CAPÍTULO 25 - A FARRA DOS CALOUROS

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Minha brincadeira no vestiário cobrou seu preço no dia seguinte. Pela primeira vez em minha vida, eu estava ardido. O que podemos dizer ser o mesmo efeito de uma ressaca para alguém que pratica sexo passivo. Não importa o tipo de diversão, a vida cobra seu preço de alguma forma na manhã seguinte.

- Cara, não estou conseguindo nem ir ao banheiro direito - Elias me confessou no café da manhã, na manhã seguinte.

- E eu, sentar está difícil - ri. Mas de fato eu disfarçava sempre que sentava na frente de meus colegas, para não levantar suspeitas.

- O que deu na gente ontem? - ele se questionou

- Sei lá, cara. Mas uma coisa é certa - e usei a célebre frase de todo alcoólatra quando está de ressaca - nunca mais faço essa loucura.

- Nunca mais - Elias concordou, mas então completou - Mas assim... Até que foi legal, né?

- Pra caramba. - concordei de imediato.

E rimos muito. Só paramos quando Albuquerque e Pedro se juntaram a nós.

- O que é tão engraçado, capitão? - Albuquerque quis saber.

- Nada não. Só besteira.

- E você, Pedro. Que carinha radiante é essa? - Elias perguntou. Uma ótima forma de desviar o assunto.

- Falei com o Henrique hoje de manhã.

Nós três fizemos um 'oh' coletivo e Pedro riu sem graça.

- Idiotas - acusou. Rimos mais

Mas naquela manhã, tive uma surpresa semelhante. Na hora do intervalo, o supervisor me chamou, dizendo haver uma ligação pra mim.

Corri para o corredor dos telefones e atendi.

- Oi, mãe - falei animado. Deduzindo quem era.

- Deus te abençoe, meu filho - Além da frase totalmente fora de uso por minha mãe, aquela voz feminina forjada foi logo detectável. Estranhei de imediato.

- Quem está falando?

Só então reconheci a risada ao telefone.

- Gabriel? - ainda tinha dúvidas, pois não esperava aquilo.

- Isso aí, Fábio - e riu mais - ligando pra saber como está esse lugar sem a gente.

Eu sorri involuntariamente ao ouvir sua voz. Ainda estava surpreso, pois não esperava uma atitude daquelas vinda dele.

- Está tudo nos conformes - respondi, ao me recompor da surpresa

- E o pé?

- Ótimo. Melhorou 100%

- Muito bem... E ... - parecia pensar no que iria dizer. - Fiquei preocupado do pessoal do segundo ano querer crescer na nossa ausência.

- Fique tranquilo. Estão sob controle. - e sentei com calma para poder falar melhor. - e como andam os estudos? A prova é amanhã, certo?

- Isso. Sábado de manhã - confirmou - estou como posso estar. Nervoso, ansioso. Essas coisas.

- Fica tranquilo. Não tenho nenhuma dúvida com relação a você. Vai se sair bem.

- Obrigado, Fábio... Eh... Às vezes fico pensando se devo fazer essa prova...

- Para com isso. Claro que tem que fazer. É seu sonho. E você tem potencial. Vai longe.

- Eh... - senti que ele tinha algo pra falar, mas nesse momento o sinal do fim do intervalo tocou e ele ouviu do outro lado. - Está na hora de você voltar, Mendes. Melhor ir pra não atrasar. Semana que vem conversamos. Bom dia

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