Voltar para o colégio naquela semana foi nostálgico. Nem parecia que eu estava fora apenas um domingo. Pela primeira vez eu chegara ali e sentia poder olhar com clareza o colégio, apreciar cada parte de sua arquitetura, de suas pessoas. Sem a preocupação de entrar em algum conflito, de ter de me defender de algo.
Mas minha alegria durou pouco, pois já entrei também na semana de provas, e como já haviam me avisado, essas são de arrancar o couro. Estudei muito na semana que antecedia, reservando todo meu tempo vago para isso. Não interagi com Siqueira. Só não sabia se isso se devia apenas a semana de provas ou se meu ataque havia surtido efeito sem eu precisar encerrar a guerra de uma vez. Torcia para a segunda opção.
A verdade é que ele me evitava. Nem mesmo olhar pra mim no corredor ele fazia. O que foi bom. Acho que a única vez que o vi por mais tempo naquela semana, foi numa tarde de quarta, quando estávamos eu, Elias e Pedro na biblioteca, estudando. O vimos entrar com Soares e Pinheiro e se sentarem em uma mesa distante. Sequer nos viram ali.
- Engraçado que aqueles três vivem andando juntos - comentei com meus amigos - Parecem nós três. Engraçado serem respectivamente nossos superiores
- Verdade - Elias concordou e depois se virou pra Pedro - Eu só não sei como teu noivo e Pinheiro aguentam esse cara.
Pedro então pareceu se lembrar de algo.
- Agora que lembrei, acho que tenho uma boa notícia pra ti, Fábio. Henrique perguntou nesse fim de semana de você para o Siqueira, e pelo que parece, ele desistiu de ti enfim. Acho que agora vai ficar mais folgado
- Ele disse por que? - Perguntei
- Não. Só que cansou
- Que bom, amigo - Elias me parabenizou. - Enfim está livre
E Pedro emendou.
- Acho, na verdade, que ele deve estar menos rabugento esses dias também. Afinal a mãe dele melhorou. Foi até pra casa
- Como assim? - Eu quis saber.
- A mãe dele estava em tratamento de câncer. Mas enfim a químico deu resultado e ela pôde ir pra casa nesse sábado. Só não estava disposta para vir pro centenário.
Elias então completou
- Bem, seria melhor que o pai dele. Vocês viram o cara? Maior mal encarado. Minha mãe o reconheceu, disse que é o Almirante Ivo. O diabo em pessoa
Pedro riu
- E é incrível como os pais dele são diferentes. O pai é de fato um monstro, mas a mãe é um doce. Gabriel também, é outra pessoa perto da mãe. Nem parece o babaca que lida conosco
- Pera aí, quem é Gabriel? - Elias perguntou
- O Siqueira. - Eu respondi, meio distraído, olhando para a mesa de nossos vizinhos - Gabriel Siqueira
- Ah sim. Esquisito, trato todo mundo, com exceção de vocês dois, pelo sobrenome. As vezes esqueço que as pessoas tem nomes próprios
- Verdade - Pedro emendou - Soares é Henrique, Siqueira é Gabriel e o Pinheiro é Gustavo - enumerou
- Você parece conhecer eles bem - Elias questionou para Pedro.
- Sim, conheço - confirmou - eles são os melhores amigos do meu noivo e já fui apresentado. Estiveram esse domingo na casa com Siqueira. Por isso, sei da mãe dele. É uma mulher encantadora
- Pera ai, você esteve lá também? - Despertei, de repente, com aquela informação.
- Estive.
- E Siqueira e Pinheiro sabem de você e Soares? - Fiquei incrédulo.
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Colégio Pracinhas
RomanceEstruturas são como grilhões, que nos moldam e limitam, mas também podem abrir possibilidades para novas experiências quando as condições ideais são aproveitadas. Fabio ingressou no colégio militar Pracinhas e não imaginava o mundo de aventuras e po...