Às vezes fico pensando se devo fazer essa prova...
- Para com isso. Claro que tem que fazer. É seu sonho. E você tem potencial. Vai longe.
- Eh... - senti que ele tinha algo pra falar, mas nesse momento o sinal do fim do intervalo tocou e ele ouviu do outro lado. - Está na hora de você voltar, Mendes. Melhor ir pra não atrasar. Semana que vem conversamos. Bom dia
VOCÊ ESTÁ LENDO
Colégio Pracinhas
RomanceEstruturas são como grilhões, que nos moldam e limitam, mas também podem abrir possibilidades para novas experiências quando as condições ideais são aproveitadas. Fabio ingressou no colégio militar Pracinhas e não imaginava o mundo de aventuras e po...